'Aqui é 22': em bairro bolsonarista, Haddad é vaiado em carreata na capital
Candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad foi hostilizado na tarde de hoje durante carreata em Santana, na zona norte da capital paulista. "Ladrão", "esconde a carteira" e "aqui é 22" foram algumas dos gritos direcionados a Haddad durante o ato. O número é uma referência ao número de urna do presidente Jair Bolsonaro (PL).
No primeiro turno, o bairro, um polo bolsonarista, deu 30,2% dos votos para Haddad e 43,2% para o adversário do petista, Tarcísio de Freitas (Republicanos). No mesmo local, Bolsonaro recebeu 48,73% dos votos enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve 33,47%.
Ao longo do trajeto, que durou cerca de uma hora, o tom dos gritos para Haddad foi mudando. Enquanto na área mais residencial de Santana Haddad recebeu vaias, xingamentos e panelaços, na área comercial ele foi melhor recebido.
Funcionários de lojas e transeuntes aplaudiram o candidato e fizeram a letra "L" com as mãos —erguendo o indicador e o polegar, símbolo usado por apoiadores de Lula.
A recepção também foi diferente em bairros como Imirim e Lauzane Paulista —neste último, Haddad teve 39,8% e Tarcísio teve 36,7%. O petista se manteve no alto de uma caçamba discursando e acenando durante o ato.
Carreatas. Os últimos compromissos de campanha dele foram carreatas e caminhadas em locais onde o PT se saiu melhor no primeiro turno —à exceção de hoje e da carreata de ontem, em Guarulhos.
- Heliópolis: 41,71% (Haddad) e 34,24% (Tarcísio)
- Suzano: 38,60% (Haddad) e 36,87% (Tarcísio)
- Grajaú: 60,49% (Haddad) e 22,08% (Tarcísio)
- São Mateus: 53,32% (Haddad) e 29,02% (Tarcísio)
- Itaquaquecetuba: 43,74% (Haddad) e 31,21% (Tarcísio)
- Guarulhos: 39,31% (Haddad) e 40,90% (Tarcísio)
Outro clima. Diferentemente desta quinta-feira, Haddad foi muito celebrado nas duas carreatas de ontem (19), em Itaquaquecetuba e Guarulhos. No caso da última cidade, ele circulou pelo bairro de Pimentas, onde teve 51,31% dos votos (Tarcísio teve 32,36% na região).
Na agenda do candidato, também era prevista uma carreata ontem entre Ferraz de Vasconcelos e Poá, também na Grande São Paulo. Mas ele não participou do ato porque acompanhou Lula na leitura da carta aos evangélicos, em um hotel próximo da avenida Paulista, em São Paulo.
Após o evento com o ex-presidente, Haddad foi até Poá, onde concedeu uma entrevista coletiva antes de seguir para a carreata em Itaquaquecetuba.
Pizzada no Bandeirantes. Antes da carreata desta tarde, Haddad criticou a "pizzada" que o governador Rodrigo Garcia (PSDB) fará hoje à noite em homenagem a Bolsonaro no Palácio dos Bandeirantes. O jantar será após um evento de Garcia junto de Bolsonaro, Tarcísio, prefeitos e vereadores, que tem por objetivo reunir apoio para a reeleição do presidente.
"É um uso indevido do Palácio, que não é só a residência oficial do governador, mas é a sede administrativa do governo do estado. Você não usa um equipamento público para isso, entendeu?", afirmou.
O presidente estadual do PT, Luiz Marinho, acionou a Justiça para tentar suspender o ato. Mas a 10ª Vara de Fazenda Pública negou o pedido. O petista criticou a decisão judicial, na qual se justifica que os convidados de Garcia "são agentes públicos no exercício do mandato".
"O Tarcísio não tem mandato, ele é candidato. Então como é que você vai fazer uma reunião política? Não tenho nenhuma finalidade administrativa, não se está assinando nenhum convênio, porque nem pode. Então não tem nenhuma finalidade administrativa, a finalidade é exclusivamente política", declarou Haddad.
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