Candidatos do centrão lideram em 21 capitais em meio à polarização PT x PL
MDB, PSD, União Brasil, Republicanos e Progressistas, que formam o chamado centrão, lideram as pesquisas de intenção de voto para a prefeitura de 21 das 26 capitais.
O que aconteceu
Partidos de centro tem se destacado na corrida eleitoral em meio à polarização entre PT e PL em âmbito nacional. O presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) assumiram um papel de "cabos eleitorais" nas eleições municipais pelo país.
A dois meses do 1º turno, União Brasil é favorito em seis capitais. O partido lidera em Campo Grande, Fortaleza, Porto Velho, Cuiabá, Salvador e Teresina. Os dados constam na última edição do boletim Política Brasileira, produzido pela consultoria Arko Advice.
PSD e MDB também aparecem em primeiro lugar ou empatados na liderança em seis capitais cada um. O PSD aparece sozinho em primeiro lugar em Natal, Curitiba, Florianópolis, Rio e São Luís — nas duas últimas tem chance de vencer no 1º turno — e empatado na liderança em Goiânia. Já o MDB está sozinho em primeiro lugar em Rio Branco, Boa Vista e Macapá — onde pode levar a prefeitura no 1º turno — e empatado na liderança em São Paulo, Porto Alegre e Belém.
Republicanos e Progressistas são favoritos em outras três cidades cada partido. De acordo com as pesquisas, Belo Horizonte (MG) e Vitória (ES) devem eleger prefeitos do Republicanos. Já em João Pessoa (PB), o atual prefeito Cícero Lucena, do Progressistas, aparece em primeiro nas sondagens.
"O centrão tem tido força destacada desde o impeachment", diz especialista. Segundo Cristiano Noronha, cientista político da Arko Advice, a maior presença no Congresso e nos ministérios aumentou o acesso do grupo a emendas — recursos que têm sido destinados a cidades em que candidatos do centrão têm chances de vencer.
O tamanho do centrão
Bloco surgiu na Assembleia Constituinte de 1988. Historicamente formado por partidos de centro e de direita, o grupo político é conhecido pela boa articulação no Congresso. A ação em bloco durante votações importantes transformou o centrão em interlocutor preferencial do Executivo ao longo dos anos.
Grupo mantém domínio político na Câmara, com mais de 200 dos 513 deputados federais. O centrão é composto por parlamentares de diversos partidos, com um viés um pouco mais conservador, mas aberto a negociações. Eles já estiveram na base do governo Bolsonaro e hoje fazem parte das alianças do governo Lula.
PL à frente do PT
Partido de Bolsonaro é mais competitivo que PT em capitais. O PL aparece na liderança em Aracaju, Maceió e Belém — e é competitivo em Palmas e Rio Branco. A legenda de Lula aparece empatada na liderança só em Goiânia e com chance de ir ao 2º turno em Porto Alegre e Teresina.
Manaus, Porto Alegre e São Paulo dão esperanças à esquerda. David Almeida, do Avante (antigo PT do B), e Amom Mandel, do Cidadania (antigo PPS), estão empatados na capital do Amazonas — assim como Maria do Rosário, do PT, e Sebastião Melo, do MDB, em Porto Alegre. Em São Paulo, apoiado por Lula, Boulos (PSOL) está tecnicamente empato com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o José Luiz Datena (PSDB).
PSB só lidera no Recife. Na capital pernambucana, o prefeito João Campos (75% dos votos) está isolado na liderança e seria reeleito no primeiro turno se a eleição fosse hoje.
Bolsonaro ajudou o PL a eleger 99 deputados federais na última eleição. Isso possibilitou que o partido tivesse maior acesso ao fundo partidário, o que representa uma vantagem competitiva importante nas eleições municipais.
Cristiano Noronha, cientista político da Arko Advice
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Chance de mudança é maior nas disputas mais acirradas. É o caso de São Paulo, com o empate triplo de Nunes, Boulos e Datena em primeiro, dentro da margem de erro das pesquisas.
Caráter local reduz influência de "padrinhos" políticos. De acordo com Noronha, apoio de caciques é importante como "ponto de partida" para candidatos a prefeito nas pesquisas. Porém, a transferência de votos tem limite, e fatores como histórico, estrutura de partido, propostas e apoios têm peso importante.
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