Cracolândia, PCC e máfia de ônibus dominam propostas de segurança em debate
Principal problema da cidade de São Paulo para os paulistanos, segundo pesquisa Datafolha, a discussão sobre a segurança pública entre os candidatos à prefeitura ficou restrita ao problema da "Cracolândia" e às investigações sobre a suposta ligação de empresas de ônibus com o crime organizado no debate Estadão/Terra/Faap.
O que aconteceu
Os dois temas foram o foco da discussão, com críticas dos candidatos a Ricardo Nunes (MDB). Em uma dobradinha contra o prefeito, Pablo Marçal (PRTB) e José Luiz Datena (PSDB) criticaram a gestão dos ônibus na cidade e o tucano citou a Operação Fim da Linha, que o Ministério Público realizou em abril contra empresas de ônibus suspeitas de ligação com a facção criminosa PCC. "Essas licitações têm que ser passadas a limpo", defendeu o ex-apresentador.
Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) também exploraram contra Nunes. O psolista relembrou uma declaração do promotor Lincoln Gakiya direcionada à gestão municipal de que uma pesquisa no Google mostraria que pessoas ligadas às empresas de transporte eram criminosas. Já a deputada federal lembrou que o prefeito gravou um vídeo com elogios a uma das empresas investigadas.
Candidatos defenderam planos para fortalecer GCM (Guarda Civil Metropolitana). Nunes, Tabata, Boulos e Datena defenderam propostas de integração entre a guarda e as polícias civil e militar.
Marçal e Marina Helena (Novo) disseram que, se eleitos, vão aumentar o número de guardas na cidade. A candidata do Novo falou em dobrar o efetivo, para atuação especialmente na "Cracolândia", enquanto o ex-coach prometeu triplicar o contingente. Hoje a GCM tem cerca de 7 mil agentes.
Nunes defendeu punição a GCMs presos em operação na "Cracolândia". Questionado sobre o tema, o prefeito disse ter reforçado a corregedoria do órgão. "A gente não pode misturar a corporação como um todo, que é super importante, com alguns indivíduos que acabam querendo manchar a imagem dessa corporação."
Datena criticou prefeitura e governo por instalação de grades na área em que se concentram dependentes químicos. "Tomar posições nazistas ou seminazistas ou parecidas com nazistas para colocar esses dependentes químicos isolados em grade, isso me lembra a Segunda Guerra Mundial. O traficante tem que ser metido na cadeia."
Boulos atacou vice de Nunes por declaração de abordagens diferentes da PM para pessoas na periferia e em regiões nobres. Ricardo Nascimento Mello Araújo ficou à frente da Rota entre 2017 e 2019. "Ele acha que no Capão Redondo, para um jovem negro, é chave de braço e no Jardins é 'bom dia, doutor'", criticou o psolista.
O debate foi marcado, outra vez, por insultos e acusações. Boulos (PSOL) e Marçal trocaram xingamentos e a briga prosseguiu quando os dois se sentaram. Em outro bloco, Tabata afirmou que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) "rouba e não faz". José Luiz Datena (PSDB) repetiu ataques à atual gestão em temas como transporte e população de rua. Já Marina Helena (Novo) fez vários acenos ao bolsonarismo em assuntos como educação e segurança.
Datafolha mostra empate entre Nunes e Boulos
Datafolha divulgado no último dia 8 mostrou Nunes (23%) e Boulos (22%) empatados tecnicamente nas intenções de voto. Datena e Marçal também marcaram a mesma porcentagem, 14%. Em um segundo turno provável entre Nunes e Boulos, o atual prefeito sai na frente com 13 pontos.
Em seguida, Marçal e Datena aparecem empatados com 14% cada um. Atrás deles estão Tabata, com 7%, Marina Helena, com 4%, João Pimenta (PCO), com 2%, e Altino (PSTU), com 1%.
Participam desta cobertura
Do UOL, em São Paulo: Ana Paula Bimbati, Anna Satie, Rafael Neves, Stella Borges e Wanderley Preite Sobrinho
Colaboração para o UOL: Letícia Polydoro
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