Topo

OPINIÃO

Oyama: PT estima que transição de governo vai exigir judicialização

Do UOL, em São Paulo

30/10/2022 20h26

Segundo a apuração da colunista do UOL Thaís Oyama, o PT acredita que precisará entrar na Justiça durante a transição para obter informações do governo liderado por Jair Bolsonaro (PL). Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito hoje presidente da República pela terceira vez.

Segundo Oyama, o PT não tem esperança de que a transição seja feita de forma tão civilizada, como foi com a passagem de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para Lula em 2002, ou de Michel Temer (MDB) para o próprio Bolsonaro em 2018.

"Eles imaginam que terão que judicializar, pois já existe uma lei que determina que o governo que acaba deixe funcionários, informações, aporte e assessores na montagem do novo governo. O PT sabe que conseguirá as informações 'na marra', sem esperar por boa vontade do governo Bolsonaro".

Durante a participação no UOL Eleições 2022, a colunista afirmou que Lula possui uma estratégia para obter sucesso logo no início do mandato: investir em figuras políticas mais experientes.

"Uma fonte bem próxima acredita que o Lula vai colocar para 'rodar', como eles dizem. A ideia é colocar pessoas experientes na transição e nos ministérios. O plano é trabalhar com ex-governadores, entre eles pessoas que podem compor a frente ampla: Renan Filho, Wellington Dias, Geraldo Alckmin, Flávio Dino e outros ex-governadores serão ministeriáveis".

A colunista do UOL reforça que é importante prestar atenção nos "pequenos sinais emitidos" pelo presidente eleito hoje. "O pronunciamento vai ser importante para saber qual é a disposição, como ele pode estender o governo para a frente ampla".

Josias: Para tentar êxito, Lula precisa de governo amplo e mais à direita

Durante o programa, Josias de Souza também opinou sobre a vitória de Lula nas urnas. Para ele, o presidente precisará fazer um governo mais amplo e até mais à direita, apesar de o PT ser um partido de esquerda.

"Ele terá que já de saída fazer uma pregação pela pacificação nacional, pela união do país, e ele terá que demonstrar já na composição do seu ministério essa disposição de fazer um governo mais amplo, um governo que faça um movimento rumo ao centro e até à direita, eu diria."

Advogado: Ação da PRF é abuso de poder e pode levar a cassação de Bolsonaro

Anteriormente, Josias afirmou parecer "frágil e precária" a conclusão do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), de que as operações policiais da PRF (Polícia Rodoviária Federal) nos estados "em nenhum caso impediram a votação" dos eleitores.

Durante coletiva de imprensa realizada na tarde de hoje, o ministro disse também que foi determinado que as polícias interrompessem as ações.

Segundo a TV Globo, a maioria das operações realizadas pela Polícia Rodoviária Federal neste domingo (30) aconteceu no Nordeste, com 272 ações ao todo (49,5%). No Norte, foram 59 (10,7%), 48 no Sudeste (8,74%), e 48 no Sul (8,74%).

"Ele diz que quando o ônibus foi parado pela Polícia Rodoviária Federal foi feita a inspeção, em função de pneu careca ou farol quebrado, mas não houve prejuízo porque o ônibus depois foi liberado e o eleitor chegou ao seu destino, que era a cabine de votação. Será? Como o ministro pode assegurar isso?", disse ele.

Maierovitch: Bolsonaro usa PRF na campanha e faz vale-tudo para ganhar

O jurista e colunista do UOL Wálter Maierovitch afirmou que Jair Bolsonaro (PL) está usando a PRF (Polícia Rodoviária Federal) em sua campanha e que faz uma espécie de "vale-tudo" para ganhar as eleições.

"Bolsonaro instaurou um vale-tudo, um vale-tudo para ganhar, e se não ganhar ter desculpas", disse depois de afirmar que as ações da PRF mostram uma tentativa de quebrar o princípio da igualdade.

Ele também expressou preocupação com os próximos meses do ano, caso Bolsonaro seja derrotado nas urnas, relembrando declarações em tom golpista do atual presidente, por exemplo, no dia 7 de Setembro.

"Hoje é dia 30 de outubro e nós temos novembro e dezembro, porque a posse e início do exercício do presidente eleito começará no dia 1º [de janeiro]. Temos um espaço de tempo muito preocupante para alguém que durante todo o seu mandato trabalhou para conseguir a reeleição, para buscar a autocracia e terminar com a democracia".

Assista à íntegra do programa especial do UOL nas eleições: