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Papa Francisco diz que vai assegurar caminho do diálogo religioso

Do UOL, em São Paulo

20/03/2013 08h44

Durante um encontro com líderes religiosos, realizado na manhã desta quarta-feira (20), no Vaticano, o papa Francisco disse que vai assegurar o caminho do diálogo ecumênico a favor da unidade.

"Somos testemunhos de quanta violência é provocada pela falta de Deus na humanidade", justificou ele, ao ressaltar a importância de uma convivência saudável entre as mais diversas religiões. 

O papa afirmou estar ciente da importância que a Igreja Católica têm na "promoção da amizade e respeito entre homens e mulheres de diferentes tradições religiosas".

E, direcionado especialmente aos representantes judaicos, Francisco afirmou ainda que irá fomentar o diálogo com a religião iniciado com o Concílio Vaticano 2º. 

Antes do discurso do papa, o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu 1º, disse que a eleição do pontífice foi "inspirada por Deus". Ele também mencionou as "enormes tarefas dos homens diante de Deus" e a esperança de que o novo papa respeite a unidade dos cristãos.

 
O papa, por sua vez, lembrou aos líderes cristãos que "o melhor caminho em prol da unidade" é a "modificação de um mundo ainda marcado pela divisão, pelas disputas e pela rivalidade."
 
Estiveram presentes, segundo o jornal italiano "La Stampa", representantes de 34 diferentes igrejas cristãs não-católicas, sete representantes do judaísmo e outros cinco representantes de diferentes religiões (muçulmanos, budistas, sikhs, jainistas e hindus). 
 
O pontífice recebeu e cumprimentou pessoalmente todos eles. 

Missa inaugural

Durante a missa inaugural de seu ministério petrino, realizada na manhã desta terça-feira (19), o papa Francisco pediu especialmente aos chefes de Estados presentes, e também aos demais fiéis, que cuidem daqueles que têm "fome e sede". 

"Deus quer fidelidade à sua palavra", disse o pontífice. Essa palavra, segundo ele, inclui o respeito a todos e o cuidado por todos e por cada um, "especialmente pelas crianças e pelos idosos" e pelos "mais pobres e mais fracos".

Quem tem fome e sede, segundo ele, está em uma prisão. "E quem serve é capaz de proteger", acrescentou o sucessor de Bento 16. Para o papa, este é o caminho para que os sinais de destruição não acompanhem o caminho "deste mundo".

"Antes de guardarmos os outros, devemos cuidar de nós mesmos. O ódio, a inveja e o orgulho sujam a vida", afirmou o pontífice, que explicou que "guardar" é "vigiar" os sentimentos. "São deles que sai as boas e as más intenções."

No discurso, o papa também pediu maior proteção ao meio ambiente. A vocação de guardião, de acordo com ele, inclui "ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos". 

Perfil do novo papa

Primeiro papa latino-americano da história da Igreja Católica, Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, em 17 de dezembro de 1936.

Foi ordenado sacerdote em 13 de setembro de 1969. O jesuíta foi nomeado bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires pelo papa João Paulo 2º em 20 de maio de 1992. No mesmo ano, ele foi confirmado como bispo titular da capital argentina em 27 de junho.

Na Argentina, Bergoglio é conhecido pelo conservadorismo e pela batalha contra o kirchnerismo. O prelado também é reconhecido por ser um intenso defensor da ajuda aos pobres.

O argentino costuma apoiar programas sociais e desafiar publicamente políticas de livre mercado.

Bergoglio é considerado um ortodoxo conservador em assuntos relacionados à sexualidade, se opondo firmemente contra o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o uso de métodos contraceptivos.

Em 2010, entrou em controvérsia pública com a presidente Cristina Kirchener ao afirmar que a adoção feita por casais gays provocaria discriminação contra as crianças.