'Vou rever todos os acordos de Maceió com a Braskem', diz pré-candidato

O pré-candidato do MDB à Prefeitura de Maceió, Rafael Brito, prometeu, caso eleito, rever todos os contratos feitos entre o governo municipal e a empresa petroquímica Braskem, responsável pelo desastre ambiental que atingiu 14,4 mil imóveis na cidade. Ele participou nesta terça-feira (30) de sabatina promovida pelo UOL e pelo jornal Folha de S. Paulo.

O que aconteceu

Rafael Brito criticou os termos de acordo feitos entre a Prefeitura de Maceió e a Braskem e afirmou que eles "foram impostos" às vítimas de afundamento do solo da região. "Vou revisitar todos os acordos na Justiça, em qualquer instância que eu puder, em nome dessas 60 mil vítimas que tiveram de sair de suas casas, parar de trabalhar, fechar os seus negócios por conta do maior crime ambiental da história da humanidade cometido aqui em Maceió", disse.

O pré-candidato afirmou que 20% do território da capital alagoana são, legalmente, "um grande imóvel da Braskem". Para ele, os acordos feitos entre a empresa e o poder público não beneficiaram a população sob nenhum aspecto.

Vinte por cento de Maceió é da Braskem, e isso é um grande absurdo. Você vê Brumadinho, Mariana [cidades também afetadas por tragédias ambientais], as coisas foram tratadas de uma forma completamente diferente. Aqui, o que se fez? O poder público municipal correu para o colo da Braskem, fez um acordo para ter dinheiro. Um dinheiro que poderia estar sendo usado para auxiliar essas 60 mil vítimas, mas até hoje nenhum centavo desse dinheiro foi para vítima nenhuma
Rafael Brito (MDB), em sabatina UOL/Folha

Cinco bairros de Maceió foram desocupados após o colapso de uma mina de sal-gema da Braskem. Após a extração do minério, os poços gigantes eram tamponados com um líquido. Entretanto, ao longo dos anos, o produto vazou e cavernas subterrâneas começaram a ser formadas, com vários desabamentos. A Braskem passou a comprar os imóveis atingidos dos moradores.

Questionado sobre a atuação do ex-governador Renan Filho (MDB) em relação às extrações da empresa na região durante seu mandato (2015 a 2022), Brito negou que tenha havido omissão e destacou medidas adotadas por seu aliado político. "Foi o primeiro governador a cancelar uma licença da Braskem. As minas que a empresa utilizava em Maceió tiveram todas as outorgas canceladas por ele, em 2019 ou 2020. Ele trabalhou com seriedade, de forma honesta e não precisou fazer alarde em relação a isso. É muito feio querer ganhar notoriedade da população em cima de 60 mil vítimas".

Na semana passada, a petroquímica brasileira sofreu sua primeira condenação internacional. A Justiça da Holanda considerou a empresa responsável pelos danos causados a ex-moradores dos bairros afetados pelo afundamento do solo.

Apoio do PT

O pré-candidato garantiu que vai defender o presidente Lula (PT) durante sua campanha e disse que gostaria de contar com ele em seu palanque. Na segunda-feira (29), o PT determinou a retirada da candidatura própria na capital alagoana e definiu seu apoio a Rafael Brito. A decisão, tomada pelo diretório nacional do partido, anula a escolha do diretório municipal —que havia definido o advogado e ex-vereador Ricardo Barbosa para a disputa. A candidatura já havia sido oficializada em convenção e teria Eliana Silva (PSOL) como vice na chapa.

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A decisão faz parte da estratégia nacional do partido de fortalecer as alianças com legendas da base de sustentação do governo do presidente Lula. Até o momento, o PT deve concorrer com candidatos próprios em 14 capitais e apoiar partidos aliados em outras 12.

Com a mudança, além do PT, os partidos PSD, PSB e PDT integram a coligação do emedebista. Para enfrentar o PL, o pré-candidato conta com os apoios do governador Paulo Dantas, do ministro Renan Filho (Transportes) e do senador Renan Calheiros —todos do MDB.

