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Em provocação a Tarcísio, Haddad pergunta se Zambelli mandará apagar vídeos

27.out.2022 - Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidatos ao governo de São Paulo, participam do debate da TV Globo - Reprodução/TV Globo
27.out.2022 - Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidatos ao governo de São Paulo, participam do debate da TV Globo Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

29/10/2022 20h00Atualizada em 29/10/2022 20h20

O candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, provocou o adversário Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao questionar ironicamente se alguém vai mandar apagar as imagens da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) apontando uma arma para um homem negro no meio de uma rua em São Paulo.

A provocação do petista faz referência ao relato do repórter-cinematográfico Marcos Andrade, que pediu a rescisão do contrato com a Jovem Pan. Andrade afirma que a equipe de Tarcísio pediu a ele que apagasse as imagens do tiroteio em Paraisópolis, que interrompeu um evento da campanha do ex-ministro da Infraestrutura no último dia 17 na comunidade da zona sul de São Paulo. Um homem foi morto no local.

O cinegrafista disse ter sido levado, junto de outros profissionais de imprensa que acompanhavam o candidato, à sede da campanha, onde um dos integrantes da segurança de Tarcísio perguntou o que ele havia gravado — o UOL confirmou que se tratava de Fabrício Cardoso de Paiva, servidor licenciado da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). A equipe de Tarcísio alegou que fez o pedido por segurança e "não expor as pessoas que estavam lá".

"Será que vão mandar apagar as imagens da Zambelli para a segurança das pessoas?", tuitou o petista.

Haddad questiona exclusão. No debate entre Tarcísio e Haddad nesta semana, o ex-ministro e aliado de Bolsonaro acusou o petista de fazer "sensacionalismo" com o episódio em Paraisópolis.

Na noite de quinta-feira (27), o site The Intercept Brasil publicou uma reportagem em que quatro testemunhas afirmam que policiais que atuavam na segurança de Tarcísio foram os responsáveis por matar a tiros o homem desarmado na ocasião do tiroteio.

"Antes de fazer a pergunta, só lamentar o sensacionalismo barato que você está fazendo, Haddad, que papelão. É muito fácil julgar uma pessoa que está lá sob forte emoção, agiu de boa-fé, a gente pegou o cara que estava lá [em Paraisópolis], não tinha como voltar, não saímos de lá enquanto a gente não tivesse colocado todo mundo em segurança, qual a razão de levar a pessoa? Outra coisa, com as câmeras do comércio local, tem a Câmera da PM, outros três ou quatro veículos de comunicação? O que você acha que a gente quer esconder?", questionou o candidato do Republicanos.

O embate começou quando Haddad questionou se Tarcísio é a "favor de uma polícia mais capacitada para preservação da cena do crime" ou se ele acha que "a transparência é uma coisa que prejudica a atividade policial". Tarcísio respondeu que "transparência e treinamento sempre ajudam" e elogiou a polícia militar de São Paulo.

Então, o petista disse que um amigo e segurança de Tarcísio pediu "para um cinegrafista apagar imagens que ele tinha filmado em Paraisópolis, onde aconteceu uma morte". "Não sabemos em que condições, e isso vai ser apurado, vai ser investigado. Você concorda com a atitude dele?"

Na sequência, Haddad disse ter mais uma divergência com o adversário ao criticar o pedido para apagar a imagem registrada pelo repórter-cinematográfico.

"Se você tem uma imagem que você acha que pode colocar em risco a vida de alguém, para quem você leva? Você apaga ou leva para a autoridade policial? E a autoridade policial é que decide manter ou não em sigilo aquela imagem. Esse procedimento que ele acabou de relatar é um absurdo."

O petista continuou: "A partir do momento que você vai catando coisa do chão, vai desligando a câmera, desligando imagens, tirando câmera do uniforme, jogando fora as coisas, você compromete a investigação. Sabe o que isso gera? Suspeição. Hoje a sociedade paulista está se perguntando por que isso aconteceu? Leia a entrevista em que quatro testemunhas dizem que a pessoa foi morta e não estava armada. Tem que apurar. Não estou acusando ninguém porque não é meu papel, é o papel da investigação, mas não se destrói provas, não se destrói evidências, se confia na autoridade policial. Se você não confiar na autoridade policial, nós estamos todos perdidos aqui".

Como o tempo de Tarcísio havia se esgotado, o ex-ministro usou o tempo de outra pergunta para acusar de novo o petista de fazer "sensacionalismo barato".