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Se eleito, Lula diz que não vai 'perder tempo com briga' e 'procurar sarna'

Do UOL, em São Paulo

25/10/2022 08h44Atualizada em 25/10/2022 13h57

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, hoje, em entrevista à rádio NovaBrasil FM, que, caso seja eleito, "não vai voltar para brigar com alguém" ou "procurar sarna para se coçar".

"Não vou perder tempo com quem quer que seja, quero discutir soluções. Seria muito irresponsável de minha parte", afirmou o petista ao ser questionado sobre qual seria seu perfil do governo em um eventual novo mandato e como lidaria com o Ministério Público e o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), eleito senador.

"Não vou fazer política pequena para me livrar de alguém. Não vou voltar para ficar procurando sarna para me coçar. Vou voltar para atender o povo desse país", acrescentou.

Lula está no segundo turno das eleições presidenciais contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e o nome será definido entre os dois no próximo domingo (30), quando os eleitores vão às urnas para escolher quem vai comandar o Palácio do Planalto a partir de janeiro.

Lula evitou condenar ditaduras. Durante a entrevista, o ex-presidente também evitou condenar ditaduras de esquerda e esclareceu que, na relação entre diferentes países, é preciso levar em conta os interesses do Brasil. O apoio a nações como Nicarágua e Venezuela são usadas por Bolsonaro para atacar o petista.

"Nós temos que ter em conta que a relação de Estado com Estado será feita de acordo com os interesses estratégicos do país. O Brasil precisa exportar produto, comprar produto (...) O Brasil respeita a determinação dos povos, não quer que ninguém se meta na nossa política e que a gente não se meta na política de ninguém", afirmou.

O ex-presidente disse ainda que, embora seja possível fazer críticas ao regime de cada país, cada um deve se responsabilizar pela sua própria política.

Teto de gastos. Um dia após se reunir com economistas de viés liberal, como o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, o candidato do PT à Presidência da República voltou a atacar o teto de gastos, o qual definiu como uma "pressão do mercado financeiro".

Apesar das críticas à âncora fiscal, ele reforçou que a responsabilidade fiscal "está dentro da concepção de governo que tenho".

"Eu tenho uma experiência que ela tem que valer para muita coisa nesse País. Eu sou contra o teto de gastos porque quando você faz o teto de gastos você estava pressionado pelo sistema financeiro que queria receber aquilo que o Estado lhe devia."

Diálogo com o Congresso. Se eleito no próximo domingo, Lula disse também que terá que abrir diálogo com o Congresso imediatamente."Se nós ganharmos as eleições neste domingo, nós vamos ter que começar a conversar com o Congresso já. Nós vamos ter que encontrar um meio de discutir com o Congresso já para que a gente possa colocar o dinheiro necessário para cumprir aquilo que está previsto", afirmou.

O ex-presidente afirmou ainda que "vai demorar um tempo para arrumar a casa" e fazer mudanças no Orçamento, mas defendeu iniciar a discussão sobre reforma tributária, que hoje está parada no Legislativo.

"Vai demorar um tempo para a gente ir arrumando a casa, acertar com o Congresso, fazer as mudanças no Orçamento e para que a gente possa, inclusive, começar a discutir uma política tributária que seja mais justa, de quem ganha mais pague mais e quem ganha menos pague menos."

Ipec aponta estabilidade no segundo turno. Segundo pesquisa Ipec divulgada ontem, a corrida presidencial permanece estável a menos de sete dias do segundo turno. O levantamento mostra que Lula tem 54% das intenções de votos válidos, enquanto Bolsonaro tem 46%. Os percentuais são os mesmos da sondagem anterior.

Em votos totais, Lula tem 50% e Bolsonaro, 43%, no cenário estimulado —quando os eleitores recebem uma lista dos candidatos. Na semana passada, o petista também tinha os mesmos 50% e o presidente, 43%.

Na apuração das urnas na primeira rodada eleitoral, Lula terminou com 48,43% (57.259.504) dos votos e Bolsonaro teve 43,20% (51.072.345) dos votos válidos.