Ameaça? Nunes usa cadeira e 'silêncio' em direito de resposta a Marçal

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), ganhou na Justiça Eleitoral um direito de resposta a um dos muitos ataques promovidos por Pablo Marçal (PRTB).

A sentença previa a publicação de um vídeo do candidato à reeleição nas redes sociais do adversário.

Até aí, zero novidade: o prefeito estava ofendido porque foi chamado de "canalha" e procurou reparação na Justiça.

Mas Nunes desta vez inovou e, em vez de ler a sentença ou a nota de repúdio em teleprompter, como costumam fazer os postulantes quando se sentem ofendidos, decidiu transformar o direito de resposta em performance de teatro contemporâneo — minimalista, mas cheio de elipses e significados.

Na peça, Nunes entra em cena como um torturador a mostrar algum objeto de sevícia à vítima. Em vez de cassetete, o objeto batucado com o olhar fixo na presa é uma banqueta.

Sim, um acessório similar ao usado por outro candidato, José Luiz Datena (PSDB), para alvejar o rival no debate da TV Cultura, no início do mês.

Nunes entra em cena vestindo terno chumbo, camisa azul e sem gravata. O cenário é todo cinza tal qual o figurino.

"Pablo Henrique! Mais um direito de resposta", diz o prefeito, balançando a cabeça diante do aluno mal comportado. Ele, então, deixa a banqueta no centro da cena e avisa: "Fui".

E vai.

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A cadeira fica.

Para bom entendedor, meia ameaça basta.

Sobre o assento aparece, em seguida, a mensagem: "Esse banco está aqui em forma de protesto, pelo desrespeito do candidato Pablo ao povo de São Paulo e a mim. Isso já cansou. Pablo Henrique, olhe para esse banco e reflita sobre o conselho que seu pai te deu: 'Honra tua família, sai dessa!".

No futuro alguém poderá dizer que foi assim, pensando caminhar em direção à reeleição, que Nunes se descobriu ator: vestindo o figurino de gangster e tentando produzir na plateia (no caso, Marçal) a libertação de uma tensão emocional que os especialistas chamam de catarse.

Tenta fazer isso batendo onde mais dói.

O punho ferido? Não. A lembrança do diálogo do ex-coach com o pai quando ele se envolveu com uma quadrilha responsável por aplicar golpes eletrônicos em Goiânia.

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"Honra tua família, sai dessa" foi exatamente a frase dita na época pelo pai do hoje candidato.

A turma que preparava elenco em "Tropa de Elite" deve ter até arrepiado.

Para quem se apoia em uma plataforma que mistura discurso motivacional e religião, e que tem na palavra "família" um ponto central, a lembrança é ou deveria ser destruidora a Pablo Marçal.

Entre xingamentos e agressões, muitas linhas foram ultrapassadas nesta eleição. Tantas que ninguém mais se lembra de qual era o ponto de origem.

E já não choca ninguém que um prefeito faça uma ameaça pública assim a um rival e traga, a tiracolo, questão familiar ao baile — no caso, contra quem mais usou a família alheia para covardemente produzir gatilhos emocionais em oponentes.

Apesar da musiquinha de sitcom usada na "peça", não tem nada de engraçado nisso.

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Ou então ninguém mais vai estranhar se no dia da eleição os candidatos acordarem com uma cabeça de cavalo na cama.

Opinião

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