Braskem não pode ficar com 20% de Maceió, diz candidato do Solidariedade
Eduardo Baszczyn
Colaboração para o UOL, em São Paulo
02/08/2024 15h49
O candidato do Solidariedade à Prefeitura de Maceió, Lobão, afirmou que pretende rever, caso eleito, os acordos feitos entre o governo municipal e a Braskem, empresa responsável pelo desastre ambiental que atingiu 14,4 mil imóveis e cerca de 60 mil pessoas na capital. Ele participou, nesta sexta-feira (2), de sabatina promovida pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo.
O que aconteceu
Anivaldo Luiz da Silva, conhecido como Lobão, disse que os contratos não beneficiaram os moradores prejudicados pelo afundamento do solo na cidade. "Integra o nosso pré-programa de ação municipal rever esse acordo que não beneficiou Maceió. A gente não tem compromisso com a empresa criminosa nem com seus aliados. Meu compromisso é com as vítimas", afirmou.
Tendo como foco as vítimas e não a Braskem, a gente chegando lá [caso eleito prefeito], vai abrir a 'caixa de Pandora' da Prefeitura de Maceió. Vou abrir a caixa e olhar a situação da Braskem, a situação do acordo, a situação de mobilidade, a situação das vítimas. O que eu puder fazer para trazer para a vítima o melhor, nós faremos
Lobão (Solidariedade), candidato à Prefeitura de Maceió
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Desde 2018, cerca de 60 mil pessoas foram removidas de suas casas em cinco bairros de Maceió, por causa do afundamento do solo causado pela mineração de sal-gema. De acordo com a Braskem, mais de R$ 4 bilhões já foram pagos em indenizações, e os autores da ação já receberam propostas de compensação financeira.
Para o candidato do Solidariedade, os valores recebidos pelas vítimas estão aquém do desejado. Sem detalhar seus planos na prática, Lobão prometeu trabalhar para que a área afetada não seja de propriedade da petroquímica. "O meu intuito seria garantir que a propriedade nunca seja da Braskem. A Braskem não pode ficar com 20% do território de Maceió", disse.
Questionado sobre como se identifica do ponto de vista ideológico, o candidato se disse progressista. Lobão afirmou que "não tem interesse em conservar o atraso", mas se perdeu no tema ao tentar citar exemplos. "Temos um viaduto que trava o trânsito da região [do bairro do Jacintinho] e vamos esticar o viaduto. Então eu não tenho interesse de preservar essa situação que atrasa o povo de Maceió", disse.
Cantor, ex-ator de filmes pornô e líder comunitário, Lobão entrou para a política em 2004, quando filiou-se ao PSB. A primeira candidatura veio seis anos depois, ao tentar, sem sucesso, uma vaga na Assembleia Legislativa de Alagoas. Candidato a vereador em 2012, acabou suplente. O mesmo aconteceu quando tentou ser eleito deputado estadual, em 2014.
Como candidato pelo PR, foi o vereador mais votado de Maceió em 2016. Em 2022, foi eleito suplente de deputado estadual, tendo assumido por seis meses o cargo quando o então deputado Paulo Dantas (MDB) foi eleito governador-tampão —quando o mandato é válido apenas pelo período que falta para concluir o do antecessor.
A candidatura de Lobão à prefeitura da capital alagoana foi oficializada pelo Solidariedade no último dia 25. A vice-prefeita na chapa é a socióloga Danúbia Barbosa.
Em sondagem da Paraná Pesquisas divulgada em junho, o candidato aparece com 2,2% das intenções de voto. Com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, o prefeito e candidato do PL, João Henrique Caldas, lidera a corrida até o momento, com 54,4%, e seria reeleito já no primeiro turno.
Sabatinas UOL e Folha
A sabatina foi conduzida por Diego Sarza, com participações dos jornalistas Carlos Madeiro, do UOL e João Pedro Pitombo, da Folha de S.Paulo. Na terça-feira (30), eles entrevistaram o emedebista Rafael Brito. O prefeito João Henrique Caldas (PL) também foi convidado, mas não quis participar.
A série de sabatinas está ouvindo os principais pré-candidatos de 18 cidades do país. As entrevistas são sempre ao vivo, com transmissão pela Internet, nos sites e nos perfis das redes sociais do UOL e da Folha de S. Paulo.
Além de Maceió, já passaram pelas sabatinas pré-candidatos de sete cidades:
Belo Horizonte: com Fuad Noman (PSD) e Rogério Correia (PT);
Salvador: Bruno Reis (União) e Kleber Rosa (PSOL);
Porto Alegre: Thiago Duarte (União Brasil) e Maria do Rosário (PT);
Recife: João Campos (PSB), Gilson Machado (PL) e Daniel Coelho (PSD);
São Paulo: Pablo Marçal (PRTB), Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB);
Curitiba: Ney Leprevost (União), Eduardo Pimentel (PSD) e Luciano Ducci (PSB);
Fortaleza: José Sarto (PDT) e Capitão Wagner (União Brasil).
As convenções partidárias começaram no sábado (20) e todas as candidaturas devem ser oficializadas até o dia 5 de agosto. É a data limite, definida pela Justiça Eleitoral, para o término das reuniões. As eleições municipais ocorrem em 6 de outubro, com segundo turno marcado para o dia 27.