Moraes manda Flávio, Zambelli e Jordy apagarem fake news sobre Lula
O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mandou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), os deputados federais Carla Zambelli (PL-SP) e Carlos Jordy (PL-RJ), o blogueiro bolsonarista Gustavo Gayer e outros perfis no Twitter apagarem fake news contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele acolheu pedidos da coligação do petista.
Em uma das decisões, Moraes determinou que os alvos apagassem publicações que diziam que o deputado federal André Janones (Avante-MG), que atua informalmente na comunicação da campanha de Lula, estaria tentando coagir imigrantes venezuelanas a criar uma narrativa para prejudicar a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL).
"A postagem realizada pela representada e replicada pelos demais contém mensagens ofensivas que visam vincular apoiador do candidato à Presidência da República a condutas criminosas, amplamente debatidas no curso da campanha eleitoral", afirmou Moraes.
Em uma visita à comunidade Morro da Cruz, em São Sebastião (DF), em 2021, o presidente fez uma transmissão ao vivo com um grupo de venezuelanas e, em uma entrevista a um podcast no dia 14 deste mês, ele voltou a falar sobre o assunto. Ele disse que, enquanto passava de moto pela cidade, parou para falar com essas jovens.
"Tinha umas 15, 20 meninas, [num] sábado de manhã, se arrumando —todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas, 14, 15 anos se arrumando num sábado para quê? Ganhar a vida", afirmou Bolsonaro durante a entrevista, sugerindo prostituição infantil. O vídeo viralizou porque o presidente usou a expressão "pintou um clima" após falar das adolescentes.
Como o UOL mostrou, a garagem da casa onde as venezuelanas estavam havia sido transformada em um salão de beleza como parte de uma ação social quando o presidente chegou.
Em outra decisão, o presidente do TSE também mandou Zambelli apagar publicações que diziam que Lula seria a favor do aborto, que apontavam suposta ligação do ex-presidente ao PCC, que o petista teria defendido, que um carro do TRE-RJ teve adesivos de Lula e ainda que o petista teria manipulado os números de sua entrevista ao podcast Flow.
"É nítida a intenção de vincular o candidato à Presidência a supostos fracassos de outros governos, sem qualquer relação de causa e efeito. Soma-se a isso, a reprodução de mensagens de a) suposto conluio com a Justiça Eleitoral; e b) manipulação de dados. Tratam-se de informações inverídicas e descontextualizadas, que não podem ser tolerada por esta CORTE, durante o 2º turno da eleição presidencial", escreveu Moraes.
Nas duas ações, o ministro determinou que todas as publicações de desinformação a respeito fossem removidas sob pena de multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento. Em caso de reincidência, será aplicada multa de mais R$ 100 mil por reiteração ou manutenção da conduta.
Por meio de nota, a assessoria de Zambelli disse que está sendo "censurada". "Em conduta arbitrária e desproporcional, o ministro determinou a intimação de Zambelli por volta de 1h da manhã, dando prazo até 2h da manhã para excluir várias postagens de redes sociais", disse a equipe da parlamentar.
O UOL tenta contato com os demais alvos das decisões de Moraes.
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