Após vitórias em Michigan e Wisconsin, atenção de Biden vai para a Geórgia
Após a divulgação da vitória de Joe Biden em Michigan e no Wisconsin, o estado da Geórgia é o mais importante a ser conquistado nesta reta final dos resultados das eleições nos Estados Unidos. Reduto conservador e republicano desde os anos 90, o estado —que conta com 16 delegados— tem uma votação apertada. Com 94% dos votos contados, Donald Trump tem 50,1% do total e Biden, 48,7%.
Se Biden vencer, a eleição chega mais perto da definição. Segundo o jornal New York Times e a rede CNN, o democrata soma 253 delegados. Para ganhar, o candidato deve somar 270 delegados.
Até o início da noite desta quarta-feira (4), Trump luta para manter o eleitorado republicano, enquanto democratas buscam pintar o território de azul depois de quase 30 anos —e comemorar a vitória no pleito.
A última vez que o estado votou em um democrata foi em 1992, na primeira eleição de Bill Clinton. Desde então, a Geórgia só escolheu republicanos: Bob Dole na segunda disputa de Bill Clinton, George W. Bush em ambos os mandatos, John McCain e Mitt Romney na disputa contra Barack Obama e Donald Trump na última eleição.
No entanto, nos últimos anos, os republicanos não foram capazes de manter o apoio de uma população cada vez mais diversificada. Mesmo nas eleições de 2016, a vitória de Trump sobre Hillary Clinton foi muito apertada: apenas cinco pontos percentuais.
Protestos antirracistas na pauta
Uma questão explorada por ambos os candidatos no estado foi a série de protestos antirracistas que explodiram em Atlanta após a morte de George Floyd. A capital da Geórgia assistiu a dias seguidos de manifestações, ora pacíficas, ora com truculência policial. O tema racial foi utilizado por Joe Biden para prometer uma reforma na polícia norte-americana, enquanto Trump usou a violência dos protestos para amedrontar a população.
Os negros são cerca 32,6% da população da Geórgia e 32% dos eleitores registrados. Mais de 1 milhão de negros no estado votaram neste ano, contra pouco de 700 mil em 2016.
O comparecimento eleitoral era de quase 4 milhões de pessoas antes do dia 3, o que mostrou um forte engajamento no estado.
Porém, para vencer no estado, os democratas precisam cumprir uma regra chamada 30-30, ou seja, conquistar 30% do eleitorado negro, mas também 30% do eleitorado branco. Apenas o comparecimento da população negra não seria suficiente.
Campanha intensificada
Olhando para essa margem apertada e seus valiosos delegados, ambos os candidatos fizeram uma campanha massiva no estado na última semana. A vice democrata Kamala Harris visitou o local no último domingo (1º), poucos dias depois do próprio Biden, na intenção de conquistar justamente o eleitorado negro, latino e as mulheres.
Trump também realizou um comício no final de semana. Até mesmo o ex-presidente Barack Obama liderou um evento na segunda-feira (2) na capital Atlanta em apoio a Biden. Os democratas conseguiram levar a capital e os subúrbios.
Para Trump, ganhar na Geórgia é quase uma obrigação na corrida pelos 270 delegados. Assim como foi a disputa na Flórida, se o republicano levar a Geórgia, ele poderá respirar mais aliviado na corrida. Já para Biden, a vitória no estado significa um passo ainda maior rumo à Presidência.
Outros estados
O atual presidente conseguiu vencer na Flórida, mas não de forma tranquila. Outro estado importante para o republicano é a Carolina do Norte, onde ainda lidera, segundo projeções do jornal americano The New York Times.
Biden, no entanto, pode levar a melhor se vencer nos estados onde lidera até o momento: Arizona e Nevada. Somados com o Michigan e Wisconsin, esses estados poderão dar ao democrata os delegados necessários independemente do resultado na Pensilvânia.
Com seus 20 delegados, a Pensilvânia é o maior motivo de atrito entre os candidatos. A previsão de resultados no estado é de sexta-feira (6) devido aos votos pelo correio. Trump, no entanto, defende que os votos que chegarem após o dia 3 não sejam contabilizados, o que poderia lhe beneficiar. Mas, com os votos por correio, uma virada democrata é mais provável. Trump já sinalizou que não irá reconhecer esse resultado.
Os Estados Unidos não têm um órgão oficial que divulga, em tempo real, os resultados das urnas, como o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no Brasil. Por isso, as agências de notícias e veículos de comunicação como AFP, AP e Fox fazem extrapolações estatísticas e apontam os vencedores por estado. A AFP chegou a considerar definida a apuração do Arizona — e Joe Biden somava mais 11 votos até a manhã desta quinta-feira (5). A contagem de votos continua no estado.
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