Madeleine: Datena ressuscita na campanha com cadeirada em Marçal
A cadeirada que o candidato à Prefeitura de São Paulo José Luiz Datena (PSDB) deu no oponente Pablo Marçal (PRTB) durante o debate na TV Cultura trará mais eleitores para o apresentador, avalia a comentarista Madeleine Lacsko ao UOL News desta segunda (16). Para ela, a sociedade está adoecida e internalizou a agressividade.
O Datena ressuscitou na campanha. Não tenho duvida nenhuma que ele vai ter mais votos. É uma tristeza a gente dizer, mas a nossa sociedade está adoecida.
O Pablo Marçal teve essa ascensão meteórica porque ele é agressivo verbalmente. Jair Bolsonaro é um fenômeno do quê? Da glorificação da agressividade. E como os outros candidatos não conseguem competir em estratégia e agressividade com o Marçal, as pessoas vão ler a cadeirada como uma atitude revolucionária. É a cadeirada antifascista. E as pessoas vão passar pano, sim, porque as pessoas passam pano para agressividade em vários outros âmbitos da nossa sociedade.
O Datena ressuscitou, e tem gente se sentindo de alma lavada por ter visto uma cadeirada quando não gosta da personagem. A gente tem uma sociedade permissiva com violência. Uma sociedade que tem cara de pau de comparar violência física com verbal. As duas são ruins. As duas machucam. Mas não é a mesma coisa.
Lacsko também associa a agressividade na ocasião da cadeirada durante o debate com uma visão deturpada de afirmação da masculinidade.
Existe uma coisa muito perversa na sociedade que é a deturpação do conceito de masculinidade ou de liderança masculina com o conceito de agressividade.
A gente tem visto a disrupção como sinônimo de masculinidade. O diálogo dos dois, gente, eles são adultos, isso não é moleque de 12 anos falando. 'Ah, porque você não é homem'. 'Ah, eu dei a cadeirada e daria de novo, porque sou homem, sim'. Isso é ser homem? Ser homem é bater nos outros? Aparentemente, para nossa sociedade é.
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