Protestos no Chile deixam 2 mortos e 700 presos; Exército patrulha ruas
Resumo da notícia
- Apesar do toque de recolher, protestos continuaram durante a madrugada em Santiago
- Na capital, quase 10.000 soldados patrulham as ruas
- Pelo menos duas pessoas morreram e 700 foram presas em meio aos protestos
- Manifestações começaram contra a alta das tarifas de metrô em Santiago
- Mas logo se espalharam pelo país e passaram a contestar as políticas do governo
- Estudantes convocaram novos protestos para amanhã
Pelo menos duas pessoas morreram e 700 foram presas em meio à onda de protestos no Chile, a mais grave no país desde o retorno da democracia, em 1990.
As vítimas são duas mulheres, cujos corpos foram encontrados carbonizados dentro de um supermercado, que foi saqueado e incendiado, na região de Santiago. Inicialmente, autoridades haviam falado em três vítimas, mas o número foi corrigido.
Nesta tarde, policiais e manifestantes entraram em confronto na praça Baquedano, conhecida como praça Italia, em Santiago. O Exército decretou um novo toque de recolher para a cidade, que valerá das 19h de hoje até as 6h de amanhã. Em Valparaíso, a medida valerá a partir das 20h até as 6h de amanhã.
Universidades e escolas suspenderam as aulas na segunda-feira, mas os estudantes convocaram um novo dia de protestos.
Soldados nas ruas
Na capital chilena, quase 10 mil soldados do Exército patrulham as ruas por ordem do presidente chileno, Sebastián Piñera, que decretou estado de emergência e toque de recolher. O cenário se estende para regiões como Valparaíso e Concepción, onde o controle da situação também foi passado aos militares.
Os soldados atuam principalmente para tentar controlar pontos estratégicos, como centrais de abastecimento de água, eletricidade e cada uma das 136 estações de metrô, que são alguns dos alvos mais visados pelos manifestantes.
Começou por aumento da passagem
As manifestações, que começaram há cerca de uma semana contra o aumento no preço das passagens na capital, se espalharam pelo país e passaram a contestar as políticas do governo Piñera. O governo suspendeu o aumento da passagem, mas ainda não está claro se isso será suficiente para dar fim aos protestos.
Aos gritos de "basta de abusos" e com o lema que dominou as redes sociais "ChileAcordou", manifestantes criticam o modelo econômico do país, com acesso à saúde e à educação praticamente privado, elevada desigualdade social, aposentadorias baixas e alta do preço dos serviços básicos. A manifestação não tem um líder definido nem uma lista precisa de exigências.
Na sexta e no sábado, auge das manifestações, as forças de segurança foram esmagadas pela multidão. Houve destruição em pontos diversos da capital, com incêndios em estações de metrô e inúmeros saques em lojas, supermercados, bancos e hotéis. Em Santiago, o centro virou um cenário de destruição: semáforos no chão, ônibus queimados, lojas saqueadas e destroços pelas ruas.
Mortes e protestos durante a madrugada
Apesar do toque de recolher, os distúrbios prosseguiram durante a madrugada de sábado para domingo em Santiago, Valparaíso e Concepción.
Na comuna de San Bernardo, região próxima a Santiago, duas pessoas morreram em um grande incêndio após o saque de um supermercado da rede Líder. Inicialmente, as autoridades haviam falado em três mortos, número que foi corrigido pelo ministro do Interior, Andrés Chadwick.
Os manifestantes também atacaram ônibus e estações do metrô. De acordo com o governo, 78 estações foram atingidas e algumas ficaram completamente destruídas.
Durante a madrugada, duas pessoas foram feridas a tiros em um posto de patrulha militar, o que as autoridades militares disseram estar sendo investigado.
Chadwick informou que 716 pessoas foram presas em todo o país devido aos tumultos, e 244 foram detidas por violar o toque de recolher. Além disso, ele não descartou a extensão do estado de emergência —em vigor na região da capital, Valparaíso, Bío Bío, Coquimbo e O'Higgins— para outras regiões, se necessário.
Cidade paralisada e desolada
Os supermercados e shoppings anunciaram que permaneceriam fechados neste domingo para evitar saques. O metrô está paralisado e quase não circulam ônibus pela cidade.
Os táxis e os carros que são chamados por aplicativos para celulares —com tarifas muito acima do normal— eram praticamente a única forma de deslocamento na cidade de sete milhões de habitantes, que passou por dois dias de violência extrema.
"Estamos vivendo elevadíssimos níveis de delinquência e saques", afirmou Alberto Espina, ministro da Defesa.
(Com agências de notícias)
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