Ministro de Bolsonaro pede investigação contra institutos de pesquisa
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, enviou hoje à PF (Polícia Federal) um pedido de abertura de inquérito sobre a atuação dos institutos de pesquisas eleitorais. Segundo a pasta, as sondagens subestimaram o apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que, com 43% dos votos no domingo (2), foi para o segundo turno contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Esse pedido atende a representação recebida no Ministério da Justiça, que apontou 'condutas que, em tese, caracterizam a prática de crimes perpetrados' por alguns institutos", afirmou o ministro por meio de suas redes sociais.
A insatisfação de apoiadores do presidente motivou pedidos de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (veja abaixo) e mobilização para que os eleitores parem de responder às pesquisas de segundo turno.
Nas últimas pesquisas presidenciais do Datafolha, do Ipec e da Quaest até o sábado, dia 1º, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha de 49% a 51% das intenções de votos válidos, ou seja, excluindo brancos e nulos. Pela margem de erro, que é de dois pontos percentuais nos três estudos, o petista podia ter de 47% a 53% nas urnas no domingo. Lula obteve 48,43%, portanto dentro da margem de erro.
O desempenho de Bolsonaro, porém, não foi previsto pelas sondagens. Os últimos levantamentos dos três institutos variavam de 36% e 39% das intenções, mas o atual presidente obteve 43,2% dos votos.
As diretoras do Datafolha e do Ipec disseram ontem que os resultados das pesquisas podem ter acelerado um comportamento de segundo turno nos eleitores indecisos, de Ciro Gomes (PDT) e de Simone Tebet (MDB), no qual eles teriam migrado o voto para Bolsonaro. Ambas reforçaram que os levantamentos não preveem o futuro, mas um medidor de um momento específico.
Luciana Chong, diretora de pesquisas do Datafolha, falou hoje ao UOL News que o clima de hostilidade nas eleições pode ter atrapalhado o desempenho das sondagens.
A gente está vendo uma dificuldade de captar a intenção de voto do bolsonarismo. A gente vai controlando a amostra para minimizar isso. A gente pergunta em quem votou em 2018. Mas há dificuldade. No último mês, os ataques em relação às pesquisas, aos institutos, ao Datafolha especialmente, criou um clima de hostilidade e agressividade em relação aos pesquisadores. Em um ambiente normal, com outras condições, a gente teria captado algo mais do Bolsonaro na véspera
Pedidos de CPI
O deputado estadual de São Paulo Gil Diniz (PL-SP) propôs a abertura de uma CPI para investigar divergências entre as pesquisas eleitorais e os resultados do 1º turno das eleições de 2022.
Diniz não é o primeiro bolsonarista a reclamar dos levantamentos eleitorais: o líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), anunciou que apresentará um projeto de lei que criminaliza o erro nas pesquisas.
Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal reeleito e filho do chefe do Executivo, disse que coletaria assinaturas para abrir uma CPI ainda esta semana.
Já o deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) defende limitar a divulgação de pesquisas às vésperas de eleições. Em entrevista ao UOL News ontem ele afirmou que os levantamentos podem influenciar os eleitores.
"Temos uma fatia do eleitorado que chamamos de efeito manada, que gosta de acompanhar a maioria. As pesquisas induzem esse eleitor a votar naquele candidato [que aparece ganhando em intenções de votos]".
Outro a reclamar dos levantamentos, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) enviou um requerimento para abrir uma CPI na Casa contra os métodos de apuração.
Arthur Lira (PP-AL), deputado reeleito e presidente da Câmara, descartou abrir uma CPI. Apesar disso, ele afirmou ser necessário discutir uma "boa legislação" para que os institutos de pesquisa não apresentem tantas disparidades dos resultados finais.
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