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Tiro atinge apartamento com bandeira do MST em Curitiba: 'Parece guerra'

Bandeira do MST estava estendida em janela atingida por tiro no bairro de Ahu, em Curitiba - Reprodução
Bandeira do MST estava estendida em janela atingida por tiro no bairro de Ahu, em Curitiba Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

25/10/2022 14h02Atualizada em 25/10/2022 15h10

Um apartamento com a bandeira do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) foi alvo de um projétil na noite de ontem no bairro Ahú, em Curitiba. Imagens e relatos do episódio de violência foram compartilhados nas redes sociais pela família. O UOL conversou com a bancária e criadora de conteúdo, Bia Frecceiro, irmã do homem que mora no apartamento.

Para a família, a ação partiu de um bolsonarista incomodado com o posicionamento político. No momento do disparo, uma criança de seis anos estava sentada no sofá da sala, ao lado da sacada atingida. O caso foi registrado na Polícia Civil.

O disparo ocorreu por volta das 19h30. "Ele nasceu de novo", diz Bia Frecceiro, tia da criança. "Ele ficou assustado, abalado. Minha cunhada ficou cuidando dele até que ele conseguiu dormir, mas ela e meu irmão ficaram acordados a noite toda".

Segundo ela, o disparo não atingiu a criança por questão de centímetros. "Eu tenho um filho de seis anos. Toda vez que imagino [a cena] é um pesadelo".

"Ontem eu fui dormir e quase tive uma crise de pânico. Minha mão começou a formigar inteira. É de passar mal."

Logo após o disparo, o irmão de Bia decidiu tirar a bandeira da sacada. "Ele tem essa bandeira há anos e, pela primeira vez isso acontece, a poucos dias das eleições".

Parece que a gente tá vivendo em uma guerra civil em que só um lado morre e só um lado mata. A insegurança é total, não tem mais democracia, não pode mais expor posição política.
Bia Frecceiro

Ela diz que no primeiro turno das eleições foi votar com uma blusa vermelha da Mulher-Maravilha e que se sentiu acuada por um homem usando uma camisa verde e amarela que dizia: "Hoje não vai ser de boas".

Bia também diz que tem dois adesivos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no carro, mas que não tem coragem de usá-los. "Estão numa sacola".

A família registrou um boletim de ocorrência na manhã de hoje para tentar identificar o autor do disparo. "A gente tem esperança [de que o caso se resolva], mas a realidade é outra".

O UOL procurou a assessoria de imprensa da Polícia Civil do Paraná e aguarda retorno.

Violência armada nas eleições

Não é o primeiro caso de violência contra eleitores de Lula em 2022. Na última sexta-feira (21), o carro de um vereador do Recife com bandeira e adesivo do petista foi atingido por disparos.

Joselito Ferreira (PSB) não estava no veículo no momento da ação e não ficou ferido.

Em setembro, um caseiro de sítio foi morto em um bar em Cascavel, no Ceará, após dizer que votaria no ex-presidente Lula. Segundo apurou o UOL, o assassino entrou no estabelecimento e questionou "quem é eleitor do Lula" antes de esfaquear Antônio Carlos Silva de Lima.

Antes do primeiro turno das eleições, o bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho invadiu uma festa de aniversário para matar o militante do PT de Foz do Iguaçu Marcelo Arruda. Antes do assassinato, ele ameaçou convidados entre gritos de "Bolsonaro" e "mito".