Bolívia aciona Interpol para deter senador refugiado no Brasil, diz jornal
O ministro de Governo da Bolívia, Carlos Romero (equivalente ao ministro-chefe da Casa Civil), disse que a Interpol foi acionada para deter o senador opositor Roger Pinto Molina, que chegou ao Brasil no fim de semana fugindo de seu país.
Entenda o caso envolvendo o senador boliviano Roger Pinto
28.mai.2012 - Durante encontro com embaixador, o senador boliviano Roger Pinto, da oposição ao presidente Evo Morales, pede asilo político ao Brasil
8.jun.2012 - O governo brasileiro concede asilo e é criticado por Evo Morales dias depois
19.jul.2012 - Governo boliviano sobe o tom e acusa o embaixador brasileiro de fazer "pressão"
2.mar.2013 - Um acordo bilateral decide criar uma comissão para analisar o caso de Roger Pinto
17.mai.2013 - O advogado do senador pede que o Supremo Tribunal Federal pressione o Itamaraty
23.ago.2013 - Por volta das 15h, saem da embaixada brasileira em La Paz Roger Pinto, o diplomata brasileiro Eduardo Sabóia e dois fuzileiros navais, em dois carros diplomáticos oficiais. Eles percorrem mais de 1.500 km por terra em uma viagem de mais de 22 horas
24.ago.2013 - Na tarde deste sábado, os carros chegam a Corumbá, no Mato Grosso do Sul e, à noite, pegam um jatinho de um empresário amigo do senador brasileiro Ricardo Ferraço (PMDB-ES) rumo a Brasília
25.ago.2013 - Roger Pinto, Ferraço e Sabóia chegam a Brasília
Ao site do jornal local "El Diário", Romero disse que o motivo do governo recorrer à polícia internacional são os problemas que o opositor causou ao Estado boliviano e sua saída do país rumo ao Brasil sem um salvo-conduto.
"A Interpol pode acionar os mecanismos legais correspondentes (...) Por isso, a polícia boliviana notificou esta instância internacional, juntamente com as evidências judiciais em poder do Ministério Público", disse o ministro.
Molina desembarcou à 1h10 de domingo (25) no aeroporto internacional de Brasília acompanhado pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. O político deixou La Paz em um carro da embaixada brasileira e viajou 1.600 quilômetros até Corumbá (MS), por autorização do chefe de chancelaria, ministro Eduardo Saboia, que substitui temporariamente o embaixador Marcel Biato.
Em seu país, o senador denunciou o envolvimento de autoridades bolivianas com o narcotráfico e é por elas acusado de corrupção e crime ambiental. Ele estava asilado na embaixada brasileira na Bolívia desde 28 de maio de 2012, em condições psicológicas muito ruins.
O caso
No fim de semana, o senador boliviano desembarcou em Brasília e agradeceu às autoridades brasileiras. Posteriormente, Molina disse que pretende reconstruir a vida aqui, ao lado de seus familiares.
O Itamaraty disse não ter conhecimento prévio da vinda do político e disse que abrirá um inquérito sobre o caso. Encarregado de negócios em La Paz (espécie de embaixador interino), o diplomata Eduardo Saboia disse ao programa “Fantástico”, da TV Globo, que decidiu trazer Molina ao Brasil porque o político estava deprimindo e correndo risco de vida.
Para Ferraço, Molina tem direito a asilo político no Brasil porque estava sendo perseguido pelo governo do seu país e submetido a condições desumanas. O próprio Molina virá ao Senado nesta terça-feira (27) para relatar o drama que viveu durante 465 dias em um quartinho da embaixada brasileira em La Paz, depois de acusações mútuas entre ele e o governo de Evo Morales.
"(Trazer o opositor ao Brasil) foi um ato de solidariedade humana", afirmou o parlamentar brasileiro.
O Ministério das Relações Exteriores informou que abrirá inquérito para apurar a saída de Molina. O governo boliviano também informou que irá apurar o caso.
A comissão deverá em breve ouvir o ministro Eduardo Saboia sobre o assunto. (Com Agência Senado)
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