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Paraisópolis tem tradição em receber candidatos, diz líder comunitário

Gilson Rodrigues, líder comunitário em Paraisópolis e presidente do G10 Favelas - Alexandre Battibugli/Divulgação
Gilson Rodrigues, líder comunitário em Paraisópolis e presidente do G10 Favelas Imagem: Alexandre Battibugli/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

17/10/2022 17h49Atualizada em 17/10/2022 18h07

O presidente do G10 Favelas, Gilson Rodrigues, afirmou que a comunidade de Paraisópolis, na zona sul da capital paulista, "tem tradição em receber candidatos" políticos e que o local é pacífico. A declaração do líder comunitário aconteceu horas após um tiroteio, que ocorreu pela manhã na comunidade. Uma agenda de campanha do candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi interrompida.

"Paraisópolis tem uma tradição de receber candidatos, autoridades, artistas e personalidades com sua comunidade pacífica, organizada. Uma população trabalhadora, honesta e que precisa de investimentos para transformar sua vida", disse Rodrigues, em vídeo divulgado nas redes sociais.

Tarcísio não se feriu. Um dos suspeitos foi atingido, chegou a ser encaminhado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Reportagem exclusiva do UOL mostrou que o tiroteio não tinha como alvo premeditado Tarcísio, segundo policiais. A cúpula da PM dá como certo que não houve atentado contra Tarcísio, versão reforçada pela dinâmica da ocorrência.

O MP (Ministério Público) não tem indícios de ameaça de morte do PCC (Primeiro Comanda da Capital) —facção criminosa que domina o local— contra nenhum dos candidatos ao Poder Executivo.

Ficamos sabendo do ocorrido em Paraisópolis e lamentamos tudo o que aconteceu."
Gilson Rodrigues, líder comunitário

Sem conhecimento. Segundo o presidente G10 Favelas, a organização não teve conhecimento de qualquer agenda de candidato em Paraisópolis. O grupo também não fez nenhum convite para os políticos nesse período, porque Rodrigues está em viagem, na Bahia, nesta semana.

Tarcísio chegou à comunidade por volta das 10h30 para participar da inauguração do primeiro polo universitário da comunidade. Ele conversava com integrantes do projeto no terceiro andar do prédio quando os disparos começaram do lado de fora, por volta das 11h20.

A comunidade quer participar da política e fazer com que os representantes do poder público possam ajudar a transformar as vidas de todos os que aqui residem, com respeito às diferentes visões partidárias e estando abertos ao debate nas mais amplas esferas."
Gilson Rodrigues, líder comunitário

"Fomos atacados". As informações iniciais da campanha eram de que criminosos atiraram contra o prédio onde Tarcísio estava. Mais tarde, sem qualquer prova, o candidato disse que foi alvo de "um ato de intimidação" do crime organizado.

"Foi um recado claro do crime organizado, dizendo o seguinte: 'vocês não são bem-vindos aqui'. A gente não quer vocês aqui dentro", afirmou o ex-ministro da gestão Jair Bolsonaro (PL). "Para mim, é uma questão territorial. Não tem nada a ver com uma questão política, não tem nada a ver com uma questão eleitoral", completou.

Em coletiva de imprensa, o secretário estadual da Segurança Pública de São Paulo, general João Camilo Pires de Campos, afirmou que "nenhuma hipótese é afastada".