Após subir tom na campanha, Boulos diz que não é 'Madre Teresa de Calcutá'

O candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) disse que não é "Madre Teresa de Calcutá" ao justificar o fato de ter adotado um tom mais agressivo contra Ricardo Nunes (MDB) no segundo turno da disputa municipal.

O que aconteceu

Boulos relembrou o episódio do laudo falso de Pablo Marçal (PRTB), ataques de Nunes e disse que agirá na lógica do "bateu, levou". "Me desculpe, eu não sou a Madre Teresa de Calcutá (...) Eu não sou saco de pancada", respondeu em entrevista ao podcast Inteligência Ltda., na noite desta quarta-feira (23).

Eu fui atacado, desde o primeiro dia até o debate. 48 horas antes da eleição, atacado e chamado de usuário de droga. Eu tive que fazer um exame toxicológico pela primeira vez na minha vida, fazer um exame para apresentar no debate da Globo. Aí, tendo que lidar com fake news de radical, de invasor, agora, com o Ricardo Nunes, fake news de que eu quero acabar com a polícia, de que eu quero não sei o quê. Me desculpe, eu não sou a Madre Teresa de Calcutá, certo? Eu, sim, tenho postura. Com postura, me preparei para governar a cidade, mas tem limite, eu não sou saco pancada, não nasci para isso.
Guilherme Boulos ao comentar tom mais agressivo no segundo turno

Boulos abandonou o discurso moderado do primeiro turno e escalou o tom das críticas a Ricardo Nunes. Em busca de virada no segundo turno, ele tem reforçado a acusação de violência doméstica contra o prefeito, denúncias de corrupção na gestão e uma suposta associação de Nunes ao crime organizado. O candidato à reeleição, por outro lado, tenta colar a pecha de extremista do adversário pelo histórico dele como líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).

O candidato do PSOL voltou a indiretamente se referir a Nunes como agressor de mulher. "Eu bati o carro, mas nunca bati em mulher. Bater em mulher é coisa de covarde, de canalha, de vagabundo", disse ao responder sobre um episódio trazido por Nunes no debate da Record TV. Segundo o prefeito, o psolista teria batido o carro em 2017 e teve a conta paga pelo pai, Marcos Boulos. A resposta de Boulos faz alusão ao boletim de ocorrência registrado pela esposa de Nunes, Regina Carnovale Nunes, que o acusou de ameaça.

Atrás nas pesquisas, o candidato tem usado estratégias de Marçal para conseguir virada contra Nunes. Assim como Boulos, que tem trazido o assunto à tona reiteradas vezes, o influenciador perguntou a Nunes em um debate, mais de dez vezes, sobre o BO — o prefeito alega ter havido desentendimento por telefone, e não agressão física.

Agressividade contra Nunes também busca atrair o eleitor de Marçal. A campanha de Boulos acredita que parte dos votos recebidos pelo ex-coach não é necessariamente ideológica, mas de pessoas que desejam mudança na gestão da cidade e foram atraídas pelo discurso enérgico e antissistema do influenciador.

Boulos se referiu a Nunes com apelido usado por Marçal contra prefeito. Durante a campanha no primeiro turno, o ex-coach chamava o candidato à reeleição de "bananinha". "Se ele viesse com camisa de fruta, ele viria com camisa de banana, o que significa que ele iria votar no Nunes", disse Boulos em referência a um integrante da equipe do podcast.

Foi no Inteligência Ltda. que Pablo Marçal (PRTB) apresentou o laudo falso contra Boulos. Em entrevista ao programa a dois dias do primeiro turno, o ex-coach foi questionado pelo apresentador sobre as acusações de que o psolista seria usuário de drogas. Marçal respondeu que havia provas de uma internação de Boulos por consumo de cocaína e, em seguida, publicou o prontuário falso nas redes sociais dele. O caso é investigado pela Polícia Federal.

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