Não vou privatizar a educação em Curitiba, diz pré-candidato do União
O pré-candidato do União Brasil à Prefeitura de Curitiba, Ney Leprevost, garantiu durante sabatina promovida pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo que não vai privatizar a educação municipal. Ele foi entrevistado nesta terça-feira (16).
O que aconteceu
Ney Leprevost criticou o desempenho da atual gestão na área e afirmou ser contra a ideia de terceirizar a educação municipal, nos moldes da proposta de autoria do governador Ratinho Jr. (PSD). Em junho, a Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) aprovou um projeto de lei que transfere a gestão administrativa das escolas estaduais para empresas.
O pré-candidato do União Brasil lembrou que foi um dos deputados que votaram contra o projeto. "Eu entendo que existem algumas áreas que não podem e não devem ser terceirizadas e nem privatizadas, entre elas educação, saúde e segurança pública. São deveres fundamentais do Estado cuidar da educação, da saúde e da segurança pública"
Leprevost afirmou que os professores de Curitiba foram "muito maltratados" pela atual gestão. Ele prometeu revalorizar a profissão na capital paranaense.
Eu diria que nós temos hoje um patrimônio que é imensurável, que tem um valor extraordinário, que são os professores da rede pública municipal de ensino de Curitiba e eu quero fazer exatamente o contrário [da privatização]. Eu quero promover a revalorização dos professores de Curitiba, resgatar a autoestima deles, que foram muito maltratados pela atual gestão municipal.
Ney Leprevost (União Brasil), em sabatina UOL/Folha
"Sou de ideias e não de ideologias"
Durante a sabatina, Leprevost optou por não se comprometer com posições ideológicas e se definiu como um político de "ideias e ideais e não de ideologias". Ele classificou o 8 de janeiro como "uma coisa muito infeliz" e não soube afirmar se os atos antidemocráticos, em Brasília, podem ser considerados uma tentativa de golpe.
Eu não tenho elementos probatórios para afirmar categoricamente que isso foi orquestrado. Estou esperando as avaliações do Poder Judiciário. Se alguém orquestrou uma tentativa de golpe no Brasil, a pessoa tem que ser punida com extremo rigor da lei
O pré-candidato criticou a polarização que marca o momento atual da política e preferiu não escolher um lado, ao ser questionado se preferia contar com o presidente Lula (PT) ou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em seu palanque. "Temos que buscar aquilo que há de convergente na população brasileira. Temos que parar com discursos de ódio. Enquanto ficamos fomentando essa disputa ideológica de uma extrema esquerda e de uma extrema direita, estamos esquecendo de uma maioria silenciosa que está precisando de leitos, creches e que quer mais segurança pública", afirmou. Questionado, não quis citar quem são as pessoas que ele considera estar nos extremos.
Lava Jato e os Moro
Para Ney Leprevost, a operação Lava Jato fez "mais bem do que mal para o país." "Na ânsia de prender pessoas que haviam cometido corrupção, ela pode ter cometido alguns excessos", disse, acrescentando que apenas a Justiça poderia confirmar isso.
Perguntado sobre a suspeição do senador Sergio Moro (União-PR) no processo contra o presidente Lula, decidida pelo STF, Leprevost disse que, como como pré-candidato, não gostaria de "confrontar" o órgão.
Leprevost afirmou que é grande a probabilidade de que o nome da deputada federal Rosangela Moro (União) seja anunciado, até o fim desta semana, como vice em sua chapa. No início do ano, ela transferiu seu domicílio eleitoral de São Paulo para o Paraná.
As propostas
Na sabatina, Leprevost destacou a segurança pública como sua prioridade. Ele defendeu o porte de armas e a adoção de câmeras corporais nos uniformes da Guarda Civil.
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Quero receberO pré-candidato acha que é possível reduzir o valor do transporte coletivo em Curitiba e chegar, gradativamente, à tarifa zero. "Eu não vou prometer na campanha porque ninguém acredita e soa como demagogia, mas posso dizer que esta é uma meta a ser perseguida".
Leprevost aparece com 13,6% em sondagem divulgada pela Paraná Pesquisas. Ele faz parte da disputa acirrada pela segunda colocação, ao lado de Luciano Ducci (PSB), com 14,9%, Roberto Requião (Mobiliza), com 12,4%, e Beto Richa (PSDB), com 10,1%. O vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) lidera, até o momento, com 24,1% das intenções de voto.
O pré-candidato iniciou carreira política em 1996, eleito vereador em Curitiba. Secretário de Esporte da cidade e titular da Justiça no Paraná, foi eleito deputado federal, em 2018, e deputado estadual, em 2022.
O nome do deputado estadual como pré-candidato à prefeitura foi lançado pelo União Brasil, em abril. O anúncio foi feito após reunião entre o presidente nacional do partido, Antônio Rueda, o presidente do União no Paraná, Felipe Francischini e o coordenador da campanha de Leprevost, Cristiano Ribas.
Em 2020, Ney Leprevost desistiu de sua candidatura a pedido do governador Ratinho Júnior. Ele deixou a disputa para apoiar Rafael Greca (PSD), que foi reeleito. Antes, em 2016, havia chegado ao segundo turno pelo PSD contra o próprio Greca (à época no PMN), mas saiu derrotado da disputa, com 47% dos votos válidos —contra 53% do atual prefeito.
Ciclo de sabatinas UOL e Folha
A sabatina foi conduzida por Diego Sarza, com participações dos jornalistas Leonardo Sakamoto, colunista do UOL, e Catarina Scortecci, correspondente da Folha de S.Paulo em Curitiba. Na quinta-feira (18), às 14h, o convidado será o vice-prefeito da capital paranaense, Eduardo Pimentel (PSD). Na sexta (19), será a vez do pré-candidato do PSB, Luciano Ducci.
A série de sabatinas está ouvindo pré-candidatos de 18 cidades do país. As entrevistas são sempre ao vivo, com transmissão pela Internet, nos sites e nos perfis das redes sociais do UOL e da Folha de S. Paulo.
O ciclo foi aberto em junho e já foram entrevistados pré-candidatos de Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre, Recife e São Paulo. Nesta terça-feira (16), o pré-candidato à Prefeitura de São Paulo José Luiz Datena também foi sabatinado. Além dele, na disputa na capital paulista, participaram da série o atual prefeito e pré-candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), o pré-candidato do PRTB, Pablo Marçal e Guilherme Boulos, do PSOL.
As candidaturas devem ser oficializadas até o dia 5 de agosto. É a data limite, definida pela Justiça Eleitoral, para as convenções partidárias.
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