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Ciro Nogueira: 'Não vou defender Sergio Moro em hipótese nenhuma'

25.jan.2022 - O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, durante evento no Palácio do Planalto - Adriano Machado/Reuters
25.jan.2022 - O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, durante evento no Palácio do Planalto Imagem: Adriano Machado/Reuters

Colaboração para o UOL

27/10/2022 11h28Atualizada em 27/10/2022 11h51

O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, disse, em entrevista ao site Poder360 ontem, que segue com divergências em relação ao senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR), mesmo após a reaproximação do ex-juiz ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Não é porque ele está apoiando o presidente que eu vou defender. [...] Tenho as minhas divergências por conduções que ele teve", disse o ministro de Bolsonaro.

Ao sair do cargo, em 2020, Moro afirmou que Bolsonaro queria interferir na Polícia Federal. "O presidente queria ter alguma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse colher informações", disse na época.

Agora, o ex-juiz declarou apoio à candidatura do atual presidente e chegou a orientar Bolsonaro durante debate no último dia 16. Ciro Nogueira disse que não sabia da presença do senador eleito no confronto.

"Foi um segredo muito bem guardado. Eu não sabia. Só quem sabia era o presidente e o ministro [das Comunicações] Fabio Faria", contou. O ministro da Casa Civil disse também não saber se Moro vai ao debate da Globo amanhã.

Apesar das divergências, Ciro Nogueira minimizou as críticas de Moro a Bolsonaro durante o atrito entre os dois.

"Se você pegar a crítica mais severa [de Moro] sobre o presidente Bolsonaro, ela nem se compara com a crítica mais suave que a Simone Tebet [MDB] ou o Ciro Gomes [PDT] fizeram ao ex-presidente Lula. O Moro nunca chamou o presidente Bolsonaro de ladrão, por exemplo, como Simone e como Ciro fizeram. Não dá para comparar uma coisa com a outra", disse Ciro Nogueira. "Mas eu não vou aqui defender Sergio Moro em hipótese nenhuma."

De ministro a desafeto de Bolsonaro. Com a notoriedade capitalizada pela Operação Lava Jato, o ex-juiz passou a ser cortejado por partidos políticos e, em 2018, antes mesmo da posse de Bolsonaro já havia sido anunciado ministro no novo governo. Em 2019, assumiu o Ministério da Justiça e da Segurança Pública e deixou o cargo em abril de 2020, após acusar Bolsonaro de interferência política na PF (Polícia Federal).

Ao anunciar sua saída, Moro falou sobre a exoneração do então diretor-geral da PF, Maurício Leite Valeixo, dizendo que "houve essa insistência" da parte do presidente para trocar a liderança da instituição.

"Falei que seria uma interferência política e ele disse que seria mesmo. [...] O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações", afirmou.

Lula ficou preso por 580 dias e foi barrado de concorrer às eleições de 2018. Em abril de 2021, a sentença sobre o caso do Triplex e outra condenação — do sítio do Atibaia — foram anuladas pelo STF. Na época, a maioria dos ministros concordou com a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para julgar Lula.

Depois, em junho de 2021, Moro foi considerado um juiz parcial pelo STF na condução do processo do triplex do Guarujá.