Rússia diz que liberou 1º lote da vacina contra covid-19 para civis
A Rússia afirmou hoje que começou sua primeira rodada de distribuição da vacina contra a covid-19 para a população em geral. O Ministério da Saúde do país trabalha em conjunto com os desenvolvedores para conduzir testes clínicos em larga escala, enquanto aplica a vacina em civis.
A empresa que desenvolve a Sputnik V, a Gamaleya, prevê uma campanha de vacinação em massa que dure um ano, assim que ela chegue à população.
"A primeira leva da vacina Gam-COVID-Vac (Sputnik V) passou nos testes de qualidade necessários e foi liberada para a circulação civil", comunicou o ministério, de acordo com o jornal The Moscow Times.
"Os primeiros lotes da vacina tem expectativa de serem entregues nas regiões em um futuro breve", adicionou a nota, sem detalhar uma data específica para isso.
Ontem, o ministro Mikhail Murashko disse que o primeiro lote seria pequeno. Em um primeiro momento, ele chegou a dizer que a vacina seria destinada a trabalhadores da saúde e professores.
Novo estudo
Resultados preliminares de um estudo foram publicados na sexta-feira (4) sobre a Sputnik V. A investigação foi publicada na prestigiosa revista científica britânica The Lancet e envolveu testes com 76 pessoas ao longo de 42 dias, nos dois primeiros estágios de desenvolvimento de vacina.
Os autores do estudo são do Centro Nacional de Investigação de Epidemiologia e Microbiologia (Instituto Gamaleya), que está desenvolvendo a vacina. Segundo eles, "não houve resultados adversos" da Sputnik V entre as pessoas testadas e o composto conseguiu "provocar uma resposta imunológica".
Alguns efeitos colaterais foram relatados pelos pacientes, mas nenhum deles foi considerado grave: temperatura alta (50%), dor de cabeça (42%), falta de energia (28%) e dores em juntas e músculos (24%). Os sintomas são semelhantes aos de outras vacinas do tipo.
Os pesquisadores ressaltam que é importante realizar novos testes com variedades maiores de indivíduos, inclusive com pessoas de grupos de risco.
Controvérsia
Um grupo de 19 cientistas de diversas universidades do mundo assinou uma carta aberta questionando os resultados do estudo publicado na The Lancet. Enrico Bucci, professor de biologia da Temple University nos Estados Unidos e um dos autores da carta, explicou ao jornal The Moscow Times suas ressalvas em relação ao estudo.
"Existem padrões muito estranhos nos dados. Por padrões estranhos, quero dizer que existem valores duplicados para [grupos de] pacientes diferentes... o que não pode ser", disse ao jornal.
Para Bucci é como se o resultado da pesquisa "é como se você jogasse um dado e obtivesse exatamente a mesma sequência de números várias vezes - é altamente improvável".
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