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Trump pressiona vice, Mike Pence, para não oficializar vitória de Biden

4.jan.2021 - O presidente dos EUA, Donald Trump, durante um comício em apoio candidatos republicanos na eleição para o Senado em Dalton, na Geórgia - Mandel Ngan/AFP
4.jan.2021 - O presidente dos EUA, Donald Trump, durante um comício em apoio candidatos republicanos na eleição para o Senado em Dalton, na Geórgia Imagem: Mandel Ngan/AFP

Do UOL, em São Paulo*

05/01/2021 07h37Atualizada em 05/01/2021 14h01

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ontem durante um comício na Geórgia que "não gostará tanto" de Mike Pence caso o atual vice-presidente declare o democrata Joe Biden vencedor das eleições presidenciais em sessão no Congresso.

Pence presidirá a sessão que será realizada amanhã, mas a sua função é meramente protocolar. O encontro certificará formalmente a votação do Colégio Eleitoral em favor de Biden (306 contra 232).

"Tenho que dizer a vocês: espero que nosso grande vice-presidente, nosso grande vice-presidente, apareça para nós. Ele é um cara ótimo. Se ele não fizer, eu não gostarei dele tanto. Não, Mike é um cara legal", disse Trump.

Mais tarde, no Twitter, Trump voltou a pressionar Pence, dizendo que o vice-presidente tem o poder de "rejeitar escolhas fraudulentas".

O resultado dessa obrigação constitucional, que costuma ser uma mera formalidade, não está em dúvida, mas a resistência de Trump, que se nega a aceitar o resultado das urnas dará a esse dia um tom especial.

Muitos congressistas prometeram expressar suas objeções e fazer ecoar as acusações de fraude. Dezenas de executivos americanos, por sua vez, pediram em carta endereçada ao Congresso que certifique Biden como novo presidente: "É hora de o país avançar."

Eleições no Senado

Trump está na Geórgia para fazer campanha para candidatos republicanos na eleição de hoje para o Senado, que terá um impacto decisivo para o governo do presidente eleito democrata Joe Biden.

O estado do sul do país não elege um democrata para o Senado há 20 anos. Mas se Raphael Warnock, pastor afro-americano de 51 anos, e Jon Ossoff, produtor audiovisual de 33, conseguirem essa façanha, darão ao partido o controle da Câmara Alta, além da Câmara dos Representantes, de maioria democrata.

Se isso acontecer, o Senado ficaria com 50 cadeiras para cada força, motivo pelo qual a futura vice-presidente, Kamala Harris, teria o voto decisivo, fazendo com que a balança pendesse para o seu lado nessa câmara, atualmente de maioria republicana.

"Vamos lutar como nunca"

Ainda sem admitir a derrota dois meses após a eleição, Trump voltou a dizer que lutará por uma reviravolta, apesar de auditorias, recontagens e várias decisões judiciais indicarem que não houve fraude.

"É impossível que eu tenha perdido na Geórgia", repetiu o presidente. "Não vão tomar esta Casa Branca", disse para os democratas. "Vamos lutar como nunca!".

O comício na Geórgia foi realizado um dia depois do jornal Washington Post ter divulgado uma surpreendente gravação de uma ligação do presidente a um funcionário responsável por supervisionar as eleições neste estado.

Repetindo suas acusações de fraude, sem provas, Trump disse ao secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, que a eleição foi "roubada". Ele pediu ao funcionário que "encontrasse" as cédulas necessárias para anular sua derrota neste estado-chave.

Apesar das ameaças veladas, o funcionário, um republicano, não cedeu. "Achamos que nossos números são bons", respondeu Raffensperger ao presidente em final de mandato.

*Com informações das agências AFP e Reuters.