Suspeitos de atentado frustrado comparecem à justiça no Canadá e negam acusação
Dois homens suspeitos de tentar preparar um atentado contra um trem no Canadá compareceram nesta terça-feira (23) perante uma juíza de Toronto e foram acusados, entre outras coisas, de "associação terrorista" e de "conspiração para cometer assassinato com um grupo terrorista".
Chiheb Esseghaier, 30, e Raed Jaser, 35, foram detidos na segunda-feira (22) por supostamente planejar um ataque contra um trem de passageiros sob as ordens de membros da Al Qaeda residentes no Irã. Esseghaier disse ao juiz que as acusações são baseadas em "aparências" e não em fatos.
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Alí Akbar Salehi, rejeitou a acusação, e a classificou de "verdadeiramente ridícula".
Durante o breve comparecimento de Jaser ante uma juíza de Toronto, esta aceitou um pedido do advogado de defesa para que se proíba aos meios de comunicação publicar qualquer informação fornecida no curso da audiência.
O advogado de defesa John Morris acusa a polícia de "demonizar" os dois suspeitos e questionou o momento das detenções, imediatamente depois das explosões em Boston e quando os legisladores canadenses discutem novas medidas antiterroristas. O advogado também disse durante uma entrevista coletiva realizada nos arredores do tribunal, que seu cliente "tem a intenção de se defender vigorosamente destas acusações" e que deseja ver as provas que as autoridades têm contra ele.
Os suspeitos não são canadenses, mas sua nacionalidade não foi revelada. Um deles morou em Montreal por vários anos, completou a polícia, sem especificar qual deles.
A polícia informou que os detidos "observavam os trens e vias da região de Toronto", capital econômica do país. Segundo vários veículos de comunicação, o alvo era a linha Nova York - Toronto, que registra grande movimento de passageiros.
O comissário James Malizia informou que os suspeitos "estavam recebendo apoio de elementos da Al Qaeda no Irã", mas destacou que "não há indicação de que estes ataques tenham sido patrocinados por um Estado". O tipo de assistência oferecida era "direção e orientação".
Os planos dos suspeitos, que estavam sob vigilância desde agosto de 2012, "não eram baseados em suas origens étnicas, e sim em sua ideologia".
De acordo com a superintendente-chefe da Polícia Montada, Jennifer Strachan, "esses indivíduos se preveniram e realizaram atividades para iniciar um ataque terrorista". Ela garantiu que não há ameaça iminente de ataque.
"Embora a polícia acredite que esses indivíduos tivessem a capacidade e a intenção de realizar esses atos criminosos, não houve ameaça iminente para o público em geral, funcionários ferroviários, passageiros, ou infraestrutura", de acordo com a declaração oficial.
Momento delicado
As detenções ocorreram uma semana depois do ataque em Boston, e no momento em que o Parlamento Canadense discute uma proposta para reforçar leis antiterror, incluindo a criminalização de viagens de canadenses ao exterior para participar de um ataque.
A investigação foi feita em parceria com o FBI. De acordo com um porta-voz da embaixada americana em Ottawa, as prisões resultaram de "uma extensiva cooperação transfronteiriça".
O ministro de Segurança Pública do Canadá, Vic Toews, creditou o sucesso da operação ao "fato de o Canadá trabalhar muito próximo dos parceiros internacionais para combater o terrorismo". "As detenções de hoje demonstram que o terrorismo continua a ser uma ameaça real ao Canadá", alertou.
As detenções ocorreram em Toronto e em Montreal (leste), indicaram as autoridades. É a primeira vez que a Al Qaeda aparece em uma acusação formal no Canadá.
No dia 14 de abril, um grupo liderado pelo canadense Mahad Ali Dhore executou um grande ataque em Mogadíscio que deixou pelo menos 34 mortos. No mesmo mês, outro canadense foi detido na Mauritânia, onde havia sido condenado em 2012 por seu suposto pertencimento à Al Qaeda. (Com agências internacionais)
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