Ofensa, cadeirada e block no WhatsApp: a cronologia de Datena x Marçal
Trocando farpas ao longo da campanha eleitoral, o conflito entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo José Luiz Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB) teve um novo capítulo durante debate no último domingo (15).
O que aconteceu
Em debate promovido pela TV Cultura, Pablo Marçal relembrou uma acusação de assédio sexual contra Datena, em caso ocorrido em 2019. Na ocasião, a ex-repórter do Brasil Urgente Bruna Drews denunciou Datena ao Ministério Público de São Paulo, descrevendo a conduta do então apresentador em uma confraternização de trabalho. Datena teria dito que Bruna não precisava emagrecer porque já "era muito gostosa", que já tinha se masturbado pensando nela e que achava "um desperdício" a profissional "namorar uma mulher".
Marçal usou seu tempo de fala para provocar o adversário. O ex-coach citou o trecho "homem é homem, mulher é mulher. Estuprador é diferente, né" da música Diário de um detento, do grupo Racionais MCs, e usou o termo "jack", gíria utilizada nas cadeias em referência a acusados de assédio sexual. Marçal disse ainda que Datena estaria pagando "milhões" pelo silêncio da vítima.
Datena se disse inocente, e afirmou que o caso foi arquivado. "Foi uma acusação e a polícia não viu prova nenhuma, nem o Ministério Público, que arquivou o processo. A pessoa que me acusou se retratou publicamente em cartório, pediu desculpas".
Marçal disse que Datena "não era homem" para agredi-lo, citando encontro anterior entre os dois. O candidato ainda chamou Datena de "arregão". O tucano, então, usou uma cadeira para bater no adversário. Após a agressão, Datena foi expulso do debate e Marçal, alegando não se sentir bem, também deixou o evento.
Marçal foi encaminhado ao Hospital Sírio-Libanês e na manhã desta segunda-feira (16), recebeu alta. O ex-coach deixou o local andando, com o braço imobilizado com uma tipoia, e foi para o IML (Instituto Médico Legal) realizar exame de corpo de delito. O caso foi registrado no 78º DP (nos Jardins) como lesão corporal e injúria.
Equipe de campanha de Marçal declarou que o candidato teve lesões na costela e na mão direita. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, mensagem enviada pelo próprio Marçal a Datena na madrugada desta segunda-feira dizia "Você quebrou a minha costela, cara". Em nota, o Sírio Libanês informou que Marçal teve traumatismo na região do tórax à direita e no punho direito, "sem maiores complicações associadas".
Em nota, Datena reconheceu que errou ao agredir Pablo Marçal. Apesar do reconhecimento, o candidato afirmou que não se arrepende do gesto e que faria novamente se as circunstâncias fossem as mesmas. Segundo Datena, Marçal precisava ser "contido".
Candidatos se reencontram nesta terça-feira (17). Tanto Datena quanto Marçal confirmaram presença no debate RedeTV!/UOL. O evento está marcado para às 10h20 e será transmitido ao vivo na home do UOL e no YouTube do UOL.
Embate entre candidatos tem crescido durante campanha
Setembro/2024
Candidatos já haviam se estranhado em debate realizado no início do mês. Em encontro promovido pela Gazeta/MyNews, Marçal e Datena protagonizaram bate-boca. O candidato do PSDB saiu de seu púlpito, foi até o do rival e o peitou. "Está desequilibrado. Quer ser prefeito ou ditador?", questionou Marçal. O termo "ditador" também foi utilizado diversas vezes por Marçal após a agressão do último domingo.
Denise Campos de Toledo, mediadora do debate, quase precisou descer do púlpito para apartar a discussão. Em participação no UOL News do último dia 02, a jornalista afirmou que se sentiu "uma professora de escola de baixíssimo nível". Segundo Denise, "já estava havendo uma provocação de bastidores muito pesada dos dois lados".
Marçal teria enviado mensagens a Datena antes de debate da TV Cultura. "Oi Datena. Me perdoe pelas palavras pesadas contra você. Meu coração tem ficado muito triste em relação a esses ataques que estamos fazendo uns aos outros. Eu nunca toquei em nada de ninguém. Não me curvo pra bandido e sou um cara honrado. Tenho sentido que somos animais num zoológico e todos querem ver agressões gratuitas. Independente de qualquer coisa, aqui é um ser humano mandando mensagem para outro ser humano. Deus te abençoe aí cara", escreveu o candidato do PRTB. Segundo a Folha de S. Paulo, Datena não correspondeu ao contato do adversário.
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Quero receberAgosto/2024
Datena declarou que Marçal o abordou na véspera de debate da Band para combinar dobradinha. Segundo o tucano, o contato tinha a intenção de combinar que "eu [Datena] atacaria Ricardo Nunes e ele [Marçal], atacando Boulos. "Rapaz, isso não é ético", teria dito o apresentador diante da proposta.
Conflito entre os candidatos partiu para frente das câmeras. Datena disse que não teria atendido a ligação do influenciador "se soubesse o vagabundo sem vergonha, ladrão condenado, estelionatário de internet que você é".
Como forma de boicote a Marçal, Datena, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) cancelaram presença em debate promovido pela Veja. O ex-coach afirmou que as ausências eram reflexo de um problema de falta de "masculinidade e virilidade" que atinge a "nação". Marçal apelidou Datena de "Dá pena", termo usado antes da cadeirada no debate da TV Cultura.
Setembro/2024 - pós debate
Datena disse que recebeu mensagem de Marçal. Na madrugada após o debate da TV Cultura, Datena disse ter recebido um WhatsApp de Marçal, em que o concorrente na eleição afirmou: "Você fraturou minha costela, cara". A informação é de Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, e confirmada pelo UOL.
Marçal leva block do apresentador. Após receber essa mensagem, Datena disse ter bloqueado o candidato do PRTB na rede de troca de mensagens.
Relembre o caso citado por Marçal
Episódio teria ocorrido em junho de 2018. Na época da acusação, Bruna Drews disse que procurou um advogado logo após o assédio, mas foi orientada a esperar para fazer a denúncia até "fundamentar toda a nossa história" e ter testemunhas. A repórter relatou ainda que teve uma grave crise de depressão e pânico depois do ocorrido.
Jornalista moveu ação trabalhista contra a Band. Segundo Bruna, a emissora foi conivente com as atitudes do apresentador, pois, ao enviar uma carta à empresa comunicando sobre o assédio, teria recebido como sugestão: "Fica em casa um tempo, descansa".
Datena negou as acusações e abriu processo contra Bruna por difamação. O apresentador afirmou à época se tratar de "calúnia" e que Bruna teria problemas "psicológicos, problemas de família, pessoais e trabalho". "Na comemoração, repeti a ela que ela era muito bonita e que não precisava emagrecer, porque ela já era competente. Tirando isso, todo o resto é mentira, calúnia e delírio", disse o apresentador.
Bruna retirou acusações meses depois. Em outubro de 2019, a jornalista assinou uma carta em que recuava em relação às declarações contra Datena. Em entrevista à Universa, Bruna afirmou que a retirada das acusações havia sido feita foi sob pressão, e que foi induzida a assinar o documento.
Processo foi arquivado. Bruna afirmou que o arquivamento ocorreu "inexplicavelmente", sem que ela fosse ouvida pela polícia. Como Datena a havia processado, ela se viu no papel de ré. "Eu não tenho dinheiro e nem saúde para enfrentar esse processo", disse na ocasião, alegando sofrer de estresse pós-traumático devido ao trabalho na Band. A repórter declarou ainda que teria se aposentado por invalidez pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
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