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Embaixadas dos EUA em países árabes são alvos de protestos por causa de filme americano

Manifestantes correm após polícia egípcia lançar gás lacrimogênio, nesta quinta-feira (13), durante confrontos em rua que leva à Embaixada dos EUA no país, perto de Praça Tahrir, no Cairo - Hussein Tallal/AP
Manifestantes correm após polícia egípcia lançar gás lacrimogênio, nesta quinta-feira (13), durante confrontos em rua que leva à Embaixada dos EUA no país, perto de Praça Tahrir, no Cairo Imagem: Hussein Tallal/AP

Do UOL, em São Paulo

13/09/2012 06h35Atualizada em 13/09/2012 11h27

Um filme de produção norte-americana no qual, segundo islâmicos, o profeta Maomé é ridicularizado continua gerando uma série de protestos pelo mundo árabe, nesta quinta-feira (13).

Centenas de manifestantes invadiram na manhã desta quinta-feira (13) a Embaixada dos Estados Unidos em Sana, no Iêmen, durante mais um episódio de protesto contra o vídeo, que já causou ataques violentos contra legações americanas na Líbia e no Egito.

De acordo com a agência AFP, a polícia atirou para o alto para tentar dispersar os manifestantes, mas eles conseguiram entrar na área no local e atearam fogo em vários carros. Segundo uma fonte dos serviços de segurança, polícia iemenita matou a tiros uma pessoa e feriu outras cinco durante os confrontos. 

Ainda nesta manhã, outros confrontos foram registrados também no Iraque. Centenas de simpatizantes do clérigo radical xiita Moqtada al-Sadr protestaram na cidade de Najaf, 150 km ao sul de Bagdá, contra o filme, com frases hostis aos Estados Unidos e a Israel. Najaf, uma das principais localidades sagradas dos xiitas, abriga o mausoléu de Ali, figura central desta corrente religiosa.

No Irã, quase 500 pessoas protestaram nesta quinta em Teerã perto da embaixada da Suíça, que representa os interesses dos Estados Unidos no país.

Mais de 200 policiais e bombeiros impediram a aproximação dos manifestantes da embaixada. Os funcionários da representação foram retirados do local por precaução. Os manifestantes gritavam frases como "Morte aos Estados Unidos" e "Morte a Israel".

O filme amador "Inocência dos Muçulmanos", de orçamento reduzido, trama confusa e cenários artificiais, que pretende ser uma descrição da vida do profeta Maomé e evoca temas como homossexualismo e pedofilia, provocou a revolta dos muçulmanos no Oriente Médio e norte da África.

Vítimas no Egito

Durante a madrugada, a embaixada americana no Egito, localizada no centro da capital, Cairo, também foi alvo de ataques, numa revolta generalizada dos islâmicos. Ao menos 16 pessoas ficaram feridas em choques entre manifestantes e policiais nas imediações do prédio, segundo o Ministério de Saúde do país.

Entre os feridos há um oficial da polícia e quatro agentes, e nove pessoas foram detidas após os incidentes, de acordo com a agência de notícias Mena.

O chefe do Departamento de Primeiros Socorros do Ministério, Ahmad al Ansari, afirmou que ao menos 11 pessoas foram atendidas em ambulâncias no local, enquanto outras duas foram internadas em um hospital.

Segundo a agência de notícias Mena, soldados da Segurança Central mantêm na manhã desta quinta-feira (13) todas as ruas de acesso à legação diplomática fechadas, depois dos confrontos desta madrugada entre as forças da ordem e manifestantes acampados na região.

Imagens da televisão egípcia mostraram a situação nos arredores do complexo, onde dezenas de jovens seguem lançando pedras contra a barreira policial, que responde com gás lacrimogêneo.

Os choques se originaram quando a polícia tentou desmantelar um acampamento junto à sede diplomática em protesto pelo vídeo realizado nos EUA por um cidadão israelense-americano - segundo informaram meios de comunicação desse país -, no qual a figura do profeta Maomé seria banalizada.

O acampamento foi erguido depois dos protestos de terça-feira (11) frente à embaixada, nos quais vários manifestantes conseguiram escalar o muro do complexo, arrancar a bandeira dos EUA e substituí-la por outra que dizia "Não há Deus maior que Alá e Maomé é o seu profeta".

Durante os distúrbios, os agentes usaram gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, que responderam com pedras e garrafas.

O controvertido vídeo foi supostamente o estopim do protesto frente ao consulado americano em Benghazi, no leste da Líbia, que acabou na noite de terça-feira (11) em um ataque contra o edifício no qual morreu o embaixador Christopher Stevens e três funcionários da legação.

Segurança reforçada

Os dirigentes de Líbia e Egito se comprometeram com o presidente americano, Barack Obama, a reforçar a segurança nas embaixadas dos Estados Unidos em seus países e a investigar os ataques contra as legações norte-americanas, informou nesta quinta-feira (13) a Casa Branca.

Segundo um comunicado, Obama falou com o líbio Mohammed el Magariaf e o egípcio Mohammed Mursi após os ataques de terça-feira (11) contra o consulado em Benghazi, Líbia, onde morreram o embaixador e outros três americanos, e contra a embaixada americana no Cairo.

O presidente líbio, segundo a fonte, se comprometeu a colaborar com os EUA na investigação do ataque com lança-granadas e metralhadoras contra o consulado, que aconteceu durante um protesto contra um vídeo que ridicularizava o profeta Maomé.

As autoridades americanas suspeitam que se trate de um ataque planejado no qual um grupo terrorista se aproveitou do protesto, segundo alguns meios de comunicação.

Por sua parte, o presidente egípcio, Mohammed Mursi, assegurou a Obama que o Egito "cumprirá com seu dever de garantir a segurança do pessoal americano". (Com agências internacionais)