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Atirador do Texas foi dispensado da Força Aérea por agressão à mulher e aos filhos

05.nov.2017 - Devin Patrick Kelley, atirador que atacou igreja batista no Texas - Reprodução/CBS News
05.nov.2017 - Devin Patrick Kelley, atirador que atacou igreja batista no Texas Imagem: Reprodução/CBS News

Do UOL, em São Paulo

05/11/2017 23h30Atualizada em 06/11/2017 11h44

O atirador que matou 26 pessoas neste domingo (5) em uma igreja da pequena cidade de Sutherland Springs, no sudeste do Texas, nos Estados Unidos, foi identificado como Devin Patrick Kelley, e tem 26 anos, de acordo com a polícia local. Ele foi morto em circunstâncias ainda não esclarecidas e, aparentemente, não tem ligação com nenhuma organização terrorista.

Kelley vivia em New Braunfels, um subúrbio em San Antonio, a 56 km da cidade onde ocorreu o ataque. Uma das perguntas ainda sem resposta é por que ele escolheu atacar uma igreja tão distante.

Ele serviu na Força Aérea dos EUA na base Holloman, no Novo México, de 2010 a 2014, quando foi dispensado. O motivo foi uma denúncia de agressão contra sua mulher, Danielle Lee Shields, e seus filhos. Por isso, foi julgado em um tribunal militar em 2012, afirmou Ann Stefanek, chefe de comunicação da Força Aérea em um comunicado, citado pelo Los Angeles Times.

Segundo a mesma fonte, ele foi condenado a ficar 12 meses sob custódia e, por conta de seu mau comportamento, foi dispensado da instituição há três anos.

No ataque deste domingo, Kelley usou uma AR-15. Pelo menos 20 ficaram feridas durante o ataque, afirmou o governador do Texas, Gregg Abbott, em entrevista coletiva.

O ataque

"Nós não sabemos se esse número aumentará ou não, tudo o que sabemos é que é demais, e este será um longo sofrimento para aqueles que estão com essa dor", afirmou Abbott. "Estamos lidando como o maior tiroteio em massa na história do nosso estado. Há tantas famílias que perderam seus familiares. Pais, mães, filhos e filhas", lamentou.

Primeira Igreja Batista em Sutherland Springs - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
A polícia isolou a área ao redor da Primeira Igreja Batista em Sutherland Springs, no Texas, onde um homem abriu fogo neste domingo (5)
Imagem: Reprodução/Twitter
Testemunhas disseram que o atirador abriu fogo assim que saiu de seu carro estacionado próximo à igreja, por volta das 11h30 no horário local [15h30 no horário de Brasília]. Ele andou em direção à entrada da igreja e continuou com os disparos.

Quando saía da igreja, o atirador se atracou com um morador que tentou tomar-lhe o rifle. A arma caiu ao chão e o suspeito fugiu do local, afirmou a rede CNN.

A partir desse momento, começou uma breve perseguição a carro que incluiu moradores da cidade, segundo a CNN. A perseguição terminou no condado vizinho de Guadalupe, onde o suspeito bateu o carro que dirigia, informou o xerife do condado de Wilson, Joe Tackitt. 

Ainda não está claro se o atirador foi morto por um disparo feito por um dos policiais ou até mesmo por um morador que participou do cerco, ou ainda se ele se matou. Várias armas foram encontradas em seu carro.

Filha do pastor da igreja é uma das vítimas

De acordo com frequentadores, cerca de 50 pessoas costumam estar na igreja durante o culto matinal aos domingos.

A rede americana ABC informou que a filha do pastor da igreja, Frank Pomeroy, foi uma das pessoas morreram no atentado. Annabelle Renee Pomeroy tinha 14 anos de idade.

"Ela era uma criança bonita e especial", disse Pomeroy, que estava no Estado de Oklahoma no momento do tiroteio.

Moradora da cidade, Amanda Mosel afirmou ao jornal San Antonio Express que sua afilhada de 13 anos foi uma das pessoas assassinadas no tiroteio. "Havia talvez umas 50 pessoas lá [na igreja]. É uma igreja pequena e estreita".

Equipes de socorro  - Reuters - Reuters
Equipes de socorro atuam em frente à Primeira Igreja Batista de Sutherland Springs, no Texas, nos EUA, onde um homem abriu fogo neste domingo.
Imagem: Reuters
O FBI e equipes de primeiros socorros foram ao local do tiroteio, na cidade de Sutherland Springs, pequena comunidade a 48 km de San Antonio, no sul do Texas. A população local é estimada em 400 pessoas, de acordo com autoridades locais.

Helicópteros foram usados para levar feridos a hospitais de San Antonio.

Uma porta-voz do Connally Memorial Medical Center, nos arredores de Floresville, disse à Fox News que a instituição recebeu "oito pacientes depois do tiroteio", e que três deles foram então "transferidos para o Hospital Universitário de San Antonio", uma das maiores cidades do Texas.

Trump diz que monitora a situação

Antes de fazer um pronunciamento sobre o massacre, que classificou "como um ato de maldade", o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que está no Japão, havia se manifestado sobre o ocorrido por meio de uma mensagem na rede social Twitter.

“Que Deus esteja com o povo de Sutherland Springs, no Texas. O FBI [a polícia federal] e agentes da lei estão no local do crime. Estou monitorando a situação do Japão”, escreveu.

May God be w/ the people of Sutherland Springs, Texas. The FBI & law enforcement are on the scene. I am monitoring the situation from Japan.

— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 5 de novembro de 2017

Trump conversou por telefone com o governador Texas, Gregg Abbott.

"Pedimos o conforto e a orientação de Deus para a cura de todos os que estão sofrendo. Como governador, peço a todas as mães e papais que estão em casa esta noite: que vocês coloquem seus braços ao redor de seus filhos e deem um abraço grande neles para que eles saibam o quanto vocês os amam", afirmou o governador.

"A tragédia, claro, é agravada pelo fato de ter ocorrido em uma igreja, um lugar de adoração, onde essas pessoas foram abatidas inocentemente. Choramos por sua perda, mas apoiamos seus familiares", completou.

A ação de hoje ocorre pouco mais de um mês depois de um homem, identificado como Stephen Paddock, de 64 anos, abrir fogo da janela de um dos quartos do Mandalay Bay, famoso cassino e resort, durante um festival de música country na cidade de Las Vegas. Ao todo, 59 pessoas morreram e outras 500 ficaram feridas.

E acontece dois anos depois que o supremacista branco Dylann Roof entrou em uma igreja historicamente frequentada por fiéis afro-americanos em Charleston, na Carolina do Sul, e matou nove pessoas.

Todos os anos, mais de 33 mil pessoas morrem nos Estados Unidos, vítimas das armas de fogo, de acordo com um estudo recente. Desse total, 22.000 são casos de suicídios, informou a agência AFP.

O debate sobre a regulamentação das armas é relançado a cada tragédia, sem que a legislação seja modificada. Parte da explicação está na influência e na pressão exercidas pela Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), o poderoso lobby das armas nos EUA.