Passagem de tufão nas Filipinas deixa 714 mortos; centenas estão desaparecidos
As autoridades anunciaram nesta segunda-feira que o tufão que devastou o sul das Filipinas já causou a morte de 714 pessoas. O número de desaparecidos é de 890, enquanto há quase 2 mil feridos. Na última quinta-feira (6), o governo do país, um arquipélago com mais de 7 mil ilhas, afirmou que 250 mil estão desalojadas por causa do que pode ser um dos mais mortíferos tufões dos últimos anos.
As equipes de socorro recuperaram pelo menos 477 corpos nesta quinta-feira: 258 na costa leste e 191 perto das cidades de Nova Bataan e Monkayo , uma região de pequenas minas de ouro clandestinas nas montanhas, expostas a deslizamentos de terra, indicou o general responsável por dirigir os resgates, Ariel Bernardo.
O Escritório da Defesa Civil em Manila afirmou que mais 19 pessoas morreram em Mindanao e nove em outras ilhas.
Erinea Cantilla e sua família andaram descalços por dois dias, em água lamacenta e destroços, em busca de comida e abrigo após a destruição de sua casa e da plantação de banana e cacau, não muito longe de Nova Bataan.
"Tudo o que tínhamos se perdeu. As únicas pessoas que ficaram para trás, estão mortas", testemunhou à AFP, com o marido, três filhos e uma neta.
A prioridade do governo nesta quinta é encontrar 380 pessoas desaparecidas e construir abrigos temporários para 250 mil desabrigados, indicaram as autoridades.
"Não haverá limite de tempo. Vai levar o tempo que precisar", declarou o chefe da Defesa Civil, Benito Ramos, quando questionado quanto tempo duraria as buscas..
As autoridades revisam com frequência o número de vítimas do tufão, à medida que as equipes de emergência conseguem acessar as regiões isoladas no sul do arquipélago.
O Bopha tocou a terra na parte leste da ilha de Mindanao na terça-feira, com rajadas de ventos de até 210 km/h e chuvas torrenciais.
Em New Bataan o exército seguia trabalhando com a ajuda de helicópteros e equipamentos pesados para socorrer as vítimas e retirar as árvores, a terra e as pedras arrastadas pelas tempestades.
"Nestas zonas precisamos urgentemente de sacos para cadáveres, medicamentos, roupas secas e, sobretudo, barracas, porque os sobreviventes estão no exterior desde que o tufão destruiu casas e derrubou tetos", disse à AFP a ministra de Assuntos Sociais, Corazón Soliman.
"Os corpos de New Bataan estão como ficaram, no chão, ao relento, e não queremos arriscar o surgimento de doenças", disse.
Corpos cobertos de lama foram levados em caminhões militares e depois alinhados dentro de barracas para que os sobreviventes pudessem reconhecê-los.
Os sobreviventes cavavam entre os escombros para tentar recuperar alguma coisa em meio à paisagem desoladora.
"Há famílias inteiras que morreram", disse o ministro do Interior, Manuel Mar Roxas, que foi ao local dos fatos acompanhado da ministra Corazón Soliman.
A estrada estreita que permite o acesso a New Baatan ficou bloqueada pela queda de árvores e rochas, afirmou o general Ariel Bernardo, comandante da 10ª divisão de infantaria com base em Mindanao.
"Esperamos poder mobilizar nossos helicópteros para executar missões de reconhecimento, busca e salvamento", explicou.
Muitos moradores de Mindanao, em sua maioria muçulmanos, permaneciam isolados em suas casas nesta quarta-feira, sem energia elétrica.
"Três vilarejos costeiros permanecem isolados", disse Corazón Malanyaon, governadora de Davao Oriental. "As estradas que seguem para as localidades estão bloqueadas por árvores e escombros. Uma ponte desabou", explicou.
A governadora afirmou que 95% dos edifícios do centro da localidade de Cateel, onde morreram pelo menos 16 pessoas, ficaram sem teto, incluindo hospitais.
A cada ano, quase 20 tempestades ou tufões importantes afetam as Filipinas, em sua maioria durante a temporada de chuvas entre junho e outubro. Bopha é o 16º do ano.
Em agosto, as inundações provocadas por várias tempestades deixaram mais de 100 mortos e obrigaram mais de um milhão de pessoas a abandonar suas casas.
Em 2011, 29 tufões passaram pelas Filipinas e provocaram as mortes de 1.500 pessoas, sendo 1.200 apenas em Mindanao durante a tempestade Washi. (Com AFP)
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