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Marina Silva: 'Ato de caminhoneiros é versão do Capitólio à la Bolsonaro'

Colaboração para o UOL, em Brasília

31/10/2022 10h52

A deputada federal eleita Marina Silva (REDE) disse hoje, em entrevista ao UOL News, que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deverá enfrentar grandes desafios em seu retorno ao Palácio do Planalto após 10 anos sem um cargo político.

Segundo ela, ainda que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não atente diretamente contra o resultado das urnas, ele conta com agentes que podem fazer essa provocação de ofício.

Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), há pontos de aglomeração e bloqueio de caminhoneiros em ao menos 11 estados brasileiros e no Distrito Federal: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo, Distrito Federal, Minas Gerais e Pará. "No caso dos caminhoneiros, eu entendo isso como uma espécie da Capitólio à lá Bolsonaro. Ele está manipulando pessoas e seguimentos estratégicos", disse Marina.

A referência é ao ato realizado, em 6 de janeiro de 2021, em que apoiadores do então presidente Donald Trump entraram no prédio do Congresso Nacional norte-americano, alegando fraude nas eleições presidenciais de 2020. Investigações sobre o caso apontam a atuação de grupos de extrema-direita e, inclusive, de Trump.

Ex-ministra em governos petistas, ela não descartou aceitar novos cargos voltados ao meio ambiente e afirmou acreditar que a composição ministerial de Lula será diversificada.

"O governo precisa ter uma relação em termos de diálogo com o Congresso Nacional, que é o porta-voz dos diferentes segmentos da sociedade", disse.

"O coração está aliviado. A vitória da democracia foi o recado que o povo brasileiro deu para todos nós. Esse aprendizado tem que ser mais bem metabolizado pelo Brasil. E, daqui para frente, temos que construir novos caminhos", afirmou.

Marina: Silêncio de Bolsonaro preocupa, mas não ameaça vitória de Lula

A ex-ministra em governos petistas disse se sentir preocupada com o fato de o presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda não ter se manifestado sobre a vitória do petista no segundo turno.

"Isso não faz parte do mundo civilizado. Não vamos nos esquecer que Bolsonaro, quando o presidente Joe Biden ganhou nos EUA, foi um dos últimos a cumprimentá-lo. Internamente, Bolsonaro fez um trabalho de deslegitimar a vontade soberana do povo, começando pelas urnas eletrônicas até a criação de fatos horríveis que levaram sua campanha a acenar para a possibilidade de querer adiar as eleições. Tudo isso faz parte de um repertório que não condiz com a democracia", afirmou.

Na avaliação de Marina, Bolsonaro está isolado diplomaticamente. "Ele tem uma atitude de ser imprevisível. Isso não ameaça o processo posto pela sociedade brasileira. O mundo inteiro reconhece a vitória de Lula, inclusive aliados de Bolsonaro em outros países. Ele fica totalmente isolado. Mas é uma pessoa que tem uma incompostura política, social e cultural", disse.

Esposa de Lula, Janja é capaz de contribuir efetivamente para reencontro do Brasil, diz Marina Silva

Segundo Marina, a futura primeira-dama, Rosângela Silva, terá a própria competência para contribuir com o governo Lula, e citou a importância das ex-primeiras damas Ruth Cardoso e Marisa Letícia, e da atual Michelle Bolsonaro.

"Nessa campanha, a Janja teve um papel muito grande de, na firmeza, mostrar a leveza do encontro que o Brasil precisava fazer consigo mesmo, no sentido de defesa da nossa criatividade, guardar esse espaço de imprevisibilidade", disse.

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