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Novo critica Amoêdo por apoio a Lula no 2º turno: 'Incoerente e lamentável'

 João Amoêdo declarou voto em Lula  - Reprodução
João Amoêdo declarou voto em Lula Imagem: Reprodução

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

15/10/2022 14h54Atualizada em 15/10/2022 17h34

O partido Novo criticou hoje o fundador da sigla, João Amoêdo, por declaração de voto no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Jair Bolsonaro (PL) no segundo tuno. "A triste declaração constrange a instituição, que se mantém coerente com seus princípios e valores e reforça que Amoêdo não faz mais parte do corpo diretivo do partido desde março de 2020", afirmou a legenda, comandada atualmente pelo empresário Eduardo Ribeiro.

A manifestação ocorre depois de Amoêdo afirmar que vê a possibilidade de reeleição do atual mandatário, em quem afirma ter votado em 2018, como "um risco substancialmente maior" à democracia que a candidatura de Lula.

"Nem Lula nem Bolsonaro merecem meu voto. Serei oposição a qualquer um dos dois", disse em entrevista à Folha de S.Paulo.

"Porém, e infelizmente, a escolha que agora se apresenta na urna não é sobre os rumos que desejo para o Brasil, mas só a possibilidade de limitar danos adicionais ao direito como cidadão. É isso que espero manter: o direito de ser oposição."

Em resposta, o petista destacou o respeito a divergências ideológicas. "A gente pode ter muitas discordâncias. Mas, acima disso, está o respeito ao direito de discordar", disse Lula.

No início deste mês, a sigla havia liberado os filiados para apoiarem os candidatos de sua preferência no segundo turno. Com 2.679.745 de votos quando concorreu ao Palácio do Planalto em 2018, Amoêdo fez duras críticas à candidatura de Felipe D'Ávila (Novo), que teve neste ano 559.708.

D'Ávila e presidente do Novo contra Amoêdo

Em nota, o presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, e o candidato da sigla à Presidência da República, Felipe D'Ávila, também criticaram o apoio de João Amoêdo a Lula no segundo tuno. "Vergonhosa, constrangedora e incoerente a declaração de voto de João Amoêdo em Lula. O PT e o Lula representam tudo o que o nosso partido sempre combateu. Essa é a prova final de que o Novo nunca mudou, quem mudou foi o João", disse Ribeiro.

"A declaração de voto de Amoêdo a Lula é uma traição aos valores liberais, ao partido Novo e a todas as pessoas que criaram um partido para livrar o Brasil do lulopetismo, que tantos males criou ao Brasil. Amoêdo: pega o boné e vai embora. Você não representa os valores liberais", comentou D'Ávila.

O que diz o Novo sobre Amoêdo e Lula

Questionado pelo UOL sobre as declarações de João Amoêdo e Eduardo Ribeiro sobre Lula, o partido Novo emitiu a seguinte nota:

"É absolutamente incoerente e lamentável a declaração de voto de João Amoêdo em Lula, que sempre apoiou e financiou ditadores e protagonizou os maiores escândalos de corrupção da história. Seu posicionamento não representa o Partido Novo e vai contra tudo o que sempre defendemos.

A triste declaração constrange a instituição, que se mantém coerente com seus princípios e valores e reforça que Amoêdo não faz mais parte do corpo diretivo do partido desde março de 2020.

Apoiar aqueles que aparelharam órgãos de Estado, corromperam nossa democracia e saquearam os cofres públicos é fazer oposição ao povo brasileiro. O Novo sempre foi e sempre será oposição ao lulopetismo e tudo que ele representa."

Amoêdo comparou governo Bolsonaro a Venezuela

Na última semana, Amoêdo havia criticado um projeto desengavetado por bolsonaristas para aumentar o número de ministros no STF (Supremo Tribunal Federal). A medida, que precisaria ser aprovada pelo Congresso Nacional, permitiria ao presidente Bolsonaro ter a maioria de magistrados indicados por ele na Corte.

"A proposta, de aliados do governo, de aumentar o número de ministros do STF é um risco grave para a independência dos Poderes. Bolsonaro, se reeleito, indicaria a maioria da Corte. Este foi um dos passos de Hugo Chávez para transformar a Venezuela em uma autocracia", escreveu Amoêdo em seu perfil no Twitter.

A declaração deu-se depois que congressistas aliados de Bolsonaro resgataram uma PEC que prevê aumentar de 11 para 15 o número de ministros do STF. O texto foi apresentado em 2013 pela deputada federal Luíza Erundina (PSOL-SP). O chefe do Executivo admitiu a possibilidade de discutir o tema se for eleito.

De acordo com o texto, o STF ficaria responsável apenas por julgamentos de causas relativas à aplicação da Constituição Federal. A análise dos demais casos seria repassada para o STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Em 2018, a campanha de Amoêdo já criticava a possibilidade ventilada à época por integrantes do entorno de Bolsonaro.

"Além do aumento do custo para o cidadão, a proposta é inconstitucional e viola a cláusula de separação entre os Três Poderes. Quem adotou medida semelhante foi o ex-ditador Hugo Chávez, da Venezuela. Mas o Brasil, felizmente, não vive uma ditadura", disse à época o Novo.

"Defendemos um STF menor e mais barato, com apenas 9 ministros, com mandato não-vitalício e sabatinas rigorosas, além do corte de privilégios", afirmou a sigla.

O presidente eleito em 30 de outubro terá direito de fazer duas nomeações para o STF no ano que vem. Os ministros Ricardo Lewandowski e Rosa Weber fazem 75 anos em 2023 e precisarão se aposentar compulsoriamente.