Haddad mira votação de Márcio França em 2018 para colar em Tarcísio
"Começo a ver sinais animadores nessa reta final". O otimismo de Fernando Haddad, candidato do PT ao governo paulista, ocorre em meio a uma bateria de carreatas e atos na Grande São Paulo, área priorizada pela campanha para tentar colar no adversário, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A estratégia para o próximo dia 30 é ampliar votos nas áreas onde Haddad foi melhor no primeiro turno: justamente na capital paulista e em seus arredores. O mapa de votos conquistado na área se assemelha ao de eleitores do ex-governador Márcio França (PSB) no segundo turno de 2018.
Déjà-vu. Há quatro anos, França foi derrotado por João Doria (então no PSDB) por uma diferença de menos de 750 mil votos. A disputa acirrada é a esperança final do PT para tentar reverter a situação após o balde de água fria do primeiro turno —a campanha não esperava que Tarcísio terminasse à frente de Haddad.
Na cidade de São Paulo, o petista apresentou melhor desempenho do que França em 2018 em bairros como Vila Mariana, Butantã, Perdizes e Pinheiros. Tarcísio, por outro lado, se saiu melhor em outras áreas nas quais o ex-governador havia vencido: Tucuruvi, Vila Sabrina e Penha de França.
Dobrar a meta. Há dez dias, a campanha passou a investir em carreatas em bairros nos quais Haddad teve bom desempenho —a única exceção foi Santana, na quinta (20), na qual ele foi duramente hostilizado.
- 12/10 - Grajaú: 60,49% (Haddad) e 22,08% (Tarcísio)
- 15/10 - Heliópolis: 41,71% (Haddad) e 34,24% (Tarcísio)
- 17/10 - São Mateus: 53,32% (Haddad) e 29,02% (Tarcísio)
- 20/10 - Santana: 30,26% (Haddad) e 43,27% (Tarcísio)
- 20/10 - Lauzane Paulista: 39,88% (Haddad) e 36,74% (Tarcísio)
Para este sábado (22), estão previstas carreatas em Brasilândia e Cidade Tiradentes, nas zonas norte e leste de São Paulo. Nelas, Haddad recebeu 50,28% e 59,55%, respectivamente.
Ainda na quinta, a reportagem questionou Haddad se ele pretendia romper o teto de votos nas regiões. "Não estamos fazendo essa conta, porque acho muito difícil fazer essa conta", respondeu ele.
Mina de ouro. Apesar da resposta do petista, a campanha fez sim os seus cálculos e observou que Haddad teve melhor desempenho que o adversário em 26 das 39 cidades da Grande São Paulo. A região, sozinha, corresponde a 47% do eleitorado no estado.
O próprio candidato admitiu estar focado em comparecer a mais eventos na área do que no interior: "[O objetivo] é consolidar a região metropolitana com a nossa presença."
Só na quarta (19), ele anunciou carreatas em quatro cidades da Grande São Paulo: Ferraz de Vasconcelos, Poá, Itaquaquecetuba e Guarulhos. A carreata de Ferraz de Vasconcelos saiu sem ele —ele optou por acompanhar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na leitura da carta aos evangélicos em um hotel em São Paulo.
Fidelidade. Horas depois, Haddad participou de um breve ato em Poá, onde conversou com a imprensa, e na sequência partiu para Itaquaquecetuba e Guarulhos. Na primeira cidade, onde teve 43,74% dos votos (Tarcísio teve 31,21%), circulou na caçamba de um carro de som agradecendo aos eleitores pelo "bom resultado no primeiro turno".
Para a campanha, é importante que o petista invista em fidelizar o eleitor e, consequentemente, atrair os indecisos. A esperança é de que alguns eleitores que ainda não definiram seus votos vejam com bons olhos o retorno de um candidato ao local onde já apresentou bom desempenho.
Diga-me com quem andas. Na carreata de Guarulhos, cidade onde Haddad ficou atrás de Tarcísio, o petista dividiu o caminhão de som com o ex-prefeito Elói Pietá (PT). Os dois circularam pelo bairro de Pimentas, onde o petista apresentou o seu melhor desempenho no município (51,31%).
"Em Pimentas, Haddad e Lula foram eleitos em primeiro turno", brincou Haddad ao microfone enquanto acenava para as pessoas na rua.
À exceção de Lula, com quem divide algumas agendas de campanha, Haddad tem participado de eventos junto de lideranças locais, como vereadores, deputados e ex-prefeitos provenientes de cada região. Em Suzano, no dia 14 de outubro, esteve junto do ex-prefeito Marcelo Cândido (PSOL) —Cândido também participou da carreata em Itaquaquecetuba.
Planos para o interior e o litoral. Fora da Grande São Paulo, Haddad visitou apenas quatro cidades:
- 8/10 - Campinas: 36,7% (Haddad) e 46,1% (Tarcísio)
- 11/10 - Santos: 33,17% (Haddad) e 46,22% (Tarcísio)
- 13/10 - Sorocaba: 31,8% (Haddad) e 51,1% (Tarcísio)
- 18/10 - Presidente Prudente: 23,54% (Haddad) e 59,43% (Tarcísio)
Até a votação, no dia 30, Haddad deve visitar apenas mais uma cidade fora da região metropolitana: Ribeirão Preto, onde participará de um ato junto de Lula.
A campanha entende que será difícil furar o antipetismo no interior paulista. Por isso, a estratégia tem sido a de enviar aliados —entre eles, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice de Lula— e a de repassar mensagens por meio de entrevistas para rádios e televisões locais.
Eu acho que você tem que consolidar onde você tem vantagem e usar o tempo disponível de rádio e TV [para o interior]. Eu dou entrevista todo dia para rádio do interior, né?
Fernando Haddad em 20/10
Desde o fim do primeiro turno, Haddad concedeu entrevistas para rádios e emissoras de televisão em cidades como Aparecida, Presidente Prudente, Mogi das Cruzes, Sorocaba e Santos. Ele também tem apostado em sabatinas para grandes canais, como Globo e SBT, que transmitem o sinal para diversas cidades do estado.
Outro fator no qual ele tem apostado é na menção às raízes interioranas. Em mais de uma entrevista, Haddad disse que visitava de trem alguns tios em Votuporanga e Andradina e disse que parte da sua família materna é da região de Aparecida.
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