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Tales: Lula perde chance de citar Moro e apontar cara de pau de Bolsonaro

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/10/2022 10h23

No UOL News de hoje (17) o colunista do UOL Tales Faria analisou a participação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) durante debate promovido pelo UOL, em parceria com Band, Folha de S.Paulo e TV Cultura ontem (16). Para Tales, Lula acabou perdendo uma ótima oportunidade de apontar a incoerência de Bolsonaro ao levar Sergio Moro como parte de sua equipe para o debate, depois de trocas de acusações entre o presidente e seu ex-ministro da Justiça.

"Lula perdeu muitas oportunidades nesse debate e uma das oportunidades era falar da presença do Moro e dizer 'Bolsonaro, você é muito cara de pau. Você e o Sergio Moro que está aí te instruindo no debate. Vocês dois brigaram, Sergio Moro te chamou de corrupto, disse que estava havendo corrupção no governo' e deixava o Bolsonaro meio assim", disse.

Tales também apontou como uma oportunidade perdida pelo petista a questão da pedofilia, da qual Bolsonaro passou a ser acusado depois de dizer que "pintou um clima" com meninas venezuelanas de 14 e 15 anos em um podcast. "Lula deveria ter perguntado depois que o Bolsonaro leu a decisão do ministro Alexandre de Moraes se ele disse ou não disse que pintou um clima com as menininhas de 14 anos a 16 anos. 'Pintou um clima? Você disse isso? Ou é tudo mentira?'", analisou.

Para o colunista do UOL, Lula perdeu grandes oportunidades e atribuiu isso à própria equipe do petista, que não o orientou da maneira correta. "Essas oportunidades o Lula não pode perder e a equipe que está lá com ele não pode deixar passar. A equipe é feita para isso, para avisar nessas horas e faltou isso, mais articulação da equipe dele com ele e saber aproveitar esses momentos com Bolsonaro", finalizou.

Análise: Bolsonaro tem vantagem ao falar de declaração de 'pintou um clima'

"A questão da associação com a pedofilia era um tema delicado justamente pela decisão do Alexandre de Moraes. Aí o Bolsonaro teve uma vantagem porque ele falou antes, então tomou a dianteira disso. Já que poderia ser questionado, já tomou a dianteira disso", afirmou a cientista política Tathiana Chicarino.

Ela também apontou uma mudança na forma de se comunicar que aconteceu nos últimos anos devido a utilização das redes sociais, e afirmou que isso tem impacto, inclusive, em campanhas eleitorais e informações políticas. Dessa forma, Chicarino afirmou que mesmo sem ter abordado a questão da pedofilia no debate, Lula e sua campanha podem explorar o tema de outra forma.

"Embora ele [Lula] não tenha dito exatamente no debate e tenha anunciado algumas coisas e feito uma frase e colocado um broche [contra o abuso infantil], nas redes sociais isso está fervilhando há muito tempo. Nos monitoramentos de rede que a gente tem acompanhado nessa semana, o bolsonarismo teve que responder e ficaram reativos nas discussões da semana da pedofilia. Então tiveram que responder e foram agendados, não agendaram o tema", finalizou.

Polito: Sorriso de Lula era de nervosismo; Bolsonaro usa muleta psicológica

"Os dois estavam muito nervosos. O nervosismo do Lula foi demonstrado pelo fato de esfregar as mãos de uma maneira mais acentuada do que normalmente. O sorriso do Lula, que geralmente é utilizado como ironia ou deboche para desestabilizar o oponente, e normalmente ele consegue isso, dessa vez o sorriso do Lula era um sorriso de nervosismo. Ele realmente não estava à vontade", afirmou o colunista do UOL Reinaldo Polito.

"Durante muito tempo, Bolsonaro ficou com um papel na mão em momentos que não tinha a intenção de ler aquilo que estava no papel. Era só uma muleta psicológica porque ele não sabia onde deixar as mãos", disse sobre o atual presidente.

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