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Pai de Trump foi preso em ato da Ku Klux Klan na década de 20, mostram arquivos da época

11.jan.1973 - Ao longo de sete décadas de construção de casas e edifícios por todo o Brooklyn e Queens, Fred Trump (direita) ganhou a reputação de um empreendedor meticuloso - Barton Silverman/The New York Times
11.jan.1973 - Ao longo de sete décadas de construção de casas e edifícios por todo o Brooklyn e Queens, Fred Trump (direita) ganhou a reputação de um empreendedor meticuloso Imagem: Barton Silverman/The New York Times

Do UOL, em São Paulo

15/08/2017 07h35

Reportagens publicadas em maio e junho de 1927 afirmam que Fred Trump, pai do presidente dos EUA, Donald Trump, foi preso em um tumulto após um ato da Ku Klux Klan em Nova York. A informação, descoberta pela imprensa americana durante a campanha presidencial de Trump, fez com que o presidente negasse que seu pai integrasse o grupo de extrema-direita racista.

As matérias da época não deixam claro que Fred Trump seria integrante do grupo, e afirmam que ele foi preso com outras seis pessoas –ele foi o único que não foi acusado formalmente. Fred teria 21 anos na época, e estava longe de ser o bilionário patriarca da família Trump.

No Memorial Day, em 28 de maio de 1927, segundo os arquivos, mais de mil homens vestidos com as roupas tradicionais da Ku Klux Klan marcharam pelo bairro Jamaica, no Queens, em Nova York. Durante confrontos, sete homens foram presos. Um deles é identificado como Fred Trump, morador da 175-24 Devonshire Rd., no bairro Jamaica. Donald nega que seu pai tenha morado no endereço, mas outras notas –de anúncio de casamento— confirmam a união de Fred Trump com Mary MacLeod, nome de solteira da mãe de Trump.

Nenhuma das notas dos jornais deixa claro o contexto ou o papel que Fred Trump desempenhou na confusão. Elas apenas observam que todos foram representados pelo mesmo advogado.

Donald Trump ao lado do pai, Fred, da mãe, Mary, e dos irmãos, em foto não datada - Reprodução/Facebook Donald J. Trump - Reprodução/Facebook Donald J. Trump
Donald Trump ao lado do pai, Fred, da mãe, Mary, e dos irmãos, em foto não datada
Imagem: Reprodução/Facebook Donald J. Trump

Durante a campanha presidencial, Donald Trump negou que seu pai tenha sido preso. "Ele não tem nada a ver com isso. Isso nunca aconteceu. Isto não tem o menor sentido e nunca aconteceu", disse Trump. "Ele nunca foi preso, condenado, nem mesmo acusado. Isto é completamente falso, uma história ridícula. Ele nunca esteve lá!", acrescentou.

Entre as publicações arquivadas que citam a prisão de Fred Trump no ato da Ku Klux Klan estão o "New York Times", o "Queens County Evening News", um jornal que era publicado no Brooklyn na época chamado "Daily Star". O "Long Island Daily Press" descreve o ato e as prisões do mesmo modo que os outros, mas não cita os nomes dos presos.

Histórico de racismo

Em 1973, o Departamento de Justiça de Richard Nixon processou Trump e seu pai, Fred Trump, por discriminar sistematicamente negros na locação de casas. Donald Trump era então presidente da companhia imobiliária da família, e o governo juntou provas arrebatadoras de que a empresa mantinha uma política discriminatória contra negros, inclusive aqueles que serviam no Exército.

Para provar a discriminação, os negros eram repetidamente enviados como verificadores para os prédios dos Trump para perguntar sobre vagas, enquanto verificadores brancos eram enviados logo na sequência. O negro sempre ouvia que não havia nada disponível, enquanto ao verificador branco mostravam apartamentos para locação imediata. Um ex-zelador que trabalhava para os Trump explicou que tinha a ordem de marcar um "C" (de "cor") em todos os formulários de interesse preenchidos por pessoas negras, aparentemente para que a agência soubesse quando rejeitá-los.

Segundo o "NYT", a família Trump fez um acordo que foi visto como uma vitória pelo governo. Três anos depois, o governo voltou a processar os Trump, por continuarem com as discriminações.