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Militantes pró-Guaidó anunciam saída voluntária da embaixada venezuelana

Grupo de simpatizantes de Juan Guaidó, o autoproclamado presidente da Venezuela, dentro da embaixada da Venezuela em Brasília  - MATHEUS W ALVES/FUTURA PRESS//ESTADÃO CONTEÚDO
Grupo de simpatizantes de Juan Guaidó, o autoproclamado presidente da Venezuela, dentro da embaixada da Venezuela em Brasília Imagem: MATHEUS W ALVES/FUTURA PRESS//ESTADÃO CONTEÚDO

Eduardo Militão e Constança Rezende

Do UOL, em Brasília*

13/11/2019 17h43Atualizada em 13/11/2019 19h50

Resumo da notícia

  • Manifestantes pró-Guaidó tentaram se instalar na embaixada da Venezuela em Brasília hoje
  • Brasil o reconhece como presidente venezuelano, mas embaixada é conduzida por leais a Maduro
  • Nesta tarde, os manifestantes decidiram sair pacificamente do prédio

No fim desta tarde, apoiadores de Juan Guaidó, reconhecido pelo Brasil como presidente da Venezuela, aceitaram se retirar "de forma voluntária" da embaixada do país em Brasília.

A informação foi confirmada pelo secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres.

A saída foi ocorrendo de forma gradual. Às 17h30, os últimos dez militantes pró-Guaidó que estavam no prédio deixaram o local por uma saída na parte do trás do prédio. Ninguém foi preso, segundo a polícia.

A medida foi adotada para evitar contato com militantes de esquerda, a favor do ditador Nicolás Maduro, que estavam na parte da frente do prédio protestando contra a presença dos opositores.

Últimos militantes pró-Guaidó deixam embaixada venezuelana

UOL Notícias

Segundo os militantes de esquerda, a polícia deverá retirar os carros dos partidários de Guaidó que ainda estão no local. O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), que acompanhou a movimentação, afirmou que os opositores de Maduro levaram um retrato de Juan Guaidó para instalar no local.

Em comunicado divulgado após a saída dos apoiadores de Guaidó, a embaixadora que se opõe a Maduro, Maria Teresa Belandria, afirmou que iniciou um processo de negociação para que possa "no menor tempo possível", ter acesso novamente à embaixada em Brasília.

A conversa com as autoridades brasileiras, disse Belandria, será conforme "os interesses [do Brasil] e nossos direitos legítimos". "Sabemos de onde vem a violência e quem a gerou. As evidências demonstram claramente quem são os responsáveis.", afirmou a embaixadora, acusando ainda o regime de Nicolás Maduro de ter "enviado grupos civis para gerar caos e confusão na sede da embaixada."

Grupo pró-Guaidó divulga vídeo de apoiadores de Maduro no local

TV Folha

Invasão ou entrada pacífica?

A equipe que trabalha em Brasília em nome de Juan Guaidó, autoproclamado presidente da Venezuela e reconhecido pelo Brasil como mandatário daquele país, afirmou hoje que acessou "com chaves" a embaixada venezuelana em Brasília. Mas comunicado emitido pelo regime de Nicolás Maduro fala em "tomada violenta" e exige reação do governo brasileiro.

O confronto expõs uma situação inusitada na embaixada da Venezuela no Brasil: oficialmente, o governo brasileiro reconhece Guaidó como presidente da Venezuela, e María Teresa Belandria Expósito como sua embaixadora. Mas a equipe que responde a Jorge Arreaza, chanceler de Maduro, segue trabalhando no local.

Versão da equipe de Guaidó

"Não há nenhuma fechadura danificada, nem violentada", dizia mensagem distribuída a jornalistas pela assessoria de María Teresa Belandria Expósito, reconhecida pelo Itamaraty como embaixadora da Venezuela no país.

Mais cedo, Expósito negou que a embaixada do país em Brasília tenha sido invadida por apoiadores do opositor de Maduro.

"Um grupo de funcionários da embaixada da Venezuela no Brasil entrou em contato conosco para nos informar que reconhecem o presidente Juan Guaidó. Eles começaram a abrir as portas e entregar voluntariamente a sede diplomática à representação legitimamente credenciada no Brasil. Essa ação foi imediatamente comunicada ao Ministério das Relações (Exteriores)", diz a nota assinada pela representante.

Chanceler de Maduro contesta versão

A versão de Expósito foi contestada pelo chanceler do governo Maduro, Jorge Arreaza.

Em comunicado divulgado nesta tarde, Arreza classifica de "mentira" a versão de que funcionários da embaixada tenham facilitado a entrada da equipe pró-Guaidó.

Ele afirmou no Twitter que a embaixada foi "invadida à força na madrugada" e cobrou o governo brasileiro a garantir a segurança de seu pessoal e de suas instalações. "Exigimos respeito à Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas", afirmou.

Grupos de lados rivais estiveram na embaixada

Um grupo de apoiadores de Maduro também foi até a embaixada. "Os dois grupos estão lá dentro, tentando encontrar uma solução pacífica", disse o tenente Zé Fonseca à entrada da sede diplomática, da Polícia Militar (PM).

O incidente ocorre no momento em que Brasília é sede da cúpula do Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

O ministro-conselheiro de Guaidó, Tomas Silva, está na embaixada. Em vídeo, ele disse que funcionários da embaixada no Brasil reconheceram Guaidó como presidente. "Estamos felizes, contentes. A dignidade volta, está conosco."

O que pensa o governo brasileiro?

O GSI (Gabinete de Segurança Institucional) disse que Bolsonaro "jamais tomou conhecimento e, muito menos, incentivou a invasão da embaixada da Venezuela por partidários" de Guaidó. O órgão diz que as forças de segurança da União e do Distrito Federal atuam para tomar "providências para que a situação se resolva pacificamente e retorne à normalidade".

Possíveis efeitos

Diplomatas brasileiros em Caracas temem reflexos da entrada de apoiadores de Guaidó. Segundo o blogueiro do UOL Jamil Chade, eles estão receosos de que a segurança no exterior possa estar comprometida. A situação ficaria pior, na avaliação dos diplomatas, caso o governo brasileiro decida apoiar o grupo ligado a Guaidó que entrou na embaixada.

O temor é motivado por uma sinalização do filho de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Como consequência, o governo de Maduro poderia expulsar diplomatas brasileiros em Caracas.

*Com informações de Luciana Amaral, do UOL em Brasília e Alex Tajra, do UOL em São Paulo