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Paraisópolis: Cinegrafista denuncia assédio de Tarcísio nas redes sociais

Marcos Andrade disse que ele e a esposa se tornaram vítimas de fake news após Tarcísio de Freitas expor sua imagem nas redes - Reprodução
Marcos Andrade disse que ele e a esposa se tornaram vítimas de fake news após Tarcísio de Freitas expor sua imagem nas redes Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL, em Maceió

29/10/2022 16h30

O repórter-cinematográfico Marcos Andrade, que pediu demissão da Jovem Pan após relatar pressão da equipe de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para apagar imagens do tiroteio em Paraisópolis, denunciou assédio do candidato bolsonarista, após o ex-ministro divulgar explicitamente sua imagem em vídeo publicado nas redes sociais.

Em pronunciamento nas redes, Andrade se diz "indignado" pelo fato de Tarcísio "não se preocupar" com sua imagem. Segundo o cinegrafista, devido à exposição, ele e a esposa se tornaram vítimas de fake news.

"Pessoal, bom dia, estou aqui para expressar a minha indignação com o candidato Tarcísio que nas suas redes sociais fez uma declaração justificando o porquê do pedido para apagar as imagens, que seria para cuidar da segurança e proteger as pessoas que trabalham com ele, e infelizmente ele não está se preocupando com a minha imagem. Ele coloca minha imagem no vídeo nas redes sociais dele, que está com milhões de visualizações. Ele está pouco se importando. É o poder a qualquer custo. Outra coisa: está viralizando, correndo nas redes sociais, uma fake news com a minha foto e a foto da minha esposa. Esse pessoal não tem limite", declarou.

Ao UOL, a assessoria do candidato alegou que "o vídeo utilizado nas redes de Tarcísio foi gravado pelo próprio cinegrafista e enviado por ele mesmo à Jovem Pan, que colocou no ar no dia do tiroteio, ocorrido 17 de outubro". "A exposição da imagem de Marcos foi realizada por ele mesmo", afirmou.

Pedido para apagar vídeo. Após a Folha divulgar um áudio em que integrantes da equipe de Tarcísio pedem para Marcos Andrade apagar as imagens feitas por ele do tiroteio ocorrido em Paraisópolis, e de testemunhas terem relatado ao The Intercept Brasil que um segurança do candidato matou um homem desarmado, Felipe Silva de Lima, de 27 anos, o postulante ao governo de São Paulo se justificou nas redes contra aquilo que chamou de "mentiras".

Na gravação, o candidato ao governo nega que tenha classificado como um atentado contra ele o que ocorreu em Paraisópolis, e diz que, após o fim da troca de tiros, ele, em vez de ir embora, "resolveu entender quem ali não ia ter condição de se deslocar", e deu carona para a equipe de jornalistas da Jovem Pan e da Bandeirantes.

Freitas alega que dentro da van o "cinegrafista estava emocionando e bastante tenso" e fez um vídeo de agradecimento "porque achou que era uma atitude importante" dar carona aos profissionais de imprensa que estavam no local. Ao chegar no escritório da campanha, o candidato alega que convidou os jornalistas para dentro para que eles se "acalmassem".

Servidor é amigo de Tarcísio. Sobre o pedido para deletar o vídeo, Tarcísio de Freitas falou que "um membro da equipe, numa atitude de boa-fé, determinou que trechos do vídeo fossem apagados por questão de segurança".

O membro da equipe em questão é Fabrício Cardoso de Paiva, servidor licenciado da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), de quem Tarcísio alega "ser amigo há 30 anos".

No áudio, Paiva questiona o cinegrafista se ele "filmou os policiais atirando", e o profissional responde: "não, trocando tiro efetivamente, não. Tenho tiro da PM pra cima dos caras".

Paiva perguntou se ele filmou as pessoas que estavam no local, e diz: "Você tem que apagar". O cinegrafista desconfiou da ordem e gravou a conversa. "Minha opinião [sobre o motivo da ordem] é que alguém que estava lá que não devia estar. É isso", contou.

O caso foi registrado na 89ª DP (Delegacia de Polícia) do bairro do Campo Limpo e está sob investigação.