Datena nega traição a Tabata, poupa Boulos e ataca Nunes: 'Pior prefeito'
O apresentador José Luiz Datena (PSDB) negou ter traído a deputada Tabata Amaral (PSB) ao decidir ter candidatura própria para a Prefeitura de São Paulo. Em sabatina do UOL e do jornal Folha de S.Paulo, nessa terça-feira (16), Datena evitou criticar o também pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL) e afirmou que Ricardo Nunes (MDB) é "o pior prefeito que São Paulo já teve".
A sabatina
Datena adiantado, descontraído e comunicador. O apresentador chegou ao estúdio do UOL com a equipe do PSDB, incluindo o presidente do partido em São Paulo, José Anibal, quase uma hora antes do horário marcado para sabatina.
O apresentador afirma que tem a "intenção de ir até o fim" com a candidatura se não for "sacaneado". O apresentador afirmou que já recuou da candidatura em outras quatro ocasiões porque "políticos me sacanearam e eu larguei esses caras no meio do caminho".
Datena disse que sua "desconfiança com a política é total". Ele afirma que vai "continuar na expectativa de ser ou não ser" candidato à prefeitura, porque não vai se submeter a conchavos e ao toma lá dá cá. "Eu não admito e não vou fazer a velha política", afirmou.
A população confia na minha palavra. A questão política é outra coisa. Eu que não confio em político, eu não confio na palavra de político. E quando o político me sacaneia, como me sacanearam em todas as outras oportunidades — e não cabe lembrar por quê —, eu larguei esses caras no meio do caminho. Então, a minha desconfiança com político é total
Preferência pelo governo Lula
Datena considera os governos de Lula melhores do que o de Bolsonaro. Ele ponderou que os primeiros mandatos do petista foram ajudados por fatores econômicos externos, mas avaliou que o petista "não foi eleito três vezes à toa".
Para Datena, Bolsonaro é de "direita exagerado". Ele evitou qualificar o ex-presidente como de "extrema direita" e afirmou que se manteve neutro nas eleições 2022 porque não considerou "ético" escolher um dos dois lados na disputa.
O apresentador não qualifica Guilherme Boulos (PSOL) como de extrema esquerda. Ao ser questionado, Datena avaliou que o deputado não merece esse rótulo e aconselhou o psolista, também pré-candidato à prefeitura, a desconstruir sua imagem de invasor de propriedades junto ao eleitor.
8 de janeiro foi tentativa de golpe
O apresentador disse não ter dúvidas de que os atos de 8 de janeiro foram uma tentativa de golpe de Estado. Para ele, quem nega que houve tentativa de golpe quer negar a história brasileira. "Você tem alguma dúvida que 8/1 foi tentativa de golpe? Clara, absurda e desproporcional", declarou.
Datena condenou a postura que Bolsonaro teve após perder as eleições de 2022. O apresentador foi questionado por ter aparecido ao lado do ex-presidente no primeiro pronunciamento feito por ele após a derrota nas urnas, em Brasília, e afirmou que não concordou com as bobagens ditas por ele.
Eu fui até Bolsonaro dizer que não iria apoiá-lo, só que teve entrevista coletiva antes e, quando eu passei, chamaram o Bolsonaro. Aí apareci lá, de segurança do Bolsonaro, e Bolsonaro começou a descer o pau em todo mundo, no Supremo... 90% do que ele falou eu não concordava
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Quero receberCríticas à gestão Nunes
Para Datena, Nunes é "o pior prefeito que São Paulo já teve". Ele criticou o atual chefe do Executivo municipal em vários momentos, em especial ao falar sobre o centro da cidade.
O apresentador também criticou a posição de Nunes em relação ao bolsonarismo. Ontem, em sabatina UOL/Folha, Nunes negou que os atos tenham sido uma tentativa golpista, e afirmou que a manifestação foi um "erro gravíssimo" apenas porque houve depredação do patrimônio público.
Ricardo Nunes, eu não vi, quis desmoralizar [o 8/1], dizendo que o tiro do Trump sim foi atentado à democracia. Coisa nenhuma, as duas coisas foram atentados à democracia. Atirar em candidato, qualquer pessoa que seja, é ato ou terrorista ou tentativa de homicídio, mas é atentado à democracia
Comparação da cracolândia com campos de concentração
Datena atacou a decisão da prefeitura de instalar grades a chamada 'cracolândia'. Em junho, a gestão municipal decidiu cercar um trecho da Rua dos Protestantes, local com a maior concentração de dependentes químicos e vendedores de drogas no centro de São Paulo. Para ele, as grades "lembram campos de concentração".
