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Partido de Bolsonaro orienta filiados a fiscalizarem a votação no 2º turno

Valdemar e Bolsonaro - Valdemar e Bolsonaro
Valdemar e Bolsonaro Imagem: Valdemar e Bolsonaro

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

28/10/2022 20h48

O presidente do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto, orientou eleitores e filiados da sigla do presidente Jair Bolsonaro a permanecerem no local de votação no domingo (30), até fechamento das urnas eletrônicas. O mandatário disputa o segundo turno da eleição para o Palácio do Planalto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lideras as pesquisas de intenção de voto.

"Amigos e amigas, precisamos de vocês. Peço a todos para fiscalizar as eleições em cada colégio eleitoral deste país. É importantíssima a participação de todos. Converse com o presidente municipal e estadual, e organize o processo de fiscalização. Conto com a ajuda de todos", diz o dirigente.

O comunicado, divulgado na noite desta sexta-feira (28), ocorre depois de o mandatário convidar seus apoiadores a ficarem perto das seções eleitorais no dia de votação.

"No próximo dia 30, de verde e amarelo, vamos votar. E, mais do que isso, vamos permanecer na região da seção eleitoral até a apuração do resultado. Tenho certeza que o resultado será aquele que todos nós esperamos, até porque o outro lado não consegue reunir ninguém. Todos nós desconfiamos, como pode aquele cara [Lula] ter tantos votos?", afirmou o presidente.

O dirigente do partido de Bolsonaro virou alvo do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) depois de a sigla pagar ao menos R$ 450 mil ao IVL (Instituto Voto Legal), que produziu relatório em que questiona a segurança do sistema eletrônico de votação.

A empresa aponta que eventuais falhas nas urnas eletrônicas podem abrir brechas para invasão interna ou externa, "com grave impacto nos resultados das eleições" deste ano. O TSE categorizou o documento como "mentiroso".

O pagamento à entidade consta do balanço financeiro do PL enviado à Corte Eleitoral. As informações englobam o período de janeiro a agosto deste ano. A primeira transferência eletrônica ocorreu em 29 de julho; a segunda, em 16 de agosto. Na mesma conta aparecem registros de doações de empresários feitas à legenda.

Valdemar Costa Neto disse ao TSE que não usou recursos do fundo partidário para pagar a produção de um relatório em que a sigla questiona a segurança das urnas eletrônicas e ataca o sistema eleitoral brasileiro. A resposta, em segredo de Justiça, foi enviada ao ministro Benedito Gonçalves.

Em outra frente, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que o partido apresente comprovantes de pagamentos feitos ao IVL.

"Considerando a divulgação de documento intitulado 'Resultados da auditoria de conformidade do PL no TSE', contendo notícias fraudulentas e atentatórias ao Estado Democrático de Direito e ao Poder Judiciário, oficie-se ao presidente do PL para que indique a pessoa jurídica ou natural responsável pela elaboração do documento e, em caso de ter sido elaborado por pessoa jurídica, indicar a pessoa responsável pela sua administração", escreveu Moraes.

O ministro, que também preside a Corte Eleitoral, determinou ainda que o PL envie ao STF o contrato realizado entre a sigla e o responsável pela produção do documento e detalhe os gastos realizados pelo partido para a elaboração do relatório.

Divergências entre Bolsonaro e Valdemar

Pouco antes do primeiro turno, Valdemar fez acenos à Corte Eleitoral ao afirmar que o setor de totalização de votos do TSE não é uma sala secreta, ao contrário do que tem dito diversas vezes o presidente da República. A declaração foi dada após visita de dirigentes e representantes partidários ao prédio do órgão judiciário.

Na ocasião, Moraes reiterou que a sala não é "secreta" nem "escura", repetindo termos usados por Bolsonaro.

"Não há contagem manual de votos. A partir do momento em cada urna eletrônica é finalizada, já sai o boletim de urna com os votos. Isso entra no sistema. Esse sistema faz a totalização a partir do programa que nós mesmos lacramos nas urnas", disse o presidente do TSE.

O mandatário chegou a afirmar que as Forças Armadas pretendem "colocar técnicos" dentro da "sala-cofre" do TSE. "Uma sala que ninguém sabe o que acontece lá dentro", declarou o presidente.

A totalização é feita sem a interferência dos funcionários, por um computador que fica em outro local, no centro de processamento de dados da corte. Esta sala fica restrita a poucos servidores que fazem a manutenção do equipamento. Terminada a votação, são gerados boletins de urna com os resultados de cada seção eleitoral. Cópias desses documentos são coladas nas portas dos locais de votação e entregues para fiscais de partidos e à Justiça Eleitoral.

"A apuração é transparente, a apuração é auditável, e a apuração é fiscalizada por todos aqueles que estão inscritos", afirmou Moraes.