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Quem é o suplente de Flávio Bolsonaro que declarou voto em Lula

O empresário Paulo Marinho - Divulgação/Agência Senado
O empresário Paulo Marinho Imagem: Divulgação/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

11/10/2022 12h23Atualizada em 11/10/2022 13h51

O empresário carioca Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), declarou voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao comparecer a um evento de campanha do petista.

No evento, Marinho afirmou que "quem conhece o Bolsonaro, como eu conheço, vota no Lula" e disse estar pagando uma "penitência" por ajudar Bolsonaro a alcançar a Presidência.

O endosso é peculiar pelo histórico de apoios de Marinho: ele foi um dos principais aliados de Jair Bolsonaro (PL) durante a campanha de 2018.

Como Marinho chegou aos Bolsonaro? No passado, o empresário conheceu a família Bolsonaro por intermédio de Gustavo Bebianno, que foi ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência em 2019, antes de rachar com o presidente. Bebianno morreu em março de 2020, vítima de um infarto.

Com bom trânsito na alta sociedade carioca — o empresário passou pelo mercado financeiro e de produção cultural, e foi casado com a atriz Maitê Proença —, Marinho fez de sua mansão no Jardim Botânico o "QG" da campanha de Bolsonaro em 2018.

Em entrevista a jornalista Andreia Sadi, da GloboNews, ele admitiu que a campanha enviou mensagens contendo fake news para grupos de WhatsApp — o que foi posteriormente confirmado ao UOL.

"Nós não estávamos fazendo as fake news. Era uma coisa absolutamente intuitiva, o negócio chegava e a gente mandava para as pessoas", declarou à época.

Caso das rachadinhas. Em maio de 2020, Paulo Marinho afirmou, em reportagem da Folha de S.Paulo, que Flávio revelou a ele ter recebido informações privilegiadas da PF (Polícia Federal) em 2018 sobre Fabrício Queiroz, um dos mais importantes assessores do então deputado estadual no Rio.

Segundo a reportagem, Flávio foi avisado com antecedência de que Queiroz era alvo de uma investigação. Assim que a operação da PF foi realizada, Queiroz passou a ser apontado como operador de um esquema milionário de "rachadinhas", em que parte dos salários de funcionários públicos ligados a Flávio eram desviados para o deputado.

O que causou o rompimento? Marinho disse ter trazido à tona as denúncias contra Flávio após a saída do hoje senador eleito Sergio Moro (União Brasil), ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, do governo federal. Moro disse que Bolsonaro tentou intervir na Polícia Federal, mas a PF concluiu que não houve crime.

"Com a saída do ministro Moro, ficaram só os aloprados", disse à Folha de S.Paulo, citando também bastidores da primeira campanha de Bolsonaro. "Ele brigava com o teleprompter, ele não sabia usar, eu acho que ele estava totalmente despreparado para exercer a função que ele exerce hoje", disse o empresário.

À época das acusações, Flávio acusou Marinho de querer sua vaga no Senado Federal, já que é o seu suplente.

"O desespero de Paulo Marinho causa um pouco de pena. Preferiu virar as costas a quem lhe estendeu a mão. Trocou a família Bolsonaro por Doria e Witzel, parece ter sido tomado pela ambição. É fácil entender esse tipo de ataque ao lembrar que ele, Paulo Marinho, tem interesse em me prejudicar, já que seria meu substituto no Senado", afirmou Flavio, em nota divulgada à imprensa.

Pré-candidato à Prefeitura do Rio e aliança com Doria. O empresário apoiou o nome do ex-governador paulista João Doria (PSDB) à Presidência da República. Doria desistiria de concorrer em maio de 2022.

Antes disso, o próprio Paulo Marinho tentou emplacar o seu nome para a prefeitura do Rio de Janeiro, concorrendo pelo PSDB. No entanto, ele não foi adiante com a candidatura.