'Não vamos permitir escola militar na cidade de São Paulo', diz Boulos

O candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), afirmou que não vai permitir escolas cívico-militares municipais, caso seja eleito.

O que aconteceu

Boulos afirmou ser "radicalmente contra" o modelo de educação. Ele declarou que, caso se torne prefeito, não "existe esse papo de escola militar" na cidade. O projeto sancionado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), no entanto, não trata de escolas militares, e sim da criação de um programa de escolas cívico-militares.

"Não vamos permitir escola militar na cidade de São Paulo. Se o governador de São Paulo tem essa política, tudo bem, foi eleito, eu respeito a democracia, acho que, quem foi eleito, tem que governar. Mas aqui, na capital de São Paulo, a partir de 1º de janeiro do ano que vem, não existe esse papo de escola militar. Escolas militares são a falência da educação", defendeu o deputado federal. Guilherme Boulos sobre escolas cívico-militares em São Paulo

O psolista afirmou que o papel do militar é "na segurança pública" e que a função do professor na sala de aula é "insubstituível". "Você não vai botar um professor pra patrulhar a rua. Vai colocar a Polícia Militar, a Guarda Civil. Agora, você não vai botar um militar pra ensinar crianças e jovens. Isso é uma coisa inacreditável", criticou. Segundo resolução do governo de São Paulo, PMs da reserva darão aulas sobre política e ética nas escolas cívico-militares.

Diretores de 24 escolas municipais de São Paulo manifestaram interesse em aderir ao modelo. Adversário de Boulos na disputa municipal, o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), já saiu em defesa da modalidade. A educação cívico-militar é uma bandeira de Tarcísio de Freitas, que apoia a reeleição de Nunes. O governador enviou para a Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) um projeto para criação de um programa estadual de escolas cívico-militares. A proposta foi aprovada pelos deputados estaduais e sancionada pelo governador em maio. No total, 302 escolas no Estado pretendem aderir ao modelo.

PSOL e PT questionam no STF as escolas cívico-militares em SP. A Advocacia-Geral da União (AGU), que representa o governo federal judicialmente, enviou ao Supremo parecer pela inconstitucionalidade da lei que implementa o modelo de ensino.

Letramento ambiental

Boulos disse que uma das prioridades na educação de sua eventual gestão será o "letramento ambiental". A ideia é educar os alunos para lidar com os efeitos das mudanças climáticas. "Estou convencido de que temos que fazer um programa de letramento ambiental em todas as escolas. O que é letramento ambiental? Há algum tempo, quando a gente olhava aquecimento global, mudanças climáticas, a gente falava 'Ah, é pro futuro. São meus netos, meus bisnetos.' É pra ontem. Olha o Rio Grande do Sul. Esses fenômenos climáticos extremos vieram pra ficar e nós temos que nos adaptar."

As declarações de Boulos foram dadas durante sabatina na noite desta quarta-feira (24). O candidato participou de um evento sobre educação organizado pelo Centro do Professorado Paulista. Boulos apresentou outras propostas para área, como ampliação do ensino integral, realização de concursos para professor, reforço das rondas escolares pela Guarda Civil Municipal (GCM) e a criação de centros de educação profissionalizante para jovens e adultos. Ricardo Nunes foi sabatinado pelo CPP na semana passada.

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