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'Fala foi distorcida', diz advogado de Bolsonaro sobre 'pintou clima'

Do UOL, em São Paulo*

16/10/2022 21h36

O advogado Frederick Wassef defendeu o presidente Jair Bolsonaro (PL) pela fala envolvendo adolescentes venezuelanas ao dizer em entrevista a um podcast, na sexta-feira, que "pintou um clima" e ter ido ao local, onde elas estariam "arrumadas para ganhar a vida", insinuando prostituição infantil.

"O presidente Bolsonaro foi mais uma vez vítima de fake news e má-fé. Ele se referia ao clima do que está acontecendo na Venezuela, com milhões atravessando a fronteira com o Brasil para fugir do comunismo. A fala foi distorcida de forma leviana, nefasta e criminosa", disse o advogado bolsonarista.

O posicionamento foi dado quando ele chegou à sede da TV Bandeirantes, em São Paulo, para acompanhar o debate no segundo turno das eleições presidenciais entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em conjunto entre o UOL, a Folha de S. Paulo e a TV Cultura.

Wassef disse ainda que Bolsonaro se posicionou em defesa das meninas durante a entrevista. "O Bolsonaro fez uma defesa das mulheres, das crianças venezuelanas. Várias foram violentadas, muitas de prostituir-se para poder ter o que comer. Isso é fato criminoso", afirmou.

"Mal do comunismo". Um pouco antes, Wassef disse que a declaração se referia ao "mal do comunismo".

"O presidente Bolsonaro está sendo vítima de fake news, distorção da verdade e da realidade. O que o presidente Bolsonaro falou, de forma clara e transparente, é do grande mal que é o comunismo", disse. "A população [da Venezuela], além de ser assassinada pelo ditador comunista, apoiado pelo PT e pelo outro candidato, gerou pobreza, miséria, sofrimento, desgraça."

Hoje, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, acolheu um pedido da defesa do presidente para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se abstenha de explorar durante a propaganda eleitoral gratuita e em suas redes sociais vídeos que associem o candidato à reeleição ao crime de pedofilia.

Enquanto conversava com a reportagem do UOL, Wassef era tietado por bolsonaristas no local.

Lula provoca Bolsonaro. Lula foi ao debate de hoje usando um broche na lapela em homenagem à Campanha Nacional de Mobilização de Combate à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.

O símbolo da campanha é uma flor amarela, a mesma usada por Lula na noite de hoje. O slogan da campanha é "Faça bonito, proteja nossas crianças e adolescentes".

Lula já havia mencionado o caso quando questionado ao chegar ao debate. "Ele agiu com muita má-fé com aquela menina. Ele, no cargo de presidente, deveria respeitar muito", disse. "É a molecagem que é feita sempre que ele pode. Ele é assim, parece que nasceu assim e vai terminar a vida assim, zombando de coisas sérias."

Já Bolsonaro declarou ao chegar que passou por uma "acusação sórdida e infame", apontando que o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), barrou a campanha petista de utilizar a fala em propagandas eleitorais.

"Tentaram me atingir naquilo que é mais sagrado para mim. A defesa da família e das crianças", disse Bolsonaro.

"Quero lembrar que Lula e sua equipe me acusam o tempo todo de genocida, de miliciano, de canibal, e essa última, pedofilia. Eu lamento que não tenha nada de concreto sobre mim e de bom para falar sobre ele."

Quem está na frente das pesquisas?

As últimas pesquisas divulgadas nesta semana pelos institutos especializados apontam o ex-presidente Lula (PT) na liderança. No levantamento da Quaest/Genial, o petista tem 49% das intenções de voto contra 41% de Bolsonaro.

Na sondagem do Paraná Pesquisas, Lula tem 51,9% dos votos válidos e Bolsonaro, 48,1%. As pesquisas do PoderData indicam 52% das intenções de voto para Lula e 48% para Bolsonaro.

A Pesquisa Abrapel/Ipespe aponta Lula com 54% dos votos válidos e Bolsonaro com 46%.

*Participaram desta cobertura: Em São Paulo: Ana Paula Bimbati, Beatriz Gomes, Caê Vasconcelos, Felipe Pereira, Herculano Barreto Filho, Isabela Aleixo, Juliana Arreguy, Letícia Mutchnik, Lucas Borges Teixeira, Stella Borges, Saulo Pereira Guimarães e Wanderley Preite Sobrinho. No Rio de Janeiro: Lola Ferreira. Em Brasília: Camila Turtelli, Leonardo Martins e Paulo Roberto Netto. Colaboração para o UOL: Amanda Araújo e Pedro Villas Boas.