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Após decisão favorável, Bolsonaro critica Moraes: 'Não aceita sugestões'

1º.set.2022 - Bolsonaro cumprimenta o ministro Alexandre de Moraes - Folha de S.Paulo
1º.set.2022 - Bolsonaro cumprimenta o ministro Alexandre de Moraes Imagem: Folha de S.Paulo

Do UOL, em Brasília

17/10/2022 10h18Atualizada em 17/10/2022 10h34

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou hoje a criticar Alexandre de Moraes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Em entrevista à rádio Tupi (RJ), o candidato à reeleição disse que o membro da Corte "não aceita sugestões" —em referência às recomendações feitas pelas Forças Armadas no âmbito da Comissão de Transparência Eleitoral.

As medidas não foram acatadas porque, segundo o TSE, as urnas são comprovadamente seguras. Bolsonaro tem lançado suspeitas infundadas em relação ao processo eleitoral e tenta fazer dos ataques a Moraes e ao Tribunal uma bandeira política.

A declaração ocorre no dia seguinte ao primeiro debate entre presidenciáveis do segundo turno, transmitido pelo UOL, em parceria com Band, Folha de S.Paulo e TV Cultura. Durante o programa, na tentativa de se defender, Bolsonaro usou decisão de Moraes que determina a remoção de vídeos que associam uma fala do atual presidente a suposto ato de pedofilia.

O ministro considerou que o conteúdo, veiculado pelo adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se apoia em "fato inverídico e descontextualizado".

"Não pode ser tolerada pelo TSE, notadamente por se tratar de notícia falsa divulgada no segundo turno da eleição presidencial. A divulgação tem aparente finalidade de vincular a figura de Bolsonaro ao cometimento de crime sexual", observou Moraes na decisão, publicada horas antes do debate.

Menção espontânea. No decorrer do confronto com Lula na TV, ontem, Bolsonaro mencionou o assunto de forma espontânea, sem que o oponente introduzisse o tema de forma a atacá-lo.

"Lula, se você não mentisse, não seria você. Você me chama o tempo todo de genocida, miliciano, canibal... E a última, o seu programa, influenciado por Gleisi Hoffmann [deputada federal e presidente do PT], me acusou de pedofilia, tentando atingir naquilo que tenho mais de sagrado: a defesa da família brasileira, a defesa das crianças.", declarou.

"Ato contínuo o que aconteceu no dia de hoje: o senhor Alexandre de Moraes dá uma sentença contrária a essas mentiras... Aqui, de forma concreta, uma sentença do ministro Alexandre de Moraes. Sem mentir. Você tem que falar do seu passado, que não tem nada que preste no seu passado. Tem que mentir para tentar denegrir a imagem dos outros", completou.

Crítica a Moraes. Já na entrevista à rádio Tupi, hoje, Bolsonaro retomou as críticas que costuma direcionar a Moraes em razão de divergências quanto à condução das eleições.

O presidente tem feito ataques de forma sistemática à lisura do processo eleitoral e tem levantado suspeitas infundadas em relação à confiabilidade da urna eletrônica no país.

"As medidas que o PT entra contra mim [no TSE], quase todas são aceitas. A recíproca não é verdadeira. O que eu critico na postura do Moraes: ele reage e não aceita sugestões. Não feitas por mim, mas pela Comissão de Transparência Eleitoral. Então, esse retardo... A gente fica sempre um pouco preocupado. Mas repito: essa questão está certa, da minha parte, às Forças Armadas, que foram convidadas a participar daquela tal Comissão de Transaparência Eleitoral."

Embora mais contido nas críticas à urna eletrônica, em comparação com declarações dadas nos últimos meses, o presidente e candidato à reeleição voltou a lançar suspeitas sobre a confiabilidade do sistema. Segundo ele, a tecnologia do TSE é "bastante ultrapassada, antiga e geração do final dos anos 90".

A informação não é verdadeira, pois o Tribunal Superior Eleitoral realiza constantes atualizações e testes no sistema de votação. Não foram encontrados até hoje quaisquer indícios de fraudes na urna eletrônica, segundo as autoridades.

"Eu tenho conversado com pessoas que entendem de informática. Ninguém fala: ah, esse sistema aqui nunca será invadido. Você vê: os bancos gastam uma fortuna por ano na defesa dos seus dados. Em um trabalho para evitar que alguém entre na conta dos seus clientes e faça movimentações. Um gasto constante. O TSE está com uma urna bastante ultrapassada, antiga, geração do final dos anos 90. Então, é por aí a nossa crítica."