Operação para libertar reféns deixa 49 mortos na Argélia, dizem islamitas
Um bombardeio do Exército da Argélia deixou ao menos 49 mortos nesta quinta-feira (17) durante ação para tentar liberar reféns em um campo de exploração de gás, indicou um porta-voz dos sequestradores para a agência de notícias Nouakchott Information (ANI).
Os mortos são 34 reféns e 15 dos rebeldes extremistas islâmicos, que chegaram ao local após a França bombardear o norte do Mali. Quatro reféns estrangeiros teriam sido liberados pelo Exército da Argélia, entre os quais há dois britânicos, um queniano e um francês. A agência estatal "APS" informou que cerca de 600 trabalhadores argelinos também teriam sido libertados hoje pelo Exército.
Mais de 24 horas após o início do sequestro, o número exato e a nacionalidade dos reféns continuam sem confirmação precisa.
O novo porta-voz do grupo, não identificado, explicou que eles tentavam transportar parte dos reféns a um local mais seguro, usando veículos das empresas que administram o local, quando a o comboio foi atacado pelo bombardeio, "matando reféns e sequestradores ao mesmo tempo". Ainda não se sabe a nacionalidade dos reféns mortos.
O Exército argelino lançou também um ataque terrestre ao campo, declarou o representante, que ainda afirmou que são sete o total de reféns vivos: três belgas, dois americanos, um japonês e um britânico. O grupo exige o fim da intervenção francesa no Mali. "Vamos manter o resto dos reféns, e os mataremos se o Exército se aproximar", ameaçou
O sequestrador não fez nenhuma alusão à fuga de 30 reféns, informado mais cedo pela administração da província de Illizi, fronteiriça com a Líbia onde fica o sítio, mais exatamente na cidade de Tiganturin, a 40 km de In Aménas.
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O grupo dizia estar com 41 reféns estrangeiros, entre eles sete americanos, franceses, britânicos e japoneses, mas o número não foi confirmado.
O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, classificou a morte de um refém britânico na quarta (16) como "assassinato a sangue frio". O presidente da França, François Hollande, confirmou que há franceses entre os sequestrados e que diante da situação confusa, que evolui de hora em hora, confia nas autoridades argelinas para uma solução.
O ataque começou na madrugada de ontem (16), no sítio operado pelas empresas nacional Sonatrach, a britânica BP (British Petroleum) e a norueguesa Statoil. A Statoil anunciou ontem que vai fechar a planta.
O presidente da Statoil, Helge Lund, apontou que entre os sequestrados há nove noruegueses, mas também desconhece o número total. Ontem, o primeiro-ministro norueguês, Jens Stoltenberg, havia anunciado que eram 13 cidadãos do seu país capturados.
O grupo de rebeldes é ligado à Al Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) e pelos movimentos Ansar Dine e Mujao. É dirigido pelo argelino Mojtar Belmojtar, que assumiu a autoria do ataque. Segundo Belmojtar, autoproclamado emir da "Brigada dos Mascarados", a ação é uma resposta à abertura do espaço aéreo da Argélia para que a aviação francesa bombardeasse o norte do Mali no domingo (13), controlado por grupos armados salafistas desde junho de 2012.
Confira a localização da região argelina de In Aménas, que fica na fronteira com a Líbia
DADOS DO MALI:
Capital: Bamaco
População: 15,5 milhões (2012)
Língua oficial: francês
PIB: US$ 17,9 bilhões (2011)
Tamanho: 7º maior país da África
Divisão religiosa: 90% muçulmanos, 1% cristãos
e 9% crenças indígenas
Guerra contra o terrorismo
Desde o dia 11 de janeiro, a França se declarou em "guerra contra o terrorismo" no Mali, após Hollande aceitar pedido de ajuda feito pelo governo da antiga colônia francesa, no dia 10. A França obteve apoio" da ONU e da Otan, além de apoio logístico de vários países europeus, entre eles o Reino Unido, e os Estados Unidos.
Os rebeldes anunciaram que atingirão "o coração da França".
Segundo o ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian, a chamada "Operação Cerval" conseguiu impedir o avanço dos rebeldes para o sul do Mali.
O ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, rejeitou qualquer semelhança entre a operação com a ação dos Estados Unidos contra o Taleban no Afeganistão, que já dura 11 anos.
As tropas seguem para a cidade de Diabali, na fronteira com a Mauritânia, tomada no dia 14 pelos rebeldes.
A França conta com 1.700 militares envolvidos na operação. Cerca de 3.000 soldados de países vizinhos ao Mali estão se preparando para tomar o lugar da operação francesa.
Os grupos radicais invadiram a região norte durante o golpe de Estado de 22 de março de 2012, que derrubou o então presidente Amadou Toumani Touré.
Cerca de 150 mil pessoas fugiram do conflito no Mali em direção aos países vizinhos, aponta o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). A organização informou que há cerca de 230 mil deslocados dentro do país. (Com agências internacionais)
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