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EUA planejam dar 30 mil vistos para temporários que já trabalharam no país

Trump deseja reduzir a imigração, mas a economia pede mais mão de obra - Mandel Ngan/AFP
Trump deseja reduzir a imigração, mas a economia pede mais mão de obra Imagem: Mandel Ngan/AFP

Do UOL, em São Paulo*

08/05/2019 17h15

Os Estados Unidos planejam permitir, até o fim de setembro, o ingresso de 30 mil estrangeiros para trabalhos temporários - uma medida que mostra como o crescimento econômico freiam as intenções de Trump de restringir a imigração.

Os detalhes do plano estão em um documento obtido pela agência de notícias Associated Press.

A medida beneficiaria empresas que no ramo de ostras, peixarias, madeireiras e hotéis de temporada, incluindo o resort o "Mar-a-Lago", propriedade de Trump. Todos contratam imigrantes para trabalhos temporários para os quais é difícil encontrar cidadãos norte-americanos.

Os vistos, conhecido como H-2B, serão disponibilizados somente aos estrangeiros que já o receberam nos últimos três anos. Esse tipo de visto é concedido por um período de tempo determinado - por exemplo, durante a alta temporada em área turística -, e pode ser renovado por períodos de um ano, com o máximo de três anos.

Muitos desses trabalhadores voltam aos EUA todos os anos, trabalhando com as mesmas empresas. Esses trabalhadores já haviam sido selecionados, são de confiança e é pouco provável que fiquem no país quando expirarem suas autorizações, disseram as autoridades.

O Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos começará a receber solicitações do empregador em nome dos empregadores assim que a norma for publicada no registro federal.

O país enfrenta dificuldades para encontrar mão de obra. Atualmente, os EUA concedem no máximo 66 mil desses vistos por ano, uma quantidade que algumas empresas e legisladores consideram desatualizada, especialmente pela taxa de desemprego estar no nível mais baixo dos últimos 49 anos.

Os empregadores afirmam que precisam desesperadamente de mais mão de obra, contradizendo os republicanos, que afirmam que os vistos tiram os empregos dos americanos.

Trump também teria se beneficiado de trabalhadores temporários e pessoas que trabalham no país sem autorização em seus clubes de golfe.

Faltam trabalhadores

Funcionários dos departamentos de Segurança Nacional e do Trabalho dizem que a decisão dos vistos se baseia, em parte, no fato de que algumas empresas poderiam sofrer danos irreparáveis sem trabalhadores. As agências decidiram em conjunto elevar o limite durante os dois últimos anos fiscais, mas apenas 15.000 vistos adicionais foram concedidos nessas ocasiões.

O secretário interino de Segurança Nacional, Kevin McAleenan, disse que os vistos adicionais são uma solução temporária.

Ele indicou que o departamento quer que os legisladores "busquem uma solução legislativa de longo prazo que atenda às necessidades dos empregadores e ao mesmo tempo adote" os decretos de Trump na contratação de funcionários e na compra de produtos dos EUA.

De acordo com os dados mais recentes do governo, metade dos vistos temporários tiveram como destino os setores de agricultura e horticultura. Serviços de alimentação, silvicultura, exploração madeira, pesca e caça representam o restante dos vistos concedidos em 2017.

Os senadores Thom Tillis e Angus King, juntamente com os representantes Andy Harris e Chellie Pingree e outros 25 legisladores, enviaram uma carta este ano ao Departamento de Segurança Interna, afirmando que o aumento é necessário.

Em contrapartida, outro grupo de senadores bipartidários, incluindo Dick Durbin e Chuck Grassley, escreveu no mês passado sobre sua preocupação de que os vistos permitissem a exploração de mão de obra e encorajassem o tráfico de pessoas e a servidão por dívida devido a cotas relacionadas a vistos. Os custos combinados de viagem e pagamento de vistos podem chegar a milhares de dólares.

*Com reportagem da Associated Press