PT cria cartilhas para blindar candidatos sobre evangélicos e segurança

O PT lançou cartilhas para auxiliar candidatos na área da segurança pública e para "facilitar o diálogo com evangélicos".

O que aconteceu

Estes são dois pontos bem sensíveis para os partidos de esquerda. Então candidato, o presidente Lula (PT) não só perdeu entre os evangélicos em 2022 como o governo segue sendo bastante mal avaliado por este segmento.

Segurança pública é área com mais críticas. O texto do partido traz propostas gerais de melhoria no tema —um dos mais relevantes para a disputa municipal—, tentando dar a ele um "rosto petista", com mais foco em prevenção e estímulo a políticas públicas adjacentes do que à repressão e ao aparelhamento armado do Estado.

Já a cartilha voltada aos evangélicos é uma espécie de guia contra o preconceito e estereótipos. O documento oferece uma série de dicas do que fazer e do que não fazer, incluindo não tratar cristãos "como se fossem todos iguais" ou como "fundamentalistas".

Com Lula no poder, o partido quer quintuplicar o número de prefeituras e voltar a governar capitais. Os documentos fazem parte dessa estratégia e compõem uma série de cartilhas elaboradas pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao partido.

Sem gafes com evangélicos

O texto foi escrito por militantes evangélicos. O principal objetivo da cartilha, segundo o partido, é fazer a ponte entre os candidatos, em especial os não protestantes, e os eleitores cristãos.

Uma das principais preocupações do partido é a falta de tato com que muitos militantes tratam religiões evangélicas. A avaliação é que, com a popularização das igrejas neopentecostais, em especial na periferia, os quadros petistas foram se afastando cada vez mais desse público —e estereotipando sua imagem.

Dicas compõem guia prático para evitar gafes e endossos a preconceitos. "Este texto visa apoiar esse diálogo, trazendo alguns conhecimentos sobre a nossa visão de mundo [evangélica] e sugestões de abordagem", explica o documento.

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  • O que fazer: valorizar a família, valorizar a fé, valorizar a liberdade religiosa, defender sempre a verdade e defender os direitos humanos.
  • O que não fazer: exagerar em falar no nome de Deus, associar críticas a pastores e crentes à sua fé, tratar os evangélicos como se fossem todos iguais, tratar todo evangélico como fundamentalista e rejeitar as possibilidades de compreender o mundo a partir das interpretações bíblicas.

Ainda que haja vários evangélicos conservadores ou moralistas, não convém unificá-los sobre esse tipo de classificação, muito menos de fundamentalistas.
Trecho de cartilha evangélica do PT

Diretrizes para segurança pública

Foco em prevenção. Outra fragilidade associada à esquerda é na área de segurança pública, na qual o governo Lula sofre muitas críticas. Na cartilha, o partido busca estimular mais a prevenção do que a repressão e o aumento do efeito policial.

Pode ter Guarda Civil armada. A cartilha prega melhoria na iluminação das ruas, aumento da segurança escolar e da guarda civil, além de apoio à Patrulha Guardiã Maria da Penha, contra violência doméstica. A cartilha não descarta ainda a instituição de guardas civis armados. "Quem deve estabelecer é o prefeito", diz o texto.

O texto sugere ainda que investir em outras aéreas servem para a segurança. Como exemplo, cita investimento em escola em tempo integral, promoção de ações de zeladoria, fortalecimento de "redes de atenção" a crianças, adolescentes e minorias e estímulo à ocupação do espaço público. Também é proposta a criação de um Fundo Municipal de Segurança, com verba definida, para alimentar os programas.

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Investir e apostar na prevenção como um caminho para se evitar os mais diversos tipos de violências não significa desconsiderar as ações repressivas, quando necessárias.
Trecho de cartilha sobre segurança pública

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