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Campanha de Lula vê 'enxuga gelo' nas fake news e cobra transporte gratuito

Lula ao lado de Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT - Ricardo Stuckert/Divulgação
Lula ao lado de Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT Imagem: Ricardo Stuckert/Divulgação

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

17/10/2022 20h52Atualizada em 17/10/2022 22h35

A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vê sensação de "enxugar gelo" envolvendo a retirada de conteúdos falsos nas redes sociais e cobrou do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) agilidade na discussão do tema. Em outra frente, lideranças ligadas ao petista pediram ao STF (Supremo Tribunal Federal) que garanta transporte gratuito para eleitores no dia do segundo turno.

Ontem, a coligação que representa a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou ao TSE um pedido de investigação sobre suposto "ecossistema de desinformação" promovido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e apoiadores, inclusive seus três filhos políticos: o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Hoje, na saída do TSE, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que vê o TSE mais célere para julgar representações envolvendo propagandas irregulares, como o abuso de informações falsas e descontextualizadas.

"Viemos trazer uma ação grande e robusta sobre fake news. Nós estamos tendo muita celeridade do tribunal, no julgamento das manifestações que nós fazemos aqui, falando sobre fake news ou retirada de propaganda ilegal. O problema é que a sensação que nós temos é que nós estamos enxugando gelo. Não basta apenas tirar apenas a propaganda. Hoje nós temos um esquema no país de produção, coordenação e operacionalização da fake news", disse Gleisi em entrevista a jornalistas.

Na ação de ontem, os advogados que representam Lula no TSE, apontam o uso indevido dos meios de comunicação e abuso de poder político e econômico com o objetivo de influenciar o processo eleitoral. Na peça, a defesa do presidenciável pede que o presidente e seu candidato a vice, Walter Braga Netto (PL), sejam investigados e que 45 bolsonaristas —entre eles as deputadas Carla Zambelli (PL-SP) e Bia Kicis (PL-DF), o deputado eleito Nikolas Ferreira (PL-MG) e o ex-ministro e deputado eleito Ricardo Salles (PL-SP)— tenham contas bloqueadas em redes sociais.

Entre os alvos de pedidos de quebra de sigilos estão Filipe Schossler Valerim, Henrique Leopoldo Damasceno Viana e Lucas Ferrugem de Souza, donos do Brasil Paralelo; os blogueiros Kim Paim e Gustavo Gayer; Ernani Fernandes Barbosa Neto e Thais Raposo do Amaral Pinto Chaves, donos do canal Folha Política.

O petista solicita também a identificação e responsabilização de outros 34 usuários de redes sociais que também fazem parte da suposta rede de desinformação na internet.

A representação ocorre no mesmo momento em que Bolsonaro e seus aliados montam ofensiva contra adversários que usarem como arma eleitoral em favor do ex-presidente o vídeo em que Bolsonaro aparece usando a expressão "pintou um clima" ao se referir a adolescentes venezuelanas.

Integrantes da equipe jurídica do candidato à reeleição dizem ver margem para conseguir, no TSE, derrubar publicações em redes sociais que o associam ao crime de pedofilia. Em outra frente, congressistas apoiadores do mandatário deverão reforçar a estratégia de resgatar frases controversas do petista sobre aborto e outros temas da chamada pauta de costumes, cara ao eleitorado de Bolsonaro.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que tem "convicção" que essa suposta rede teria atuado no primeiro turno e teria sido responsável pelo "acréscimo de votos" de Bolsonaro na reta final do primeiro turno. O parlamentar, porém, não detalhou como seria essa atuação.

"Temos consciência que essa rede criminosa atuará já a partir do início desta semana, disseminando mentiras para tentar reverter a desvantagem que o atual presidente da República tem e é apontado em todas as pesquisas de opinião", afirmou a jornalistas, ao sair do STF.

Foi montada a maior estrutura de mentira do mundo no Brasil. Todas as eleições, Brexit, o Trump, é fichinha do que está perto disso"
Randolfe Rodrigues, senador

Segundo ele, a medida não resolverá a questão das fake news, mas garantirá uma "paridade de armas" nas eleições.

Transporte público. No Supremo, a campanha de Lula pediu ao ministro Barroso que garanta, em uma ação movida pela Rede Sustentabilidade, o oferecimento de transporte gratuito e obrigatório em todos os municípios do país durante o segundo turno.

Em nota, o STF disse que Barroso se comprometeu a analisar os pedidos "com a brevidade possível".

"Objetivo é que não haja obstáculo econômico ao exercício do direito ao voto. Observamos que houve uma diferença no comparecimento no primeiro turno comparando cidades em que houve transporte gratuito e cidades que não houve", disse o ex-governador do Maranhão e senador eleito Flávio Dino (PSB).

Dino disse que a medida vale "para todos os partidos de todas as correntes de opinião". "Queremos que o direito seja garantido", afirmou.

Assédio eleitoral. Tanto no TSE quanto no Supremo, lideranças da campanha de Lula afirmaram que o grupo tem levado aos tribunais a questão do assédio eleitoral - situação em que o empregador tenta coagir o funcionário a votar ou deixar de votar em determinado candidato.

O tema será discutido pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, com o Ministério Público do Trabalho em reunião agendada para amanhã (18) na sede do tribunal.

Randolfe Rodrigues afirmou a campanha petista também irá à Procuradoria com um "dossiê" de casos compilados nos últimos dias.

"Estamos organizando um dossiê com denúncias que estamos recebendo de assédio por pessoas que detém o poder econômico. Consideramos fundamental uma ação mais eficaz e direta para impedir que esse tipo de crime se reproduza nos próximos dias", disse.