O pré-candidato não apresentou uma medida concreta para resolver o problema. De início, ele afirmou que "só Deus resolve o problema da segurança pública na cidade". Ao ser questionado novamente, ele afirmou que o essencial é que as polícias — que são atribuição do governo estadual — impeçam a droga de chegar a esses locais, e que a Guarda Civil Metropolitana "tem pouca coisa a fazer".
Isso [as grades na cracolândia] me lembra os guetos da época do Nazismo, guetos da Polônia, campos de concentração, isso é um absurdo
"A Tabata me jogou no colo do PSDB"
Datena negou ter traído a também pré-candidata Tabata Amaral (PSB). Em dezembro do ano passado, o apresentador havia se filiado ao PSB com a intenção de sair como vice de Tabata, mas acabou se filiando ao PSDB para lançar uma candidatura própria.
O apresentador disse que foi a própria Tabata quem o jogou "no colo do PSDB". Segundo o apresentador, a deputada desejava o apoio dos tucanos para ter mais tempo de televisão na campanha e, por isso, pediu que Datena se filiasse ao PSDB, mas a sigla decidiu concorrer de forma independente.]
Ela [Tabata] é que me propôs sair para o PSDB. Eu falei: 'Tabata, eu não quero ir para o PSDB. Eu quero ficar com você porque está tudo definido'. [E então a Tabata disse]: 'Ah, mas eu quero ganhar um minuto na televisão'. E eu falei: 'Tabata, eu prefiro ficar com você'. Eu insisti. E ela insistiu e eu fui para o PSDB. Se o PSDB me fez um convite para ser prefeito, o problema é entre ela e o PSDB. Eu não sou traidor de ninguém
Quem é Datena
José Luiz Datena, 67, é apresentador de TV e comanda o Brasil Urgente, na Band. Natural de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, ele também é conhecido por sua atuação como locutor esportivo e radialista.
Datena se filiou ao PSDB em abril após um curto período de quatro meses no PSB. O ato de filiação foi em um evento com a presença da também pré-candidata Tabata Amaral (PSB) — ela tenta negociar com o apresentador para que ele seja vice na chapa dela.
Apresentador está em seu 11º partido e não disputou nenhuma eleição. A lista de partidos aos que Datena já foi filiado vão da esquerda à direita. São eles: PT, onde ficou 23 anos, PP, PRP, DEM, MDB, PSL, União Brasil, PSC, PDT e PSB.
Tentativas de entrar na política envolvem ao menos quatro desistências. Em 2022, Datena iria concorrer ao Senado pelo PSC, mas anunciou sua desistência no último dia que poderia apresentar o Brasil Urgente. Em 2018, ele também ia disputar vaga no Senado, dessa vez pelo DEM, mas não foi adiante. Em 2020, no MDB, o apresentador planejou ser vice de Bruno Covas (PSDB), mas recebeu um pedido da Band para continuar na TV. Já em 2016, foi pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PP, mas deixou a disputa após o partido se envolver no caso do Petrolão.
Próximas sabatinas
O UOL e o jornal Folha de S.Paulo promoveram sabatinas com pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo. Pablo Marçal (PRTB) foi entrevistado no dia 10; Guilherme Boulos (PSOL), no dia 12; e Ricardo Nunes (MDB), no dia 15.
UOL e a Folha promovem sabatinas com candidatos à prefeitura de 18 cidades do país. Já aconteceram as sabatinas com Fuad Noman (PSD) e Rogério Correia (PT), em Belo Horizonte; Bruno Reis (União) e Kleber Rosa (PSOL), em Salvador; Thiago Duarte (União Brasil) e Maria do Rosário (PT), em Porto Alegre, e com João Campos (PSB), Gilson Machado (PL) e Daniel Coelho (PSD), no Recife.
Ainda acontecerão as sabatinas com candidatos a 13 prefeituras: Rio de Janeiro, Maceió, Manaus, Fortaleza, Curitiba, Guarulhos, São Bernardo, Santo André, Osasco, Campinas, Sorocaba, Ribeirão Preto e São José dos Campos.
*Participaram desta cobertura: Ana Paula Bimbati, Anna Satie, Caíque Alencar, Fabíola Perez, Rafael Neves e Nathalia Florido (estagiária).
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