Para Brito, o apoio do PT é legítimo, já que o partido faz parte do grupo político "que representa a população de Maceió". Apesar de ter afirmado, durante a sabatina, que declarações de Jair Bolsonaro (PL) "nem valem ser comentadas", o pré-candidato relembrou uma declaração do ex-presidente para atacar o grupo adversário.

[O presidente da Câmara dos Deputados] Arthur Lira (PP), [o prefeito] JHC e Bolsonaro (PL) fazem parte do mesmo pacote. O pacote deles é esse do campo em que eles estão, que é o campo que, como disse o ex-presidente Bolsonaro, fala que nordestino é o pior povo que existe e que o Nordeste é o pior lugar para se viver

Para o pré-candidato, o eleitor de Maceió deveria estar atento ao nome do vice na chapa do prefeito JHC. Segundo ele, o pré-candidato do PL já teria demonstrado interesse em concorrer ao governo do estado, em 2026. "Com um ano e três meses, se ele realmente [for reeleito e] for candidato, o prefeito será outro que o eleitor nem conhece. Então é muito importante que, durante a eleição, a gente faça essa discussão", alertou.

Graduado em administração e empresário, Rafael Brito ingressou na carreira pública em 2015 e disputa a Prefeitura de Maceió pela primeira vez. Foi secretário estadual do Trabalho, do Desenvolvimento Econômico e da Educação e eleito deputado federal em 2022.

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Em sondagem da Paraná Pesquisas divulgada em junho, Brito aparece em quarto lugar, com 3,8% das intenções de voto. Com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), o prefeito e pré-candidato João Henrique Caldas (JHC) lidera a corrida até o momento, com 54,4%, e seria reeleito já no primeiro turno. Em 2022, Maceió foi a única capital do Nordeste em que Bolsonaro teve mais votos do que Lula (PT) no primeiro e no segundo turnos.

Também estão na disputa Alfredo Gaspar (União Brasil), com 14,9%; Davi Filho (Progressistas), 11,8%; e Lobão (Solidariedade), com 2,2%. A margem de erro de pesquisa é de 3,8 pontos percentuais para mais ou para menos.

Sabatinas UOL e Folha

A sabatina foi conduzida por Diego Sarza, com participações dos jornalistas Carlos Madeiro, do UOL e João Pedro Pitombo, da Folha de S.Paulo. Na próxima sexta-feira (2), será a vez de Lobão, pré-candidato do Solidariedade. O prefeito João Henrique Caldas (PL) também foi convidado, mas não quis participar, alegando que não dará entrevistas até a convenção de seu partido, prevista para esta quinta-feira (1º).

A série de sabatinas está ouvindo os principais pré-candidatos de 18 cidades do país. As entrevistas são sempre ao vivo, com transmissão pela Internet, nos sites e nos perfis das redes sociais do UOL e da Folha de S. Paulo.

Além de Maceió, já passaram pelas sabatinas pré-candidatos de sete cidades:

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Belo Horizonte: com Fuad Noman (PSD) e Rogério Correia (PT);

Salvador: Bruno Reis (União) e Kleber Rosa (PSOL);

Porto Alegre: Thiago Duarte (União Brasil) e Maria do Rosário (PT);

Recife: João Campos (PSB), Gilson Machado (PL) e Daniel Coelho (PSD);

São Paulo: Pablo Marçal (PRTB), Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB);

Curitiba: Ney Leprevost (União), Eduardo Pimentel (PSD) e Luciano Ducci (PSB);

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Fortaleza: José Sarto (PDT) e Capitão Wagner (União Brasil).

As convenções partidárias começaram no último sábado (20), e todas as candidaturas devem ser oficializadas até o dia 5 de agosto. É a data limite, definida pela Justiça Eleitoral, para o término das reuniões. As eleições municipais ocorrem em 6 de outubro, com segundo turno marcado para o dia 27.

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