Pré-candidato do PDT em Fortaleza critica PT: 'Ceará revisita coronelismo'
O prefeito de Fortaleza e pré-candidato à reeleição, José Sarto (PDT) fez fortes críticas ao presidente Lula e ao governador Elmano de Freitas (PT) e afirmou que o Ceará está de volta ao coronelismo. Ele participou nesta quinta-feira (25) de sabatina promovida pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo.
O que aconteceu
Sarto destacou os altos índices de violência no Ceará e disse que a gestão de Elmano de Freitas foi conivente com o crime organizado no estado. Segundo ele, atualmente, não há mais espaço para opiniões divergentes ou posições antagônicas na política cearense. "O que tem acontecido nesse atual governo do PT é uma revisita a um passado tenebroso de coronelismo cibernético, de coronelismo partidário, em que se deve rezar pela cartilha do atual governante", afirmou.
O prefeito estendeu as críticas ao governo federal e disse que Lula "pensa que está governando em 2002 ou 2008". Na opinião dele, o país enfrenta uma "dogmatização" da política —com o "nós contra eles"— e faltam autoavaliação e autocrítica por parte do PT em relação a essa questão.
Eu acho que o Lula ainda está pensando que está governando em 2002, em 2008, quando o cenário mundial era completamente diferente do que é hoje. Os números estão dizendo que o Brasil está perdendo força. Veja a desvalorização do real, que hoje passa por uma crise extremamente grave
José Sarto (PDT), em sabatina UOL/Folha
PDT x PT
Sarto disse que o PDT está com o PT no governo federal, mas não no Ceará. Para ele, é preciso diferenciar os dois níveis de administração. Apesar do enfrentamento em nível estadual e municipal, os dois partidos mantêm uma parceria nacional, com o ex-presidente do PDT, Carlos Lupi, ocupando o Ministério da Previdência no governo petista.
Aqui no Ceará, nós temos claramente essa divisão do PT com o PDT porque houve a ruptura de um projeto que estava em curso, liderada pelo PT. Então, em nível nacional, nós temos o PDT apoiando o governo federal, mas aqui no Ceará, não. Em toda a minha gestão, a bancada do PT na Câmara Municipal foi oposição mesmo que nós, em âmbito estadual, estivéssemos dentro do mesmo projeto político
O prefeito também minimizou a aproximação do ex-governador Ciro Gomes (PDT) a expoentes do bolsonarismo no estado. "O PDT está dentro desse complexo mundo político brasileiro e nós temos peculiaridades locais. Não é de se estranhar, porque todos os partidos têm essas contradições", explicou.
Propostas para Fortaleza
O pré-candidato prometeu prosseguir, caso seja reeleito, com investimentos na ampliação da malha cicloviária de Fortaleza e em projetos para a redução do número de vítimas de acidentes de trânsito. Em outra área, destacou as melhorias realizadas nos 34 km da orla do mar, que devem ser ampliadas com o objetivo de fortalecer o turismo na capital.
Sarto disse que vai manter a utilização de câmeras corporais nos uniformes da Guarda Civil. Também afirmou ser favorável ao armamento da corporação "desde que [ela seja] capacitada e treinada" para isso.
Pesquisa DataFolha divulgada em junho coloca Sarto em segundo lugar na disputa, com 16% das intenções de voto. O pré-candidato Capitão Wagner (União Brasil) lidera, com 33%. Sarto está empatado tecnicamente —já que a margem de erro é de 4 pontos percentuais— com o pré-candidato André Fernandes (PL), que tem 12%. Eles são seguidos por Evandro Leitão (PT), com 9%; Célio Studart (PSD), com 8%; e Eduardo Girão (Novo), com 5%.
Formado em medicina, José Sarto tem mais de 30 anos na política cearense. Foi vereador, deputado estadual por sete mandatos e ocupou a presidência da Assembleia Legislativa do Ceará. Também foi líder do governo Cid Gomes (PSB) e vice-líder do governo de Camilo Santana (PT).
Sarto foi eleito prefeito em 2020, com 51,69% dos votos válidos. Ele derrotou Capitão Wagner —à época apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)— que terminou o segundo turno com 48,31% dos votos.
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A sabatina foi conduzida por Diego Sarza, com participações dos jornalistas Carlos Madeiro, do UOL e José Matheus Santos, da Folha de S.Paulo. Nesta sexta-feira (26), às 14h, eles entrevistam o pré-candidato do União Brasil, Capitão Wagner.
Além de Fortaleza, já passaram pelas sabatinas pré-candidatos de seis cidades:
Belo Horizonte: com Fuad Noman (PSD) e Rogério Correia (PT);
Salvador: Bruno Reis (União) e Kleber Rosa (PSOL);
Porto Alegre: Thiago Duarte (União Brasil) e Maria do Rosário (PT);
Recife: João Campos (PSB), Gilson Machado (PL) e Daniel Coelho (PSD);
São Paulo: Pablo Marçal (PRTB), Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB);
Curitiba: Ney Leprevost (União), Eduardo Pimentel (PSD) e Luciano Ducci (PSB).
As convenções partidárias começaram no último sábado (20), e as candidaturas devem ser oficializadas até o dia 5 de agosto. É a data limite, definida pela Justiça Eleitoral, para o término das reuniões. As eleições municipais ocorrem em 6 de outubro, com segundo turno marcado para o dia 27.
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