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Jorginho Mello critica ação de caminhoneiros em SC: 'Não constrói nada'

Senador Jorginho Mello (PL-SC) - Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Senador Jorginho Mello (PL-SC) Imagem: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

31/10/2022 13h29Atualizada em 31/10/2022 13h29

O governador eleito de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), criticou hoje o bloqueio feito por caminhoneiros bolsonaristas em rodovias do estado. Eles fecharam trechos de rodovias em ao menos 11 estados e no Distrito Federal para contestar o resultado das eleições.

Em entrevista ao blog de Karina Manarin, do jornal ND Mais, Jorginho pediu aos caminhoneiros que deixem "a economia funcionar". Aliado do presidente, o senador diz que ainda não conseguiu falar com Bolsonaro, mas que ele deve falar em breve sobre a ação dos caminhoneiros.

Esses bloqueios não constroem nada. Vamos ver a manifestação dele [Bolsonaro]. Ele deve fazer uma manifestação. Ele é um brasileiro, que honra o Brasil, enfim. É a ressaca, e o primeiro dia. Vamos deixar a economia funcionar, as estradas funcionarem. Isso não constrói nada.
Governador eleito Jorginho Mello em entrevista ao blog de Karina Manarin, do ND Mais

Os protestos de caminhoneiros começaram horas após o anúncio da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL). Jorginho acrescentou que a palavra do presidente é "muito forte" e que tem certeza de que Bolsonaro vai se manifestar.

Rodovias bloqueadas em Santa Catarina. Apoiadores de Bolsonaro bloquearam a BR-101 na altura de Palhoça (25 km de Florianópolis), em frente a uma loja da Havan, do empresário Luciano Hang, notório apoiador de Bolsonaro.

São 18 pontos de interdição no momento. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) diz que negocia a liberação da rodovia "de forma pacífica".

  • BR 101, km 06, (Garuva): Sentido Sul interditado
  • BR 101, km 25, (Joinville): Ambos os sentidos
  • BR 101, km 116, (Itajaí): Sentido Sul
  • BR 101, km 215, (Palhoça): Ambos sentidos
  • BR 101, km 282, (Imbituba): Ambos sentidos
  • BR 101, km 340, (Tubarão) Ambos sentidos
  • BR 101, km 379, (Içara - acesso Içara/Rincão) Ambos sentidos
  • BR 101, km 401, (Maracajá) ambos sentido
  • BR 101, km 445, (Santa Rosa do sul) Ambos sentidos
  • BR 116, km 7, (Mafra) Ambos sentidos
  • BR 153 km 97, (Trevo Irani) Parcial, ambos sentidos
  • BR-280 km 55, (Guaramirim) ambos os sentidos
  • BR 280 km 120, (Rio Negrinho)
  • BR 280 km 231, (Trevo Canoinhas) Ambos sentidos
  • BR 282 km trevo Joaçaba/Capinzal, (Joaçaba)
  • BR 470, km 139 (Rio do Sul) Ambos sentidos
  • BR 470, km 57, (Pomerode) Ambos sentidos
  • BR 470, km 67, (Indaial) Ambos sentidos

A concessionária da estrada, Arteris Litoral Sul, informou ontem à noite que há uma fila de dois quilômetros no sentido de Porto Alegre, e que não há previsão de liberação da pista.

Imagens publicadas nas redes sociais mostram uma van atravessada na estrada e manifestantes agitando bandeiras do Brasil. "Não vamos aceitar [o resultado]", diz um manifestante em uma das gravações.

Quem é Jorginho Mello. Foi deputado estadual por quatro vezes seguidas, entre 1995 a 2011 —no primeiro mandato se elegeu pelo PL, enquanto no segundo foi pelo PSDB. Em 2010, foi eleito deputado federal, sendo novamente escolhido quatro anos depois pelo PR (Partido da República).

Como deputado federal votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT) e da PEC do Teto de Gastos, Proposta de Emenda à Constituição que limitou por 20 anos os gastos públicos. Também foi a favor da reforma trabalhista e da abertura de investigação contra o ex-presidente Michel Temer (MDB).

Em 2018, foi eleito senador pelo PR, sendo vice-líder do governo Bolsonaro. Em 2019, se filiou ao PL.

Mesmo em minoria, a tropa de choque de Bolsonaro no Senado teve uma atuação bastante barulhenta.

cpi - LEOPOLDO SILVA/AGÊNCIA SENADO - LEOPOLDO SILVA/AGÊNCIA SENADO
Jorginho Mello foi um dos senadores governistas na CPI da Covid
Imagem: LEOPOLDO SILVA/AGÊNCIA SENADO

Defensor do presidente, Jorginho chegou a bater boca com o colega Renan Calheiros (MDB-AL) durante a CPI da Covid, em setembro de 2021.

Ainda como senador, foi autor do projeto de lei que permite o enquadramento de caminhoneiros autônomos como MEI (Microempreendedores individuais), que foi sancionado em dezembro de 2021.

O texto autoriza a ampliação do teto de faturamento dos caminhoneiros para que seja possível o enquadramento da categoria como microempreendedores individuais.

Deputado que representa a categoria reconhece vitória de Lula. Em nota, o deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, informou que não existe qualquer manifestação organizada.

"A categoria reconhece o resultado das eleições realizada no dia de hoje que é fruto da democracia que inclusive essas categoria defendeu em 7 de setembro de 2021 quando as instituições e o estado de direito foram severamente atacadas."

O líder dos caminhoneiros Wallace Landim, conhecido como Chorão, também divulgou hoje um vídeo dizendo reconhecer a vitória nas urnas de Lula no segundo turno das eleições presidenciais e pedindo pelo fim da paralisação nas rodovias do país. Ele ganhou visibilidade em 2018 durante a greve da categoria.

Pessoal, não é o momento de parar esse país (...). Vamos ter responsabilidade e lutar sempre. Mas pelo nosso segmento, pelo nosso país. Então, vamos aceitar. Isso é a democracia.
Chorão em vídeo para caminhoneiros

No vídeo, Chorão parabenizou Lula pela vitória nas urnas e fala em prejuízos para a economia em decorrência da paralisação. "A gente precisa, referente à categoria, ter um alinhamento com o próximo governo (...). Para o país vai prejudicar muito a economia desse país. Precisamos ter reconhecimento da democracia, da vitória do presidente."

Pedido de golpe

Em uma das gravações à qual o UOL teve acesso, um dos supostos líderes da manifestação diz, em tom de ameaça, que todos os caminhoneiros só sairão das ruas quando o Exército tomar o poder.

Eu estou com lideranças do Brasil inteiro. São 256 pessoas. Travou o Brasil. Travou. Não podemos liberar. [São] 72 horas para o Exército tomar conta. Se nós precisar (sic) ficar além das 72 horas... travou, não libera nada. Joinviille, Criciúma, São Paulo, Rio de Janeiro...geral. Deu, acabou. Não tem político nenhum que vai chegar perto de nós e dizer: 'vocês não podem pedir intervenção militar ou qualquer coisa'. Nós só saímos das ruas na hora em que o Exército tomar o país
Manifestante, em vídeo

"Nós não vamos aceitar essa roubalheira, não", disse outro manifestante, em uma gravação nas redes sociais.