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Operação da PRF foi definida em reunião no Palácio da Alvorada, diz jornal

Do UOL, em São Paulo

30/10/2022 15h04Atualizada em 30/10/2022 18h03

As operações da PRF (Polícia Rodoviária Federal) nos estados, que estariam atrapalhando a viagem dos eleitores aos locais de votação no país neste domingo (30), teriam sido articuladas inicialmente no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente.

Conforme mostrou o colunista de O Globo Lauro Jardim, na noite de 19 de outubro o núcleo duro da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) teria se reunido e traçado as ações fundamentais que deveriam ser tomadas na reta final do segundo turno, incluindo a que está sendo realizada desde a madrugada.

De acordo com informações do jornal, os chefes dos órgãos que auxiliam a Justiça Eleitoral, como as Forças Armadas, PF (Polícia Federal) e PRF deveriam determinar aos seus comandados que ficassem atentos ao transporte irregular de eleitores, principalmente no Nordeste.

A coluna de Lauro Jardim mostrou uma fala de um integrante da campanha de Bolsonaro, que disse: "Nem seria preciso dar uma ordem explícita para nada. Como o efetivo dessas forças policiais é basicamente composto de simpatizantes do presidente, a consequência de uma operação como essa é óbvia."

Na manhã de hoje, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, intimou o diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Silvinei Vasques, a explicar, com urgência, as razões pelas quais estão sendo realizadas operações policiais. Segundo a decisão, os diretores das polícias podem ser responsabilizados criminalmente em caso de descumprimento da medida.

As operações estariam sendo realizadas mesmo após a proibição de qualquer ação que afete o transporte público dos eleitores, determinada por Moraes na noite de ontem. O UOL procurou a PRF e aguarda um posicionamento oficial.

Diretor-geral da PRF determinou "curso natural" de ações "não conflitantes" com a decisão do TSE. Silvinei Vasques disse em ofício circular aos superintendentes da corporação que ações deveriam ocorrer até o dia 1 de novembro .No mesmo documento, o diretor-geral da PF disse que determina o "fiel cumprimento" da decisão do ministro, mas não detalha quais ações "não conflitantes" seriam liberadas.

"Reafirmo o compromisso da PRF com o fortalecimento da segurança Pública Nacional, quer seja na proteção das vidas, na preservação dos patrimônios públicos e privados e na garantia da mobilidade nas rodovias e estradas federais e nas demais áreas de interesse da União, razão pela qual a OPERAÇÃO ELEIÇÕES 2022, nas ações não conflitantes com a decisão proferida pelo TSE [...], deve seguir o seu curso natural até o dia 1º de novembro de 2022, com o Debriefing das ações do 2º turno", escreveu Vasques.

Eleitores reclamam de operações. Pelas redes sociais, eleitores estão compartilhando registros de operações e abordagens da PRF que estariam atrapalhando a viagem aos locais de votação. Um passageiro de uma van que foi parada na BR-101, na cidade de Teotônio Vilela (AL), logo depois da Usina Seresta, conversou com a reportagem do UOL, descreveu a abordagem como "tranquila", mas disse que atrasou a viagem em "cerca de 30 minutos".

Campanha de Lula acionou TSE. A coligação Brasil da Esperança, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enviou uma manifestação ao tribunal afirmando que teve conhecimento de operações conduzidas pela PRF, "principalmente na região Nordeste", para supostamente impedir a circulação de veículos com eleitores do petista. Depois, o grupo pediu ao ministro Alexandre de Moraes a prisão de todos os envolvidos em operações da PRF que estejam afetando o transporte de eleitores.

O pedido de prisão seria a medida a ser adotada caso a PRF não suspendesse as operações. A campanha de Lula também pediu ao TSE que multe o ministro da Justiça, Anderson Torres, e o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, em R$ 500 mil por hora de descumprimento.