Tio de Kim Jong-un é "apagado" de documentário na TV norte-coreana
Em outubro, quando o documentário "O Grande Camarada" sobre a vida do líder norte-coreano Kim Jong-un foi transmitido pela TV estatal do país, Jang Song Thaek, tio do ditador, ocupou papel de destaque no filme. Agora, dois meses depois, destituído do governo, o ex-número 2 do país comunista foi simplesmente "apagado" da retransmissão do documentário.
O filme foi retransmitido na TV norte-coreana no último sábado (7) com a mesma história, mas uma edição de imagens diferente. Jang, figurinha fácil nas fotos oficiais, geralmente ao lado de Jong-un, também sumiu do controlado noticiário local.
Nesta segunda-feira (9), a agência estatal de notícias KCNA confirmou a destituição de Jang. O canal de TV do governo mostrou imagens humilhantes do tio do atual ditador sendo arrastado por policiais uniformizados.
Segundo o governo norte-coreano, Jang, encarado como o verdadeiro líder por trás do trono, é acusado de ser corrupto, mulherengo e de utilizar drogas, além de liderar uma facção contrarrevolucionária.
Um analista sul-coreano havia previsto que um expurgo como este iria ocorrer, deixando Kim Jong-un como o centro indiscutível do poder.
A KCNA destacou que Jang, encarado como o mentor de seu sobrinho Kim, foi destituído de todos os cargos e títulos por cometer atos criminosos e liderar uma facção contrarrevolucionária.
A agência afirma que a decisão foi tomada no domingo em uma reunião do gabinete político do Comitê Central do Partido Comunista norte-coreano, que contou com a participação de Kim.
Não se sabe se o incidente ocorreu na reunião de domingo (8). No entanto, a rede de televisão divulgou outras fotos de domingo que mostravam um Kim impassível sentado ao lado de outros funcionários de alto escalão.
Em um comunicado com tom de advertência, o regime afirmou que Jang havia formado um grupo sedicioso dentro do partido e havia nomeado homens leais a postos estratégicos com o objetivo de cumprir suas ambições políticas.
Jang mantinha "relações inapropriadas" com muitas mulheres e se viu "afetado pelo modo de vida capitalista", acrescenta o comunicado.
"Ideologicamente enfermo, extremamente ocioso e despreocupado, consumia drogas e gastava divisas estrangeiras em cassinos, ao mesmo tempo em que recebia tratamento médico em um país estrangeiro sob os cuidados do partido", destaca a nota.
Jang também foi acusado de dificultar a produção estatal norte-coreana de ferro, fertilizantes e vinalon - uma fibra sintética - ao vender recursos a preços baixos e "colocar o sistema de gestão financeira do Estado em confusão".
Jang ocupava o cargo de vice-presidente da Comissão de Defesa Nacional, o órgão de decisão mais poderoso do país. Ele foi durante décadas uma das personalidades fundamentais do regime comunista, governado por três gerações de Kim desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Analistas afirmam que o principal papel de Jang foi garantir uma transição suave depois que o inexperiente Kim Jong-un chegou ao poder após a morte de seu pai, Kim Jong-Il, em dezembro de 2011. Mas eles ressaltam que Jang se tornou cada vez mais ressentido com o líder. (Com AFP)
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