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Prefeitura de Boa Vista cerca venezuelanos em praça com tapumes e controla entrada e saída

Talita Marchao

Do UOL, em São Paulo

02/04/2018 16h58

A Prefeitura de Boa Vista instalou tapumes ao redor da Praça Simón Bolívar, isolando os cerca de 600 venezuelanos que vivem acampados ali. O acesso passou a ser controlado durante 24 horas por policiais da Guarda Civil Metropolitana, e somente moradores cadastrados podem entrar e sair da praça.

A administração municipal afirma que a estrutura foi instalada para "manutenção da praça", que deve passar por reforma. Mas fontes afirmaram ao UOL que o objetivo é impedir que mais venezuelanos acampem no local --os que já estão na praça devem ser levados para os abrigos da cidade. Nesta semana, mais dois serão inaugurados, totalizando seis abrigos na capital de Roraima.

Segundo a irmã Telma Lage, coordenadora do Centro de Migrações e Direitos Humanos da Diocese de Roraima, os venezuelanos foram acordados na manhã de sábado (2) com as obras. Os tapumes foram instalados ao redor da praça sem qualquer aviso prévio. 

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"Nossa preocupação agora não é só com os que já estão na praça cercados, mas também com quem chega. Agora tem polícia vigiando a entrada e saída da praça, só os que estão cadastrados entram, quem já estava ali. Só que a gente sabe que diariamente chegam muitas pessoas em Boa Vista, e elas não podem mais ficar na praça", afirma a irmã Telma.

A praça chegou a ser lar de mais de mil venezuelanos, e foi palco de um protesto de brasileiros contra a presença dos refugiados do país vizinho na cidade. Ela fica próxima da rodoviária internacional, onde chegam os ônibus que vêm de Pacaraima, cidade na fronteira com a Venezuela, e da própria Venezuela.

A praça também está perto da unidade da Polícia Federal onde os venezuelanos dão entrada no pedido de refúgio para permanecer no Brasil.

O fechamento da praça e a retirada gradual de pessoas do local coincide ainda com o início da temporada de fortes chuvas na região, em abril.